Brasil virou um "mar" de oportunidades na crise

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                                                                                           É preciso, porém, pensar "fora da caixa".

No momento em que a crise político-econômica é discutida exaustivamente no Brasil e de uma forma bastante pessimista, empresários de diferentes segmentos se reuniram em Belo Horizonte para discutir negócios para além do cenário atual. Promovido pela Endeavor Minas Gerais, o Endeavor Talks reuniu professores da Fundação Dom Cabral (FDC) e especialistas do mercado que debateram as oportunidades que se desenham na crise. O evento teve o apoio do Diário do Comércio e aconteceu no dia 4.
 
O Endeavor Talks foi aberto com a palestra do professor da FDC Paulo Vicente dos Santos Alves, que fez uma análise do cenário atual a partir da teoria dos ciclos. Segundo o professor, o Brasil, assim como o restante do mundo, vive momentos de altos e baixos na economia. Mas ele frisa que, mesmo que esses cenários não sejam estáticos e mudem de repente toda a lógica da economia, eles têm características previsíveis, o que ajuda os empresários a se preparar.
 
“Toda crise tem um embrião dentro dela que é a saída da crise, assim como todo o período de crescimento tem um embrião da crise que vai vir a seguir. A lógica da teoria de ciclos é justamente essa: as coisas não ficam paradas, mas vêm por ondas”, explica. Ele afirma que o atual cenário do Brasil é fruto de um crescimento muito rápido e de forma desorganizada. Sem estrutura para suportar esse crescimento e com gastos além da conta, o País não se sustentou e agora é obrigado a fazer um ajuste à força.

“O câmbio está desvalorizando rapidamente, então o País está ficando mais barato e naturalmente o resto do mundo vai investir dinheiro aqui. É impossível dizer quando exatamente o Brasil vai se recuperar, mas eu estimo que em 2017 as coisas param de piorar, que em 2018 tenham mais uma pequena melhora e que 2019 já seja um ano decente. Se o País fizer o dever de casa tem chance de se recuperar nos próximos anos, mas se cair na tentação de consumir sem fazer o dever de casa, vai ser mais um voo de galinha”, afirma. Segundo o ele, o “dever de casa” seria eliminar as barreiras de desenvolvimento, abrir espaço para investimento estrangeiro e investir em educação.
 
Alves também destacou a importância da tecnologia nos momentos de crise. Ele lembrou que, na história da humanidade, grandes inovações surgiram em momentos de “desespero”. “Na crise, as pessoas são obrigadas a pensar fora da caixa, até porque a caixa evapora. São nesses momentos em que as pessoas pensam o impensável, pois tempos desesperados precisam de medidas desesperadas”, afirmou.
 
Para o professor, os próximos anos serão de revolução e “pouca crise” para segmentos que se dedicam a áreas como energia alternativa, novos materiais, robótica, inteligência artificial, medicina avançada e nanotecnologia.
 
Mas ele destaca que o desenvolvimento também virá em outras áreas. Ele reforça, entretanto, que o empresário que quiser transformar ameaça em oportunidade precisa estar organizado para captar o investimento estrangeiro que será atraído para o País. “Também haverá lugar para as áreas onde há uma vantagem natural, como agronegócio, ou onde o gargalo é tão ruim que elas vão receber dinheiro para resolvê-lo, como energia, educação, infraestrutura. Na verdade, o Brasil está virando um mar de oportunidades”, afirma.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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