Apesar de garantir bom resultado, investimento em inovação é pequeno

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Empresas reconhecem desempenho positivo de novos produtos, mas ainda concentram maior parte do investimento em melhorias nos processos produtivos já existentes e pouco em novidade

 



O lançamento de novos produtos é uma das alternativas adotadas pelas fabricantes de alimentos e bebidas para garantir bom desempenho principalmente em períodos de desaceleração do consumo. Mas o investimento em inovação no País ainda é pequeno. De acordo com levantamento da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), de um total de R$ 11,5 bilhões investidos pelo setor em 2013, apenas R$ 920 milhões foram aplicados em pesquisa e desenvolvimento, enquanto novas fábricas receberam R$ 6,42 bilhões e marketing e distribuição ficou com R$ 2,53 bilhões.

O movimento deve ser semelhante em 2014. A M. Dias Branco, por exemplo, investiu R$ 280 milhões no acumulado deste ano, até setembro, sendo concentrado em manutenção e ampliação da capacidade produtiva. Apesar de não ter investido em inovação e novos produtos no período, a companhia avalia que a receita bruta de R$ 24,6 milhões no segmento de biscoitos se deve ao lançamento de 52 produtos nos últimos dois anos.

Já a BRF investiu R$ 1,3 bilhão entre janeiro e setembro. A processadora de alimentos continua, entretanto, a direcionar os aportes para automação, logística e sistemas de tecnologia (TI). Na opinião do diretor do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Luis Madi, se a indústria brasileira de alimentos não se preparar com investimento em pesquisa e desenvolvimento, vai perder a chance de ganhar espaço no mercado internacional nos próximos anos e a importação de alimentos processados pode aumentar.

"Nós já somos excelentes em exportação de commodities, agora precisamos investir em um setor [pesquisa e desenvolvimento] que é estratégico para o País", avalia.

Tendência

Luis Madi observa que produtividade da indústria de alimentos é menor que a média da indústria nacional.

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta, porém, que em 2013, a introdução de novos processos ficou com 5,6% dos investimentos e novos produtos com 11%, enquanto 30,6% dos recursos foram destinados a melhoria do processo produtivo atual.

Na contramão, a fabricante de bebidas Ambev investiu R$ 2,2 bilhões neste ano na construção de duas fábricas, uma em Ponta Grossa (PR) e outra Uberlândia (MG) e em inovação. A empresa anunciou um aporte de mais R$ 180 milhões para construção de um centro de inovação, no Rio de Janeiro.

De acordo com a companhia, o centro de pesquisa tem como função agilizar o processo de inovação em produtos.

Uma das bebidas produzidas pela cervejaria, a Brahma 0,0%, lançada no ano passado, ganhou 60% de participação no mercado brasileiro de cervejas não alcoólicas em 18 meses e foi citada como "êxito" pela companhia.

Percepção

De acordo com a presidente da Associação Latino Americana e do Caribe de Ciência e Tecnologia de Alimentos (ALACCTA), Glaucia Pastore, a indústria demonstra interesse em investir em inovação, mas esbarra na dificuldade de acesso a pesquisa. "Se a indústria mantiver um ritmo de aumento nos investimentos em pesquisa, em uma década veremos o resultado", avalia.

Para ela, os próximos cinco anos são muito importantes para o setor e o acesso ao conhecimento desenvolvido nas universidades será fundamental para que País avance.



Veículo: DCI


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