Alta de alimentos vai frear crescimento de emergentes na Ásia

Leia em 3min 10s

Os preços mundiais dos alimentos, em alta de 30% nos dois primeiros meses do ano, ameaçam empurrar milhões de asiáticos para a pobreza extrema e reduzir o crescimento econômico, alertou o Banco de Desenvolvimento Asiático (ADB, na sigla em inglês).

 

O aumento dos preços traduziu-se em inflação média de 10% nos alimentos de muitos países asiáticos, o que poderia levar 64 milhões de pessoas à pobreza, segundo relatório do banco. A alta corroerá ainda mais o padrão de vida das famílias que já vivem na pobreza.

 

Os preços dos alimentos vêm sendo puxados pela alta do petróleo, escassez de produção por problemas climáticos e restrições às exportações, aplicadas por vários países produtores de alimentos.

 

Se os altos preços de alimentos e petróleo persistirem pelo resto do ano, isso pode cortar até 1,5 ponto porcentual do crescimento econômico dos países em desenvolvimento asiáticos, diz o ADB.

 

Alguns países serão atingidos mais duramente. Cingapura é mais vulnerável à inflação, porque a pequena cidade-Estado importa todos os alimentos que consome. Já a Coreia do Sul, onde os alimentos representam uma parte menor do índice de preços ao consumidor, será menos afetada.

 

O aumento no custo dos alimentos é um sério golpe para a região, que se recuperou velozmente da crise econômica mundial.

 

O declínio nos estoques de grãos, o aumento na demanda dos países asiáticos com grandes populações que vêm ficando mais ricas e a diminuição das áreas de cultivo continuarão mantendo os preços altos no curto prazo.

 

Também terão impacto a concorrência representada pelo uso de grãos para produzir biocombustíveis e o rendimento estagnado ou em queda das colheitas. A seca no principal área de trigo da China e as enchentes em regiões produtoras de arroz na Ásia reduziram a oferta dessas produtos.

 

O economista-chefe do ADB, Changyong Rhee, pediu que sejam evitadas proibições às exportações de alimentos e outras medidas de curto prazo. Em vez disso, defendeu mais gastos para melhorar a produtividade agrícola e mais investimento para aperfeiçoar a irrigação, armazenagem de alimentos e obras de infraestrutura.

 

"A crise alimentícia, se não controlada, corroerá gravemente os recentes ganhos na redução da pobreza obtidos na Ásia", diz o ADB.

 

As famílias pobres na Ásia são atingidas muito mais fortemente pela inflação dos alimentos porque gastam até 60% da renda em comida, proporção bem maior que nos países desenvolvidos. Os países em desenvolvimento da Ásia possuem quase 70% da população pobre mundial - cerca de 600 milhões de pessoas -, que vive com US$ 1,25 ou menos por dia.

 

Em contraste, a população dos EUA e outros países ricos gastam cerca de 15% de sua renda em alimentos, o que reduz o impacto do aumento dos alimentos. Além disso, grande parte da comida vendida nos países ricos é processada, de forma que os custos de produção industrial representam uma proporção maior do preço final.

 

Em fevereiro, os preços mundiais dos alimentos subiram 34,2% em comparação ao mesmo mês de 2010, após a elevação de 28,4% registrada em janeiro, de acordo com o índice referencial da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO). Os preços de cereais, óleo comestível e carne puxaram a alta do indicador.

 

A FAO advertiu que 29 países da África, Ásia, Oriente Médio e da América Latina e Caribe precisarão de assistência alimentícia. Afeganistão e Paquistão estão entre os países que se deparam com graves problemas de falta de alimentos, em parte, por fatores como descontentamento social e conflitos étnicos. Camboja e Laos também enfrentam perspectivas desfavoráveis para suas plantações, pela irregularidade e atraso nas chuvas.

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Alta da inflação e do juro faz população cortar gastos

De acordo com a Paraná Pesquisas, 58% dos curitibanos já reduziram despesas, riscando itens do orça...

Veja mais
Inflação é o maior desafio da presidente Dilma Rousseff

Nada do que o governo fez até o momento foi suficiente para salvar as expectativas de inflação do p...

Veja mais
IOF sobre empréstimos mais longos afetam dívida externa

A dívida externa do País atingiu US$ 279,2 bilhões em março, com o incremento de US$ 22,4 bi...

Veja mais
Alimentos recuam enquanto construção pressiona inflação

O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) mostrou desaceleração em quatro das sete ...

Veja mais
Preços ao consumidor recuam para 0,80% na prévia de abril

A principal contribuição para a taxa menor de inflação registrada pelo Índice de Pre&...

Veja mais
Inflação preocupa a presidente

POLÍTICA MONETÁRIA - Dilma Rousseff afirma que não haverá, em hipótese alguma, desmob...

Veja mais
Cesta básica vai a R$ 314 na Capital

Em consonância com os valores de março da cesta básica do Grande ABC, o grupo de alimentos na Capita...

Veja mais
Cesta com itens da Páscoa fica 3% mais barata

A cesta de Páscoa está 3% mais barata em relação à mesma data no ano passado. Compost...

Veja mais
No primeiro degrau da classe média, a C2 busca preço baixo e promoções

Comportamento: Grupo emergiu da classe D e agora ocupa 8,6 milhões de lares no país   Dentro da cl...

Veja mais