Restrição a carne não deve afetar preços nos mercados

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A decisão do Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart em suspender as compras de carne e couro de fazendas e frigoríficos denunciados pelo Ministério Público do Estado do Pará envolvidos no desmatamento da Amazônia não deverá trazer grandes alterações no mercado de carne bovina e do boi gordo. Isso porque a carne proveniente da região envolvida na ação do Ministério Público é utilizada para abastecer o Nordeste e não os grandes centros consumidores do Sudeste, ou seja, os volumes envolvidos são relativamente baixos perto das compras gerais das três redes supermercadistas.

 

As três maiores redes de supermercados do País anunciaram esta decisão na última sexta-feira com base em um relatório da Organização não-Governamental (ONG) Greenpeace, que no início do mês informou que carne e couro produzidos em áreas de desmatamento ilegal estão sendo vendidos por indústrias brasileiras. O estudo também motivou ação civil pública do Ministério Público Federal do Pará, que recomendou às grandes redes de supermercados e outros 72 compradores de produtos bovinos para que deixem de comprar carne proveniente da destruição da floresta.

 

Segundo analistas, o controle sobre a movimentação de carne no mercado interno não é dos mais rigorosos. "É bastante comum a venda do chamado boi casado entre frigoríficos. Na prática, uma empresa de Mato Grosso poderia comprar um traseiro ou dianteiro bovino de outra que esteja no Pará e que abateu os animais. O frigorífico de Mato Grosso desossaria essa carne e a venderia para o supermercado sem a guia de trânsito, afinal, não houve trânsito de animais e sim de cortes", afirma Marcelo Gumiero, analista da Coinvalores.

 

Auditoria. Na nota conjunta enviada pelas três redes, umas das medidas que passará a ser cobrada é exatamente a Guia de Trânsito Animal (GTA), que pode facilmente ser driblada pelos frigoríficos. "A posição definida pelas empresas inclui notificar os frigoríficos, suspender compras das fazendas denunciadas pelo Ministério Público do Estado do Pará e exigir dos frigoríficos as Guias de Trânsito Animal anexadas às Notas Fiscais", informa a nota.

 

Uma medida adicional anunciada pelos supermercados e que também deverá ter pouco efeito é a cobrança de uma auditoria dos frigoríficos. Atualmente, o Ministério da Agricultura já faz uma criteriosa avaliação individual das fazendas que podem fornecer animais para os frigoríficos que exportam para a União Europeia (UE). Essas fazendas são classificadas como Estabelecimentos Rurais Aprovados Sisbov (Eras) e atualmente são 1.019 propriedades nessa condição.

 

No entanto, a diferença, está no preço pago pela carne. Enquanto a Europa paga US$ 9.000,00 pela tonelada de carne dentro dessas condições, o preço médio do comércio no atacado nacional é de aproximadamente US$ 2.500,00 a tonelada. "Não creio que os supermercados irão pagar tanto a mais pela auditoria para abastecer uma região onde as pessoas têm menor poder aquisitivo. De qualquer forma, vamos esperar para ver o que acontece", afirma Gumiero.

 

Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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