Lojistas preveem o pior Natal em 12 anos

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                                                             Com inflação e desemprego em alta, pessimismo toma conta do comércio.

Esqueça as árvores natalinas recheadas de presentes. O aumento do desemprego e da inflação, que corroem a renda dos trabalhadores, deve manter as lojas vazias e provocar queda do faturamento do varejo. O Natal, tido como a melhor época para vendas no comércio, deve ser marcado pela troca de lembrancinhas. Para piorar, quem está desocupado e começou a receber o seguro-desemprego entre abril e junho não terá mais um real no orçamento no fim do ano. E isso implicará atraso do pagamento das despesas e aumento do calote.

Com a renda achatada pela carestia, a tendência das pessoas que mantiverem o emprego é de gastar menos ou até mesmo deixar de presentear familiares e amigos. Como o resultado das vendas na data comemorativa se assemelha ao comportamento das negociações de mercadorias a partir de agora pelos lojistas, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima que o desempenho das lojas tenha a primeira queda desde o início da série histórica, com o pior resultado em 12 anos. O pessimismo dá o tom também da projeção da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que espera queda de 2% nos negócios no Natal.

Para o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, até o jantar de Natal será afetado. “Em vez de comprar um vinho importado, o consumidor mais cauteloso e preocupado com o bolso vai levar para a ceia um vinho nacional. Aquela bacalhoada ou demais pratos elaborados com alimentos cotados no dólar poderão não estar presentes na ceia – ou serão substituídos”, diz. Apenas uma recuperação da economia no último trimestre do ano poderia sinalizar um Natal melhor para o consumidor e os próprios lojistas, com preços menores e mais oferta de crédito, avalia Bentes.

Esse cenário, no entanto, é pouco provável, mesmo com a expectativa de desaceleração da inflação às custas da queda do nível de atividade econômica. A possibilidade de o país perder o grau de investimento das agências de classificação de risco pode provocar mais desvalorização do real frente ao dólar e pressionar ainda mais os preços. Nos últimos 2 meses, a moeda norte-americana já se valorizou 63%. “Esse quadro impede a melhora das expectativas e traz impactos aos segmentos de hiper e supermercados e de artigos de uso pessoal e doméstico, que foram dois dos que mais contrataram trabalhadores temporários no ano passado”, afirma Bentes.

Sem confiança na economia, a expectativa é de que os empresários freiem os investimentos. A compra de produtos para formação de estoques a partir deste mês será reduzida em relação ao ano passado. Com menos mercadorias para venda, Bentes acredita que as contratações de empregados no fim de ano serão inferiores às de 2014, quando foram gerados 139,5 mil empregos temporários no comércio. “Em média, com perspectiva boa ou ruim para o Natal, o faturamento cresce cerca de 35% no varejo brasileiro. Em algumas áreas, como vestuário, os ganhos dobram na passagem de novembro para dezembro. “Em um cenário de recessão, não tem como comprar para estocar, até porque os fabricantes produzirão menos. Será, sem sombra de dúvidas, um Natal em que os lojistas demandarão menos das indústrias, contratarão menos e venderão menos”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

Nas contas da Tendências Consultoria, o poder de compra dos trabalhadores recuará entre 7% e 8% em 2015, e uma nova retração deve ocorrer no próximo ano. Para piorar a situação, quando excluídos os gastos com despesas essenciais – com alimentos, luz e água –, a queda chegará a 11% ou 12%. O economista da Tendências Rodrigo Baggi detalha que, além da queda na renda, os trabalhadores sem emprego passaram a atrasar o pagamento de despesas. Sem salários, as faturas de energia, de telefonia e de saneamento básico não vêm sendo pagas.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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