Marfrig cessa operações em Alegrete

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Parada desde o início do mês para férias coletivas, unidade não deve voltar a funcionar nos próximos meses

 



O Marfrig pretende dispensar, em 4 de fevereiro, mais de 650 empregados que trabalham na planta de Alegrete, segundo o Sindicato da Alimentação da cidade, informado da decisão na terça-feira. Os empregados estão em férias coletivas desde 5 de janeiro (até 3 de fevereiro) e não foram oficialmente comunicados, destaca o presidente da entidade, Marcos Rosse. “Vamos tentar evitar que isso se concretize. Para nós, não faz sentido”, diz.

Prevista desde setembro do ano passado, a interrupção da unidade já teria se concretizado no segundo semestre de 2014 se não fossem as negociações entre o sindicato, a empresa e o poder público, lembra Rosse. E é justamente por conta das discussões que o dirigente critica a decisão anunciada nesta semana. “Todos se empenharam para fazer com que as operações continuassem”, lamenta, reforçando que o sindicato irá buscar junto aos governos federal e estadual quais foram os incentivos e empréstimos concedidos ao grupo. “Se a empresa foi beneficiada, ela tem uma responsabilidade social em manter esses empregos.”

Desde meados do ano passado, o Marfrig estuda mecanismos para melhorar os resultados da fábrica de Alegrete e mesmo reconhecendo o engajamento do governo do Estado, da prefeitura e dos sindicatos, alega, por nota, que “apesar de vários esforços, não conseguimos transformar o modelo do negócio da unidade. A planta permanece deficitária e sem perspectivas de mudança no curto e médio prazo, considerando as atuais variáveis de mercado”.

Mesmo interrompendo as operações da planta, momentaneamente, o Marfrig vai manter o aluguel do espaço, pelo qual, segundo o sindicato, paga mensalmente R$ 100 mil. Fontes internas do Marfrig afirmam que a empresa continuará buscando viabilidade financeira para a unidade, que pode voltar a operar futuramente. É pouco provável, no entanto, que o retorno das operações aconteça antes de setembro deste ano. Para Rosse, a situação revela que a empresa tenta evitar o ingresso de outro concorrente no mercado, embora reconheça que a planta industrial requer um grande volume de abatimentos, acima de 550/dia, para não operar no prejuízo.

O grupo Marfrig, que havia se reunido com o sindicato na terça-feira, solicitou uma nova reunião para hoje. “Eu não confirmei. Pretendo agendar para o início da próxima semana”, alega Rosse. O sindicato vai avaliar junto ao departamento jurídico quais são as ações possíveis para reverter a situação e também recorrerá ao Ministério Público e ao Ministério Público do Trabalho. A procuradora do Trabalho em Uruguaiana Fernanda Arruda Dutra está acompanhando o assunto e só deve agir caso o sindicato dos trabalhadores faça o acionamento. Em 2014, o órgão recebeu denúncia após a ameaça de fechamento da unidade, mas como a empresa recou, não chegou a tomar medidas.

Segundo nota, o Marfrig pretende concentrar as suas operações no Rio Grande do Sul nas plantas de Bagé, São Gabriel e Hulha Negra. De acordo com proposição enviada ao sindicato, a empresa prevê paralisar as atividades no dia 4 de fevereiro, mas informa que abrirá até 150 oportunidades de transferência para a unidade de São Gabriel – os trabalhadores que aceitarem receberão ajuda de custo equivalente a um salário e pagamento das despesas com a mudança, além do custeio de um mês de hotel em São Gabriel. Os demais trabalhadores terão os contratos de trabalho rescindidos e receberão, além das verbas trabalhistas, dois meses de vale alimentação (o valor do benefício é de R$ 150,00 por mês, segundo o sindicato).



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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