Tudo, menos frango e alface

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Congelados light ganham receitas mais variadas e aparência melhor, mas os sabores ainda são de dieta

 


Sem gordura, sem fritura, sem açúcar, sem sal e também sem graça alguma. Quem vive de dieta tende a se resignar com tanta restrição e acha que a vida será sempre à base de franguinho grelhado e salada de folhas.

 

Mas algumas empresas de congelados light andam colocando uma bossa no cardápio de quem quer emagrecer sem morrer de tédio. Os pratos estão mais sofisticados e com menos cara de regime: feijoada, polpettone, risoto, carnes ao funghi, tiramisù e por aí vai.

 

O investimento das empresas nesses novos pratos vem junto com um crescimento nas vendas de refeições congeladas. Uma pesquisa da Nielsen comparou os volumes (em toneladas) de pratos congelados vendidos entre 2004 e 2008 e concluiu que houve um aumento de 78,8% do consumo no Brasil.

 

Apesar da evolução na apresentação, não há milagre. O sabor e a textura de alguns pratos não negam as raízes: comida de dieta e congelada.
A feijoada da Congelados da Sônia, por exemplo, vem com uma porção de arroz que fica aguada por causa do degelo.

 

Da Keep Light, o risoto de camarão tem o arroz soltinho demais para esse tipo de prato. O polpettone da mesma empresa parecia uma almôndega, pelo pouco recheio de mozarela.
O chester da Substância fica ressecado depois de algumas voltas no micro-ondas.

 


Ingredientes magros

 

Os nutricionistas que dão consultoria às fabricantes de congelados pesquisam ingredientes para substituir os mais calóricos, quando vão adaptar as receitas ao cardápio light.

 

Em vez de fritos, os empanados vão ao forno e as gorduras das carnes da feijoada são retiradas, segundo Sônia Carpegiani, dona da Congelados da Sônia. A empresa foi aberta em 1986, com dez tipos de pratos para dieta. Hoje, são 112.
Os temperos também são fundamentais. Betina Sehve, dona da Keep Light, diz que carrega nas ervas frescas para dar sabor à comida. "Porque, na verdade, o que deixa a comida gostosa é a gordura. Fazer risoto na manteiga é uma coisa. Fazer sem é outra, né?"

 

A porção também faz diferença: é raro as quentinhas ultrapassarem as 350 g.

 

Preço salgado

 

O valor de cada refeição varia de acordo com o tipo de carne. As refeições com salmão, bacalhau e camarão são as mais caras, e custam até R$ 40. Sopas e massas simples são encontradas por menos de R$ 10 o prato.
Helena Tonetto, dona da Substância, diz que o que encarece é o congelamento e a manutenção da temperatura durante a distribuição e a entrega.

 

Em geral, o preparo dos pratos é o seguinte: depois de cozidos, eles passam por um congelamento rápido, que leva de oito minutos a uma hora. O processo, diz Helena, preserva nutrientes e sabores do alimento.
Em seguida, os pratos são armazenados em uma câmara fria, entre 20º C e 30º C negativos, até a chegada do caminhão frigorificado, que leva as refeições aos distribuidores, ou até serem entregues para consumidores, de carro ou avião. Nesse trajeto, gelo seco ou placas eutéticas (rígidas e feitas de um material que absorve o calor) garantem o congelamento.

 

Todo o processo faz a porção de 250 g de salmão ao molho cítrico da Substância, por exemplo, custar R$ 34,90, enquanto o quilo do mesmo peixe, já limpo e cortado em filés, custa R$ 38 em um supermercado da região central de São Paulo.
Mas, para a professora de química Lilian Martins, 49, que está sempre de olho na balança, a praticidade compensa o preço. "Vale a pena pelo fato de já estar na porção certa. Quando eu cozinho, acabo comendo mais do que deveria", diz ela, que mora no Rio e é cliente de congelados há mais de 15 anos.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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