Mercado cervejeiro eleva demanda por embalagens

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Os três fabricantes de latas de alumínio do país estão ampliando sua capacidade de produção. A Rexam deu a partida em abril em uma unidade no Pará. A Crown está erguendo uma fábrica em Teresina, no Piauí, e a
Latapack-Ball, que inaugurou no fim do ano passado uma fábrica em Alagoinhas, na Bahia, já anunciou que
implementará no local uma segunda linha de produção até o fim deste ano.

A capacidade de produção brasileira alcançará 25 bilhões de latas de bebidas por ano. "Teremos condições de atender com folga o aumento constante de demanda do mercado brasileiro", diz Renault de Freitas Castro, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas).

Os investimentos somam perto de R$ 1 bilhão. Ocorreram após o descasamento em 2010 entre oferta e demanda, que gerou a necessidade de importação de quase 2 bilhões de latas. Naquele ano, a indústria de bebidas foi surpreendida com um aumento de consumo e não programou as encomendas aos seus fornecedores. A demanda por lata passou de 14,5 bilhões para 16,8 bilhões de unidades e os fabricantes não estavam preparados. "Esse cenário não se repetirá na Copa do Mundo nem nas Olimpíadas", garante Castro.

Em 2012, o consumo de latas de alumínio do país cresceu 9,3% e alcançou a marca de 20,5 bilhões de unidades, respondendo por 95% do mercado de latas para bebidas, ficando 5% para a Metalic, indústria de latas de aço da CSN. Em um consumo global de 270 bilhões de latas de alumínio, o primeiro posto é americano, com 100 bilhões de latas por ano, seguido pelo Japão, com 30 bilhões e o Brasil fica no terceiro posto, mas com o mais alto índice de reciclagem mundial, acima de 98% da produção.

Para 2013, a estimativa da Abralatas é de crescimento de 7% a 8% nas encomendas. É o mercado cervejeiro que impulsiona o crescimento. Enquanto o consumidor de refrigerantes prefere as embalagens PET tamanho família, ficando as latas com apenas 8% dos envasamentos, o consumidor de cerveja tem trocado as garrafas de 600 ml pelas latas. Renault de Castro diz que, nos últimos 10 anos, as latas de alumínio ganharam um ponto percentual por ano, chegando a responder por 40% do envasamento em 2012. A expectativa na Abralatas é que esse ritmo de crescimento se mantenha nos próximos anos até alcançar a marca de 53% do mercado, patamar atual do mercado norte-americano.

Segundo Castro, são dois os fatores principais que impulsionam o crescimento da lata de alumínio no mercado cervejeiro. Um é o fortalecimento dos supermercados como canal de venda das cervejas em detrimento dos bares, até por conta da lei seca no trânsito. Nos supermercados, as latas levam vantagem sobre as garrafas de 600 ml, porque dispensam o recolhimento do vasilhame vazio, uma comodidade para o consumidor e menos trabalho ao comerciante.

O segundo é uma maior flexibilidade na oferta de latas, que há três anos eram restritas ao formato de 355 ml, mas hoje existem pelo menos sete tamanhos, indo das latinhas de 270 ml aos latões de 550 ml. Rinaldo Lopes, presidente da Crown, diz que essa flexibilização dá maior poder de escolha ao consumidor. "Acreditamos que, em 5 anos, os novos formatos responderão por 35% das vendas", diz Lopes. Hoje está na casa dos 20%.

Outra ação dos fabricantes que ajuda a impulsionar as vendas de latas é a estratégia de regionalizar a
produção, construindo fábricas próximas aos mercados onde o consumo de bebida é crescente, como o Norte e Nordeste. "Reduzimos o custo logístico e deixamos nosso produto mais atraente para os envasadores", diz Lopes.

A Crown, que chegou ao Brasil em 1996 com uma fábrica em Cabreúva (SP), desde então ergueu unidades em Ponta Grossa (PR) e Estância (SE) e de tampas em Manaus (AM). Agora constrói em Teresina (PI) fábrica com capacidade para 1 bilhão de latas por ano que deverá entrar em operação no primeiro trimestre de 2014, ampliando para 7,7 bilhões a capacidade total da companhia no Brasil.

A Rexam adota estratégia semelhante. Carlos Medeiros, presidente da empresa informa que a unidade construída no Pará foi projetada para suportar uma segunda linha de produção. "Estamos sempre atentos à necessidade do mercado e avaliamos continuamente as oportunidades de investimentos conforme a demanda", diz.



Veículo: Valor Econômico


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