Atacadistas investem para ocupar espaço

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Por Sérgio Ruck Bueno | De Pinhais (PR)

Apesar da redução da expectativa de crescimento consolidado do setor neste ano, os grandes atacadistas e distribuidores brasileiros pretendem manter os investimentos para não abrir espaço no mercado para os concorrentes. Também não querem perder oportunidades criadas pelo avanço do varejo de vizinhança, para quem fornecem mercadorias.

Os projetos envolvem novas lojas e centros de distribuição, renovação de frota e melhorias em sistemas de tecnologia. Aquisições estão fora do foco das companhias, que consideram a expansão orgânica mais eficaz diante da diversidade de modelos de negócio do atacado no país.

Na abertura da 34ª Convenção da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), em Pinhais (PR), o presidente da entidade, José do Egito Lopes Filho, disse que após um primeiro semestre mais fraco com o impacto dos feriados da Copa do Mundo, o setor deve crescer 2,5% reais (descontada a variação do IPCA) em 2014 e não 3,5% como previsto antes. Isto equivale a cerca de 9% nominais. Grupos como o Martins, JC Distribuição e Tenda, estimam números melhores.

Segundo colocado no ranking da Abad, o grupo Martins, de Minas Gerais, vai investir R$ 60 milhões em 2014, o dobro de 2013. A empresa projeta crescer 13% (nominais) relação a receita de R$ 4,4 bilhões do ano passado, para R$ 5 bilhões, diz o diretor-presidente Walter Faria. Em 2013, a empresa cresceu uma taxa maior, 15%. "Estamos investindo para o futuro e para não perder este momento histórico de crescimento das lojas de bairro", disse ele.

"O consumidor de classe média começa a comprar embalagens menores e o importante é vender com mais qualidade e rentabilidade", disse o executivo. Isto exige entregas mais rápidas para o varejo. Martins inaugurou neste ano dois novos centros de distribuição no Rio de Janeiro e no Maranhão, com um total de nove mil metros quadrados. Além disto, vai abrir outro em São Paulo, com sete mil metros em outubro, e também inaugurará um centro em Aparecida de Goiânia (GO), com 25 mil metros quadrados até maio de 2015.

A JC Distribuição, com três unidades em Goiás e atuação na região Centro-Oeste, oeste da Bahia e sul do Pará, inaugurou em janeiro um centro de distribuição com investimentos de R$ 12 milhões em Marabá (PA) A unidade aumentou em 40% a área de armazenagem da empresa, para 42 mil metros quadrados.

A JC, que em 2013 renovou 200 caminhões da frota total de 280 veículos, prevê crescimento de 12% nominais neste ano sobre o faturamento de R$ 1,04 bilhão de 2013. A estimativa anterior era de 15%, mas foi revista devido ao fraco movimento nos meses da Copa do Mundo. Costa entende que o pessimismo do mercado está tão "superdimensionado" como estava exagerado o "deslumbramento" dos últimos anos.

"O problema é que a expectativa se transforma em profecia autorrealizável", comenta. Para ele, o pessimismo pós-Copa e a incerteza sobre o que virá depois das eleições fizeram o médio varejo preservar o caixa em vez de continuar investindo. "Estamos passando por um 'freio de arrumação', mas o Brasil mudou de patamar de consumo e não volta atrás", diz. Costa também acredita que com a freada atual, o consumidor chegará ao fim do ano menos endividado e com mais apetite para as compras.

Focada no atacado de autosserviço, conhecido como "atacarejo", a Tenda, de São Paulo, encerrou 2013 com 20 lojas e vai abrir quatro unidades neste ano, no interior do Estado. Uma já foi inaugurada em Botucatu (SP) e outra será aberta em Salto (SP) na próxima semana. A terceira estará em Piracicaba (SP) e a quarta, em uma cidade não divulgada. "Não vamos pisar no freio e vamos investir em 2014 um pouco mais do que no ano passado", diz o diretor Carlos Eduardo Severini. O plano da empresa é chegar a 42 lojas até 2017.

A empresa também prevê para este ano alta de 10% a 15% sobre o faturamento de R$ 1,8 bilhão de 2013, "um pouco abaixo" da projeção inicial devido aos efeitos da Copa, diz Severini. De acordo com ele, desde o segundo semestre de 2013, com o início da alta nos preços, o consumidor passou a buscar marcas alternativas, "mas sem abrir mão da qualidade".

Para o presidente da Abad, as empresas estão mantendo os programas de investimento porque, apesar da revisão nas expectativas de faturamento, as redes estão preparadas para um cenário momentaneamente menos favorável e fizeram seus planejamentos "com os pés no chão".

A Jotujé, distribuidora de Fortaleza da qual Lopes Filho é diretor comercial, por exemplo, conclui em outubro a ampliação de seu centro de distribuição de 6,4 mil para 11,4 mil metros quadrados. "Precisamos de estrutura", diz.

A Oniz, com sede em Passo Fundo (RS) e unidades em Cachoeirinha (RS), São José dos Pinhais (PR) e Marília (SP), tinha 21 mil metros quadrados de área de armazenagem no fim de 2013. Em janeiro, abriu um centro de 4 mil metros quadrados em Mandaguaçu (PR), ao mesmo tempo em que planeja colocar um novo ponto em Santa Maria (RS).

   
Veículo: Valor Econômico




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