LBR recorre a parceiros para manter operações

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À espera das cartas de arrematação que vão transferir definitivamente aos compradores os ativos que vendeu em agosto em leilão judicial, a LBR - Lácteos Brasil opera "com recursos bastante escassos", nas palavras de Nelson Bastos, presidente estatutário da companhia. A empresa vendeu 14 unidades produtivas isoladas (UPIs) para seis compradores dentro de seu processo de recuperação judicial, numa operação que somou R$ 533,4 milhões.

Com as cartas de arrematação, que deverão sair nas próximas semanas, uma parte desse montante será transferida para a empresa de imediato. Mas também há valores que serão pagos em parcelas futuras e compensações por dívidas anteriores da LBR com os compradores dos ativos.

Os recursos que vão entrar no caixa da LBR são suficientes, segundo a empresa, para quitar os chamados gravames - isto é, as pendências que poderiam impedir a posse dos ativos pelos compradores. Isso inclui dívidas com credores com garantia real (R$ 83,730 milhões), antecipação de arrendamentos (R$ 94 milhões), retrovenda de ativos (R$ 132,5 milhões), alienação fiduciária (R$ 139,9 milhões) e leasing (R$ 2,019 milhões). Além disso, deverão assegurar o pagamento de R$ 46,348 milhões a credores quirografários (sem garantia real) até o fim da recuperação judicial, em outubro de 2015.

Enquanto o dinheiro não chega, a LBR dribla mais este momento apertado "com parcerias com compradores [dos ativos] para resolver essa questão [a escassez de recursos]", disse Bastos, sem dar detalhes. Isso é possível porque a empresa vive um momento de transição. Os compradores - como a francesa Lactalis -, na prática, já começaram a operar as unidades que adquiriram pois obtiveram a imissão de posse provisória dos ativos adquiridos. Assim, a captação de leite que era feita pela LBR, agora está sendo transferida para as empresas que compraram os ativos.

Como já havia antecipado durante assembleia de credores que decidiu pela vendas dos ativos da LBR, no dia 21 de agosto, Nelson Bastos reafirmou que a companhia será bem menor do que é hoje quando o processo de transferência dos ativos se encerrar.

Na ocasião, a projeção era que a LBR teria três unidades em operação e receita líquida de R$ 317,7 milhões em 2015. A companhia continuará operando o consórcio que tem com as companhias Gloria e Ibituruna nas unidades de Governador Valadares (MG) e Guaratinguetá (SP). Também vai arrendar a unidade de Tapejara, adquirida pela ARC Medical Logística no leilão judicial.

A projeção de receita foi calculada com base numa captação média da ordem de 500 mil litros de leite por dia, a um preço médio no ano de R$ 1,98 pelo litro do leite longa vida. Também considera que a companhia finalmente terá o ressarcimento de um crédito liquido de PIS/Cofins de R$ 178 milhões em 2015.

Além dessas operações, a LBR também está negociando com a francesa Lactalis a terceirização da fabricação de produtos com a marca Parmalat. A marca, que era usada no Brasil sob licença pela LBR, pertence ao grupo francês. A condição para a Lactalis adquirir os ativos da LBR era recuperar o controle da marca imediatamente. Também compraram unidades da LBR, além de Lactalis e ARC, a Colorado, o Laticínios Bela Vista, a Cooperativa do Vale do Rio Doce e a Agricoop.

A recuperação judicial da LBR termina em outubro de 2015, e até essa data, "há compromissos do plano a cumprir", diz Bastos. Segundo ele, "não haverá grandes mudanças na gestão até lá", numa indicação que continuará à frente do processo até o fim.

Entre as tarefas a cumprir até o término da recuperação judicial está a realização do chamado leilão holandês - ou leilão de desconto da dívida - para os credores quirografários. Como lembra Bastos, até outubro de 2015 a LBR poderá pagar antecipadamente, com desconto de 2,5% ao mês, os credores quirografários com previsão de pagamento no PRJ até o fim de outubro de 2015.

Mas apenas parte das pendências da LBR estará resolvida até outubro de 2015. Isso porque o plano de recuperação da empresa prevê prazo até 2024, em alguns casos, para pagar credores. De acordo com Bastos, "os recursos para pagar quem tem vencimento lá na frente não dependem do fluxo de caixa" das operações que restarem da LBR.

Para pagar esses débitos, diz, será necessário monetizar créditos presumidos de PIS/Cofins, fazer o leilão holandês e vender ativos que não estavam incluídos na alienação judicial realizada em agosto deste ano. Segundo o presidente da LBR, a empresa tem cerca de R$ 500 milhoes a receber em créditos de PIS/Cofins ressarcíveis e presumidos. Tem conseguido monetizar parte do ressarcível (em forma de dinheiro e de redução de passivo fiscal).

Dentre os ativos que a LBR ainda tem e não estão operando, há oito fábricas espalhadas pelo país. Bastos não descarta recolocar alguma delas em operação se "valer a pena". No total, esses ativos que podem ser vendidos são avaliados em R$ 80 milhões.



Veículo: Valor Econômico


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