Farmas avançam no segmento OTC

Leia em 3min 50s

O mercado dos medicamentos que não exigem prescrição médica é o novo alvo de crescimento das farmacêuticas na América Latina, e o Brasil tem concentrado as estratégias destas empresas na região. Movimentando cerca de R$ 14 bilhões no país, as vendas do segmento dos remédios também conhecidos como MIPs (ou OTC, na sigla em inglês) nas farmácias cresceu 20% nos doze meses até fevereiro, segundo dados da consultoria especializada IMS Health. Dominado pelos antigripais, analgésicos, multivitamínicos, este mercado se consolida e tem se voltado para fusões e aquisições, com as companhias buscando formas de aproveitar seu potencial de crescimento.

"As farmacêuticas estão querendo ampliar sua presença em medicamentos isentos de prescrição, pois o segmento está em uma fase em que cresce o tamanho da 'pizza': não somente as empresas roubam espaço umas das outras, mas o setor avança como um todo", afirmou Laís Gouveia Rosin, diretora da unidade de negócios MIPs da japonesa Takeda.

Na América Latina, os medicamentos isentos de prescrição movimentam R$ 27 bilhões e têm alavancado o crescimento de seis das dez maiores empresas da indústria farmacêutica atuantes na região. Na Sanofi, EMS, Pfizer, Bayer, MSD e na Roemmers os MIPs crescem mais do que o de medicamentos de referência, que exigem prescrição médica do consumidor na hora da compra na farmácia. O aumento da renda da população e o maior conhecimento sobre os produtos são fatores que guiam estes números.

Na região, o Brasil se destaca não somente por já representar quase metade de todas as vendas da América Latina, mas pelo potencial de crescimento. A Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) estima alta de 12% para o segmento neste ano.

Dos dez medicamentos líderes em vendas do mercado brasileiro, quatro são isentos de prescrição. Duas marcas do ranking são da Takeda. O analgésico Neosaldina está classificado como o sexto remédio mais vendido do país, enquanto o antigripal Multigripe - fruto da aquisição do laboratório nacional Multilab em 2012 - está na nona colocação no ranking da IMS.

A unidade de MIPs da Takeda hoje representa 40% do faturamento da empresa no país. "O Brasil é o número um da companhia em MIPs, uma referências para as operações globais", explicou Laís. A área registrou R$ 812 milhões em faturamento em 2013, e hoje tem 51 produtos no portfólio.

Além do Neosaldina e do Multigrip, a empresa está investindo na promoção do Eparema (contra má digestão) e do Nebacetin (pomada contra infecções na pele), que compõem as quatro principais marcas do grupo no país. Segundo Laís, a meta do laboratório agora é trazer lançamentos para o mercado brasileiro e reforçar a marca Multigrip no Sudeste, onde o medicamento tem menor penetração, quando comparada com a das regiões sul e nordeste.

Na mesma linha, para crescer neste mercado a Sanofi estabeleceu a meta de lançar dez produtos ou novas apresentações de medicamentos por ano. Com participação de 9% no mercado brasileiro de medicamentos isentos de prescrição, a multinacional francesa tem 18 marcas no segmento. O Dorflex - contra dores musculares - é o medicamento mais vendido no país.

Com outras marcas consolidadas, como o analgésico Novalgina, o desafio da empresa agora é se expandir para áreas em que ainda não está presente, como os antigripais e as vitaminas e suplementos. "Temos sucesso no crescimento orgânico, que é nossa prioridade, mas olhamos de maneira seletiva possíveis aquisições", afirmou Fábio Barone, diretor da unidade de saúde do consumidor da Sanofi. "MIPs é um dos principais pilares de crescimento da empresa, e o Brasil é o mercado mais importante da América Latina", afirmou.

Muito dependente do conhecimento da marca, o setor exige que das empresas investimentos na exposição dos produtos nas farmácias e na divulgação com médicos.

Diante dos números positivos, fusões e aquisições também têm ficado no radar das farmacêuticas nos últimos anos. A alemã Boehringer Ingelheim afirmou recentemente ao Valor estar em busca de aquisições no Brasil para diversificar seu portfólio. No ano passado, a Reckitt Benckiser fechou acordo com a farmacêutica Bristol-Myers Squibb na América Latina e assumiu as vendas do antigripal Naldecon, da pomada para assaduras Dermodex e do antigases Luftal no mercado brasileiro. Há ainda informações de que o laboratório gaúcho Kley Hertz, fabricante do antigripal Resfenol, está se preparando para um processo de venda.

"Este mercado é pulverizado. Fusões e aquisições fazem parte deste ambiente competitivo", afirmou Marli Martins Sileci, vice-presidente executiva Abimip. Atualmente, o Brasil tem cerca de 200 empresas atuando em medicamentos isentos de prescrição.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Panificação: empresas oferecem boas oportunidades de carreira

O setor da panificação é um dos que mais cresce no Brasil. Hoje, para agradar o perfil dos consumid...

Veja mais
Extremo sul da Bahia lidera a produção de mamão no País

Com 45% da produção brasileira de mamão, a Bahia é o maior produtor da fruta no país ...

Veja mais
Genéricos mais presentes no país

Remédios que custam até metade do preço dos de marca completam 15 anos e respondem por quase 30% do...

Veja mais
Em RR, estimativa para produção de soja é a maior já registrada no estado

Expectativa é de 20 mil hectares de plantio em 2014, porém falta chuvaA produção de soja em ...

Veja mais
Fãs da Copa do Mundo esgotam TVs vendidas online em supermercado

As vendas de TVs no walmart.com.br subiram 35% desde 7 de maio, quando saiu a escalação da Seleç&at...

Veja mais
Havaianas estende sua marca às roupas

Um dos casos mais simbólicos de desenvolvimento de marca no País, a Havaianas vai mostrar a partir desta s...

Veja mais
Vinhos brasileiros ganham destaque nas prateleiras de supermercados de seis estados

  A partir deste mês 267 pontos de venda estão integrados na campanha que foca no incremento da visib...

Veja mais
Brasil é o quinto maior produtor mundial de resíduos sólidos e recicla apenas 3% do que é descartado

Do total de 63 milhões de toneladas de lixo geradas por ano no Brasil, mais de 30% têm potencial de recicla...

Veja mais
Cenário é favorável para o varejo on-line brasileiro

O comércio virtual tem se mostrado cada dia mais atrativo. Somente em 2013, o varejo eletrônico no Brasil a...

Veja mais