Empresários mudam percepção e podem investir mais em logística

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Apesar de dados do BNDES mostrarem que a demanda por crédito do setor privado deve avançar em infraestrutura, escândalo das empreiteiras tem potencial para atrapalhar essa expectativa

 

 



Especialistas afirmam que, com base em dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o setor privado deve intensificar a percepção de que investir em infraestrutura não é só de competência governamental. De acordo com estimativas do BNDES, enquanto os investimentos no setor industrial devem avançar 18,5%, para R$ 909 bilhões, no período de 2015 a 2018 comparado ao acumulado de 2010 a 2013, na infraestrutura, essa variação será de 30,8%, para R$ 598 bilhões.

"O BNDES baseia suas perspectivas nas demandas do mercado. Desta forma, este resultado demonstra que haverá foco maior em número de projetos ligados à infraestrutura", explica o professor da ESPM e consultor da Méthode, Adriano Gomes. Por outro lado, ele comenta que o escândalo entre empreiteiras - acusadas de lavagem de dinheiro e evasão de dividas e que envolve a diretoria da Petrobras, cuja investigação é conhecida como Operação Lava Jato - pode afetar essa intenção de investimentos no setor.

"O fato de a sueca Skanska ter afirmado que irá abandonar o País é algo a ser considerado. Com este cenário, o que deve ser cada vez mais evidenciado, é possível que o volume de investimentos efetivados se retraia ou a análise para liberação de crédito seja mais rigorosa, inclusive do BNDES", entende Gomes.

Ao mesmo tempo, Ana Vecchi, diretora da consultoria Vecchi Ancona Inteligência Estratégica, comenta que ainda falta preparo, até mesmo das grandes empresas, para fazer um planejamento de modo a sustentar os investimentos. "Não se atentam a questões básicas como o modo de se fazer, quem irá fazer esse direcionamento. Além de que existe um cultura de que se há algum problema, o empresário joga a culpa no governo", analisa.

Aeroespacial

O lado positivo na divulgação das perspectivas do BNDES, segundo os especialistas, é o desempenho do setor aeroespacial. Conforme o banco de fomento, os investimentos do segmento devem subir 187%, para R$ 12 bilhões, nos próximos quatro anos, comparado ao volume entre 2010 e 2013.

"Isso pode melhorar nossa pauta exportadora, além de ajudar na Formação Bruta de Capital Fixo [FBCF]. Mas ainda falta tratar o setor com mais atenção e cuidado", sugere o professor da ESPM.

Segundo o BNDES, essa expectativa de investimentos no período de 2015 a 2018 foi puxado pela necessidade de novos investimentos da Embraer, da Helibras, dos decorrentes do programa FX-2 (novo caça da Força Aérea Brasileira - FAB) e de novos projetos em fase de desenvolvimento nas empresas do setor espacial.

"A Embraer deverá fazer investimentos importantes em virtude do desenvolvimento da nova geração de jatos comerciais, chamada de E-2, da continuidade dos projetos de novos jatos executivos (Legacy 450 e 500) e da conclusão do desenvolvimento (certificação e implantação da capacidade produtiva) do cargueiro militar KC-390", disse o banco, por meio de relatório.

Especificamente na infraestrutura, o documento revela que para os próximos quatro anos, as perspectivas são de investimentos da ordem de R$ 177 bilhões nos setores de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos, com destaque para o segundo segmento.

"O setor de rodovias abarca 42% do montante previsto, justificado pelo fortalecimento das concessões federais no âmbito do Programa de Investimento em Logística. Foram concedidos até o primeiro semestre de 2014 seis trechos, estando previstos para 2015 outros cinco, notadamente na duplicação de rodovias que atendem à Região Centro-Oeste. O impacto do investimento se distribui uniformemente ao longo de todo o período analisado", explicou o BNDES.

Ao apresentar esses dados na última quarta-feira, o superintendente da Área de Pesquisas Econômicas do banco de fomento, Fernando Puga, comentou que o perfil desses investimentos nos próximos quatro anos deverá ter uma qualidade maior do que os realizados no período anterior. No geral, a estimativa é de que esses recursos aumentem 17%, para R$ 4,101 trilhões.

Sugestão

Para especialistas, contudo, o direcionamento de recursos para indústria ainda é necessário para retomar a expansão econômica nos próximos anos.

Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), de 1983 a 2013, a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) do País caiu de 25,5% para 13,1%, equivalente a 50% de perda com relação à representatividade no setor na economia brasileira.

Para reverter esse quadro, na avaliação do diretor titular do Decomtec, José Ricardo Roriz Coelho, a taxa de investimento precisa reassumir a rota de crescimento. As projeções da Fiesp, no entanto, são de que essa taxa pode cair para 17% do PIB ante 18% em 2013.

"A expectativa para o futuro é, principalmente, a volta da confiança para investir. O investimento é fundamental para ativar a economia, aumentar a produtividade", afirma Roriz, por meio de nota.



Veículo: DCI


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