Maioria dos produtores que utilizaram a semente não plantou área de refúgio

O plantio da área de refúgio, que ainda é muito pouco adotada pelos agricultores, é uma das formas mais eficazes de evitar a perda da tecnologia das sementes de milho Bt, que é resistente aos principais insetos que acometem a cultura. Na última safra, o índice de produtores que utilizou a semente Bt e plantou a área de refúgio foi de apenas 20%.

O principal efeito causado pela não adoção da área é a seleção de insetos resistentes e a redução da eficiência da tecnologia empregada nas sementes, que leva em média 10 anos para ser desenvolvida. Para preservar a tecnologia, a Monsanto anunciou que irá conceder desconto de 30% na aquisição de semente de milho para área de refúgio.

Em Minas Gerais e demais regiões produtoras de milho existem relatos de que as pragas, principalmente lagartas, que deveriam ser eliminadas com a tecnologia estão infestando a lavoura do cereal, causando perdas.

O milho Bt é obtido por meio da transformação genética de plantas de milho com genes da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), fazendo com que a planta produza proteínas tóxicas para algumas espécies de insetos. A tecnologia, desenvolvida nos Estados Unidos, é altamente utilizada no Brasil devido, até então, a sua eficácia. No país, as sementes Bt são usadas há cerca de cinco anos, representando 80% das sementes de milho comercializadas.

Com a possibilidade de perder a tecnologia Bt, a Monsanto, empresa desenvolvedora de tecnologias para o agronegócio, lançou a campanha "Refúgio com desconto", que oferece 30% de desconto para o agricultor na compra de sementes de milho não-Bt (convencionais ou tolerantes ao herbicida glifosato) destinadas ao plantio da área de refúgio para o milho.

Incentivo - Para o gerente de Biotecnologia Milho da Monsanto, Tederson Galvan, a iniciativa tem como objetivo contribuir para a expansão do uso do refúgio, uma das principais forma de preservar a tecnologia das sementes.

"O motivo principal da campanha é incentivar o plantio da área de refugio, já que o milho Bt trouxe muitos benefícios para a produção, como o melhor manejo da lavoura e o aumento da produtividade. Sem a adoção da área com milho não Bt pode haver, em poucos anos, o comprometimento desta tecnologia".

Para participar da campanha da Monsanto, os produtores devem reservar pelo menos 10% da área da cultura do milho para o plantio do refúgio. Por exemplo: em uma área de 100 hectares plantada com milho, 90 hectares podem ser plantadas com milho que tem a tecnologia Bt, de controle de insetos, e pelo menos 10 hectares (equivalente a 10% do total) devem ser plantados com milho convencional ou com tolerância ao herbicida glifosato, sem a tecnologia Bt.

O desconto de 30% poderá ser solicitado pelo produtor no momento da compra das sementes destinadas exclusivamente para o refúgio nos canais de vendas participantes da campanha, mediante a comprovação do total que será cultivado com sementes contendo a tecnologia Bt.

Umas das principais justificativas dos produtores para a não adoção da área de refúgio é a queda na receita, já que cerca de 10% da área cultivada com o cereal deve ser reservada. Além do espaço cultivado com sementes não Bt, ações como o monitoramento das principais pragas da lavoura, das plantas daninhas e a rotação de culturas contribuem para a preservação da tecnologia.



Veículo: Diário do Comércio - MG