A Coca-Cola mergulha no álcool

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Em parceria com grupo indiano, companhia prepara a produção no Brasil de garrafas pet à base de etanol

 

A curiosa saga do “Samba em Berlim” já tem um segundo capítulo a caminho. Quase 70 anos depois do surgimento do drinque à base de Coca-Cola e cachaça - criação dos pracinhas da FEB em plena II Guerra Mundial, quando combatiam o exército alemão na Itália -, a mais famosa marca de refrigerantes mergulha de cabeça no etanol da cana-de-açúcar em terras brasileiras. O projeto em questão consiste na construção, em Piracicaba (SP), de uma fábrica de monoetileno glicol (MEG) de origem vegetal, o BioMEG, insumo utilizado na produção de garrafas pet sustentáveis. Com inauguração prevista para 2015, a unidade será a maior do planeta, com capacidade para 500 mil toneladas ao ano.

 

O investimento é estimado em R$ 1 bilhão, mas não será bancado integralmente pela Coca-Cola. A gigante norte-americana convenceu o grupo indiano JBF industries, do qual importa o BioMEG usado atualmente no Brasil, a embarcar na mesma canoa. Assim, em pouco tempo, poderá cortar despesas com fretes internacionais e expandir, a perder de vista, a linha de embalagens PlantBottle, que chegou ao mercado doméstico em 2010, poucos meses após seu lançamento mundial. Tais vasilhames, que contabilizam 30% de resina vegetal em sua composição, atendem hoje a apenas duas linhas no País: o carro-chefe da empresa, na versão com 600 ml, e a água mineral Crystal (500 ml).

 

“A produção local do BioMEG propiciará uma série de vantagens. Teremos acesso a garrafas com menor índice de matérias-primas não renováveis, com a mesma qualidade dos modelos convencionais, e ainda poderemos reduzir em 20% as emissões de CO2”, destaca Paulo Villas, gerente de embalagens da fabricante de bebidas. “Os benefícios, aliás, não serão exclusividade nossa, pois a fábrica de Piracicaba terá capacidade instalada muito superior à demanda nacional. Isso abrirá as portas para a exportação de um insumo de alto valor agregado, uma ótima notícia para a balança comercial.”

 

Além do uso de bioplásticos, outros dois itens chamam a atenção na lista de prioridades sustentáveis da empresa: a redução de peso das embalagens e o uso mais intensivo de material reciclado. A primeira meta vem sendo cumprida com louvor. Só nos últimos quatro anos, por exemplo, o frasco da água Crystal de 500ml “emagreceu” 8 gramas - de 20 para 12, um corte de 40%. “Como passou a ser produzida com menos plástico, essa garrafa pode ser amassada facilmente, perdendo até 37% do seu volume. Isso facilita, e muito, o trabalho de coleta e o transporte para as recicladoras”, assinala Villas.

 

Com relação aos insumos que retornam ao processo produtivo, o primeiro passo foi dado em 2011, quando teve início, no Rio de Janeiro e em Curitiba, a venda de vasilhames de 2,5 litros com 20% de pet reciclado. Odesafio, agora, é alargar esse leque para toda a “família” Coca-Cola até 2020, de acordo com determinação da matriz, e elevar o percentual de plástico de “segunda mão” nas embalagens, medida que só poderá ser tomada com a autorização, caso a caso, da Anvisa. “Temos uma planta-piloto no México que opera com 100% de reciclados, mas é difícil alcançar bons resultados em larga escala nesse patamar, pois o plástico tende a escurecer a qualquer descuido. Até 50% entretanto, não haveria qualquer problema”, destaca o gerente da embalagens.

 

 

Veículo: Brasil Econômico


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