Dívida torna o setor privado mais vulnerável

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O Brasil ocupa o primeiro lugar, entre sete países emergentes, no ranking de vulnerabilidade elaborado pela agência de classificação de risco Fitch, sobretudo porque a dívida do setor privado no País deverá ser equivalente a 93% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim de 2015. A diferença em relação à média de 71% do PIB da dívida do setor privado nos sete países focalizados dá a dimensão da vulnerabilidade brasileira.

O elevado endividamento das empresas está entre os grandes problemas da economia brasileira. Segundo a Fitch, os bancos nacionais têm sido as principais fontes de financiamento ao setor privado. Com grande expansão do crédito nos anos anteriores, as empresas instaladas no País tomaram empréstimos ou lançaram mais títulos nos mercados doméstico e internacional e se deparam com a carga pesada dos juros internos e os custos da desvalorização do real. Estes são particularmente onerosos para aquelas empresas que se endividaram em moeda estrangeira e não fizeram hedge (proteção para o caso de oscilação do câmbio).

Como é sabido, os bancos aqui vêm restringindo o crédito e adotando critérios mais rigorosos para renovar operações anteriormente contratadas, de modo a manter o índice de inadimplência sob controle. Nesse cenário, empresas mais endividadas têm procurado sobreviver vendendo ativos, admitindo novos sócios ou mesmo transferindo o controle acionário para outras companhias. Deve-se notar que a vulnerabilidade financeira das empresas instaladas no País, aliada à desvalorização do real, vem tornando a sua aquisição cada vez mais atraente para grupos estrangeiros.

Quando nem essas saídas se mostram viáveis, as empresas são levadas a recorrer à recuperação judicial e, como mostrou levantamento da Serasa Experian, os pedidos dessa natureza tiveram crescimento de 46,7% de janeiro a novembro, em comparação com o mesmo período de 2014, o pior resultado desde 2006.

A Fitch observa que as dívidas do setor privado podem migrar para a dívida soberana, ou seja, serem encampadas pelo governo para evitar default externo, mas essa é uma opção que não se configura no Brasil.

Mais preocupante, sob esse aspecto, são as estatais, lembrando-se que a dívida da Petrobrás, por exemplo, já alcançou R$ 522 bilhões. Como admitiu o presidente da estatal, Aldemir Bendine, a Petrobrás terá de vender ativos no total de US$ 40 bilhões nos próximos cinco anos para reequilibrar sua dívida.

 



Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo


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