Em RR, estimativa para produção de soja é a maior já registrada no estado

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Expectativa é de 20 mil hectares de plantio em 2014, porém falta chuva

A produção de soja em Roraima deve crescer em 2014. Essa é a expectativa dos produtores, que esperam que seja plantada a maior área do grão já cultivada no estado. Seriam 20 mil hectares, ultrapassando o maior índice registrado em 2005, com 15.640 mil hectares cultivados.

Segundo o produtor e também comerciante da soja em Roraima, Aluízio Nascimento, a estimativa para este ano está entre 20 a 22 mil hectares de soja, porém a falta de chuvas poderá assustar alguns produtores.

"Nossa janela ideal de plantio varia de 25 de abril a 10 de junho. Então, ainda há tempo para o plantio", informou. Ele  acrescentou que o tipo de grão usado pela maioria dos produtores no estado é o BRS Tracajá, desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Roraima. Esse tipo de soja seria bastante versátil, pois teria um crescimento determinado que possibilitaria a plantação no início ou no fim da janela [de plantio], em que o grão se adaptaria sem problemas.

"No ano passado, tivemos 12 mil hectares plantados e uma produção de 30 mil toneladas [de soja]. Para este ano, estimamos que a colheita seja em torno de 60 a 66 mil toneladas", assegurou. Ainda de acordo com Nascimento, em 2013 havia 31 produtores de soja em Roraima. Em 2014, dez novas áreas serão cultivadas, totalizando 41 produtores em atividade no estado.

De acordo com Vicente Gianluppi, pesquisador da Embrapa, Roraima tem perspectivas muito boas em relação ao plantio de soja. Mas o efeito do El Niño poderá prejudicar a lavoura. "Quando ocorre esse fenômeno, chove muito lá embaixo e pouco aqui. A maioria [produtores] costuma plantar em maio e já perdemos quase todo o mês", observou.

O presidente da Federação de Agricultura de Roraima (Faer), Almir Sá, ressaltou que é preciso ter cautela e esperar a chuva chegar para que ocorra o plantio.

"A área a ser plantada possivelmente ultrapassará os 20 mil [hectares]. Mas estamos com o problema da seca. Muita gente ainda não plantou e alguns que plantaram estão tendo dificuldades porque germina e depois morre", considerou.

Entressafra


Uma particularidade do plantio da soja em Roraima é ocorrer na entressafra do restante do Brasil. Segundo Aluzío Nascimento, apesar de a produção do grão ainda ser irrisória no estado, Roraima é o único estado com produção 100% no hemisfério Norte.

"Em comparação ao restante do país, o plantio de soja em Roraima ainda é ínfimo. Mas nos destacamos porque trabalhamos no mesmo ciclo de plantio dos Estados Unidos. Eles também plantam em maio", enfatizou.

Ele acrescentou ainda que pelo período de colheita no estado, entre setembro e outubro, não é preciso ter custos com armazenamento do grão.

"Para ganhar dinheiro com soja nos demais estados brasileiros, a colheita é realizada de fevereiro a abril, mais ou menos, e é necessário esperar até setembro ou outubro para distribuir. Isso gera um custo, com seguro e assim por diante. Então nós [em Roraima] vendemos sempre no menor preço", destacou.

Mercado


Por se tratar de um commodity agrícola, a cotação do valor da saca de soja varia de acordo com a demanda do mercado, estipulado pela bolsa de Chicago.

Segundo Nascimento, embora não haja uma previsão certa de valores, a tendência é de que os preços sejam iguais ao do ano passado ou superiores.

"Em 2013, o preço da saca em Boa Vista era de R$ 70 a R$ 72. Estimamos que o valor seja o mesmo ou até maior", comentou.

Nascimento ainda disse que o produtor de Roraima tem algumas possibilidades de venda certa. Além do mercado local, há um grupo com sede no município de Itacoatiara, no Amazonas, que também seria comprador frequente e exportaria a soja produzida no estado.

"No ano passado, vendemos praticamente todas as 30 mil toneladas produzidas no estado para um grupo da Rússia", informou.

De acordo com Gianluppi, o fato de a soja produzida em Roraima ser livre, sem transgênico, é bem vista por um nicho de mercado especial.

"Países ricos têm um nicho de mercado que pagam a mais se o produto for tradicional [livre de transgênicos]. Essa é uma característica boa do estado, também por apresentar uma produção pequena", observou.

Investimentos

Segundo Wellington do Ó, adjunto da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o plantio de soja tem um efeito benéfico para o estado.

"Quando Roraima começar a produzir soja em larga escala, cada vez vai demandando mais e mais. Haveria geração de emprego e renda. Além da movimentação com a compra de tratores e implementos agrícolas, fornecedores de adubo, calcário, inseticidas entre outros", destacou.

Segundo Nascimento, um dos motivos para investir no estado seria a incidência de luz várias horas por dia, além da logística privilegiada.

"Nós temos 12 horas de luz média/ano e chuvas bem determinadas. Também temos uma logística privilegiada, porque nós praticamente estamos a 3,4 mil quilômetros a menos de distância do frete [para Europa] de produtores de outras localidades do país", pontuou.

Estimativa

Vicente Gianluppi revelou que a expectativa é que em quatro ou cinco anos Roraima apresente uma área de cem mil hectares de plantio de soja, com cerca de cem produtores ativos.

"Estimamos mil empregos diretos e uns três mil indiretos em torno de quatro ou cinco anos, quando a soja estiver 'estabilizada' no estado. Aí, então, abriria o leque para laticínios, fábricas de ração, equipamentos, começando a irrigar a economia local", ressaltou.

Para a Embrapa, a soja está se consolidando como uma grande alternativa para o solo de Roraima e o futuro seria misturar o cultivo de soja com a integração pecuária.

"Temos pouca chuva para o cultivo de duas safras, então a alternativa seria fazer uma integração de lavoura com pecuária. A soja vai trazer logística, teremos acesso ao mercado e portos, porém só quando houver o aumento na produção", destacou.



Veículo: Portal G1


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