BRF enfrenta dificuldade para abastecer redes de supermercados

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Dona das marcas Sadia e Perdigão tem instabilidade no fornecimento de produtos como presunto e pizza



Quase quatro anos após a fusão entre Sadia e Perdigão, que resultou na criação da BRF, a companhia ainda enfrenta algumas dificuldades para abastecer o varejo. A fabricante não tem conseguido manter estável a entrega de produtos como presunto, linguiça, pizza, lasanha, hambúrguer e peito de peru, segundo supermercadistas ouvidos pelo BRASIL ECONÔMICO.

Esta não é a primeira vez que a fabricante deixa de entregar seus alimentos. No Natal de 2011, alguns varejistas reclamaram que só haviam recebido 20% do total encomendado de carnes bastante procuradas na época, como peru, tender e chester, conforme reportagem publicada pelo jornal no final de novembro daquele ano.

Procurada, a BRF informou que acaba de passar por um período de forte demanda, que tradicionalmente ocorre no fim do ano por causa das festas de Natal eAno Novo. “Logo após esta época, eventualmente, podem surgir problemas pontuais de atendimento à demanda. A companhia ressalta que está trabalhando para oferecer o abastecimento integral aos clientes e, portanto, solucionar casos específicos e localizados”, afirmou em nota.

De acordo com os varejistas, as entregas dos pedidos deixaram de ser regulares desde a época da fusão. “Nos últimos meses eles têm entregado 30% a menos do que encomendamos”, afirma Antonio de Souza, gerente do Futurama, rede de supermercados com sete unidades na capital paulista. No varejista, o problema está relacionado principalmente a produtos como lasanha, hambúrguer, presunto e peito de peru. No início deste ano, o Futurama enfrentou a situação mais crítica.

Vendedores da BRF informaram que a companhia deixaria de abastecer a varejista por dez dias, período em que estaria mudando sua razão social. “Algumas notas fiscais vinham com nome Sadia. Agora é tudo BRF Brasil Foods”, diz Souza. A situação coincidiu com a mudança no logotipo da empresa. No dia 16 de janeiro deste ano, a BRF enviou um comunicado ao mercado informando que a empresa teria uma nova identidade visual a partir daquele dia: o logo mudou de cor e formato.

Outra rede supermercadista de médio porte ouvida pela reportagem informa que a BRF está com dificuldade para entregar algumas opções de pizza, presunto e linguiça. “Estes produtos costumam faltar nas gôndolas”, diz um executivo que prefere não se identificar. Já em um supermercadista de grande porte, a falta de produtos mais recente foi percebida em dezembro do ano passado. “Faltou presunto, pois nesta época de Natal, a BRF costuma priorizar os suínos para a produção de carnes natalinas. Mas a situação já voltou ao normal na nossa rede”, diz o executivo, que também pediu para não ter o nome revelado.

O Futurama não teve a mesma sorte. “É comum que a BRF produza menos presunto no final do ano. Mas já vamos entrar em fevereiro e a situação ainda não voltou ao normal”, lamenta. No terceiro trimestre do ano passado, a BRF terminou de cumprir o acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Para que a fusão entre Sadia e Perdigão fosse aprovada, a companhia teve que se desfazer de diversas marcas, entre elas Doriana, Tekitos e Fiesta. Também vendeu fábricas, centros de distribuição e abatedouros.

Comojá era previsto pela fabricante, o cumprimento do acordo impactou seus resultados no terceiro trimestre de 2012.Olucro líquido no período foi de R$ 90,9 milhões, uma queda de 75% em relação aos três meses equivalentes de 2011. O balanço anual da empresa será divulgado somente no próximo dia 4 de março. Tentativa Nos últimos meses, o mercado tem acompanhado o movimento dos acionistas da BRF para colocar Abilio Diniz, sócio do Grupo Pão de Açúcar, na presidência do conselho de administração da companhia.

A intenção de trazer o empresário para dentro de casa traz alguns inconvenientes para a BRF. “Afinal de contas, Diniz sempre teve fama de ser um cliente chato. Agora ele estará dentro da empresa a qual, por muitos anos, fez papel de sua fornecedora”, afirmaumexecutivo do segmento. “Por outro lado, ele é um empresário agressivo. O Pão de Açúcar é o maior varejista do país graças a ele”, afirma.


Veículo: Brasil Econômico


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