Mercado de eletrodomésticos só verá recuperação em 2017

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O ano de 2016 nem começou e a indústria de eletrodomésticos de linha branca já espera repetir os números fracos deste ano. Com o avanço do desemprego e o crédito mais caro e restrito, a disputa pelas vendas ficará ainda mais acirrada.

De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), a categoria registra queda de 15% na produção entre janeiro e setembro sobre um ano antes. A previsão é encerrar 2015 com perda de 17% na comparação com o ano passado.

"Queremos que essa retração não passe de 20% este ano, mas o percentual já está quase nisso", afirmou o presidente da Eletros, Lourival Kiçula.

A Mabe do Brasil, subsidiária da mexicana Mabe, espera que o mercado no próximo ano fique próximo ao de 2015.

"Teremos retração nas vendas este ano, seguindo a média do setor", declarou o diretor comercial da Mabe do Brasil, Moisés Tortoretto.

Em entrevista exclusiva ao DCI, o executivo contou que com o fim do processo de recuperação judicial, ao qual a subsidiária brasileira da Mabe se submeteu no início de 2013, a estratégia é relançar o portfólio de eletrodomésticos das marcas Continental e Dako.

"Esperamos uma retomada lenta em 2016, com a economia do País ainda em um processo de ajuste, e o setor de eletrodomésticos deve ter um desempenho em linha com esse cenário econômico", declarou ele.

Para Tortoretto, a desaceleração da demanda na linha branca, que se intensificou em 2015, começou a dar os primeiros sinais em 2012. "Naquele ano começamos a perceber uma queda nas encomendas atribuída a dois fatores: uma antecipação das compras motivada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a retração da oferta de crédito."

Concorrência

Com a renovação das linhas de produtos das duas marcas, a Mabe planeja recuperar sua participação no mercado brasileiro, no médio prazo. "Sabemos que o brasileiro está fazendo compras de forma mais racional, mas apostamos muito no ganho com a demanda natural por renovação e na oferta de produtos que representam um bom custo-benefício frente aos concorrentes", disse o diretor da Mabe.

Antes do processo de recuperação, a Mabe tinha uma fatia de 25% a 30% da categoria de fogões. Hoje, essa participação é de aproximadamente 16%. Segundo Tortoretto, em refrigeração os números ficaram praticamente estáveis e, na linha de lavadoras de roupas, a fabricante estava fora do mercado desde 2013.

"Vemos uma oportunidade de ampliar os ganhos na categoria de máquinas de lavar roupa, mas como a concorrência por preço é muito acirrada nas linhas de menor porte, estamos concentrando nossa estratégia nas linhas de 15 quilos", cita.

Ele acredita que, nesse nicho, a Mabe conseguirá melhor desempenho das vendas, com os brasileiros dispostos a gastar mais por um produto de maior capacidade. "Se o consumidor perceber que terá benefícios reais com o valor gasto, ficará mais disposto a comprar", defendeu o executivo.

A Mabe planeja, com a marca Continental, atender a demanda das classes B e C nos grandes centros urbanos. Já a marca Dako, com média de preço menor, é voltada às classes C e D, com maior participação nas cidades do interior do País.

Na avaliação de Lourival Kiçula, da Eletros, mesmo com o reforço nas ações para aquecer o setor, a retomada das vendas ainda depende de diferentes fatores. "A demanda está muito atrelada a confiança do consumidor e, neste momento, mesmo que o brasileiro tenha dinheiro para comprar, ele está segurando a aquisição pela insegurança da economia como um todo", pondera o dirigente.

Duas fabricantes globais, a Whirlpool - dona das marcas Brastemp e Consul - e a Electrolux avaliaram, recentemente, os impactos da conjuntura econômica brasileira nos resultados.

A Whirlpool destacou que a demanda foi mais fraca no terceiro trimestre deste ano. Em relatório de resultados, executivos da empresa declararam que esperam um recuo de, aproximadamente, 20% no volume comercializado no País.

As vendas brasileiras representam hoje menos de 10% dos negócios globais da Whirlpool.

A concorrente Electrolux também divulgou queda nas vendas no último trimestre no País. De acordo com relatório da fabricante de eletrodomésticos, o mercado brasileiro diminuiu significativamente em relação ao ano passado, impactado pelo ambiente macroeconômico.

"O resultado operacional [na América Latina] se deteriorou como resultado, principalmente, da queda acentuada no mercado brasileiro, mitigada em cerca medida por um melhor desempenho financeiro no Chile e Argentina", afirmou a empresa, no relatório.

O presidente-executivo da Electrolux, Keith McLoughlin, destacou que a companhia tem reduzido custos e aplicado aumentos de preço para compensar os efeitos do câmbio nos negócios da fabricante e compensar a conjuntura menos favorável às vendas. A perspectiva para o cenário macroeconômico no País, entretanto, permanece fraca.

 



Veículo: Jornal DCI


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