Custos inviabilizam lojas em shoppings

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                       Segundo a entidade, condomínios e aluguéis altos e cenário desfavorável têm tornado negócios insustentáveis.

A situação econômica desfavorável, os custos elevados - principalmente com condomínios e aluguéis - e a queda nas vendas têm tornado os negócios dos lojistas instalados nos shoppings em Minas Gerais insustentáveis, o que vem provocado, inclusive, o fechamento de lojas. De acordo com a Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping-MG), os empresários estão negociando junto aos administradores dos empreendimentos a redução dos aluguéis e maior transparência e eficiência na prestação de contas dos condomínios, porém, até o momento, não houve mudanças concretas.

Conforme o superintendente da AloShopping-MG, Alexandre Dolabella França, a situação precisa ser modificada. Segundo ele, os custos com aluguéis e condomínios nos shoppings não devem ultrapassar 10% da receita gerada pelas lojas instaladas, porém, na grande maioria das vezes, a percentagem chega a 30% da receita, o que limita a margem dos lojistas.

"Estamos muito preocupados com a situação, que foi agravada pelo atual cenário econômico, e esperamos que os empreendedores consigam renegociar os contratos. Sabemos que os shoppings são operações que vieram para ficar e oferecem uma série de benefícios, mas é preciso que os custos estejam de acordo com a realidade econômica atual para que o lojista possa superar o atual momento e ser sustentável nos negócios. Hoje, o comerciante não sobrevive com os custos impostos pelos shoppings", ressalta França.

A forma de cobrança também é questionada pelo representante da AloShopping. Apesar do tamanho e da localização próxima, os custos de cada loja são definidos conforme o mix trabalhado, o que onera alguns lojistas. A não cobrança do aluguel das lojas âncoras também é outro fator questionado, já que o custo é repassado para os estabelecimentos satélites.

Transparência - A transparência na prestação de contas em relação aos valores dos condomínios é outro desafio a ser superado pelos lojistas. Segundo França, apesar de ser um direito, a maioria dos shoppings não detalha os gastos.

"Estamos em conversa constante com os empreendedores em busca de negociação. O lojista é um locatário sendo responsável pelo pagamento do condomínio, por isso, esperamos maior transparência na prestação de contas. Isso é fundamental e ajuda a identificar onde é possível reduzir custos e ter mais eficiência na gestão. No momento atual, de alta na tarifica de energia elétrica, por exemplo, o esforço conjunto é fundamental", avalia.

Ainda segundo França, a crise econômica tem impactado fortemente o setor varejista. De janeiro a julho, as vendas das lojas localizadas nos shoppings caíram 4% em média frente a igual período do ano anterior. A alta da inflação, o aumento dos juros, do desemprego e a redução do poder de compra dos consumidores são os fatores que impactaram as vendas.

"Uma das conseqüências da queda das vendas e dos custos elevados para manter a lojas nos shoppings é o fechamento de alguns negócios. Em vários malls do Estado a vacância é crescente. A menor ocupação também causa prejuízos aos lojistas, já que os custos são repassados. Enquanto isso, o lucro dos empreendedores dos shoppings, que têm capital aberto, vem crescendo ao longo dos últimos anos", enfatiza.

Otimismo - O superintendente da AloShopping-MG, Alexandre Dolabella França, acredita que a tendência é de que o desempenho das vendas seja positivo neste restante de ano, principalmente devido ao período festivo. "O segundo semestre, historicamente, é melhor que o primeiro, por isso estamos apostando em bons resultados neste período".

França ressalta ainda que este semestre concentra importantes datas como os dias dos Pais e das Crianças e, principalmente, o Natal. "Os lojistas devem se preparar para atender a demanda, oferecendo promoções e realizando uma gestão eficiente das vendas, financeira e administrativa", orienta.

Reajustes ficam abaixo da taxa de inflação

A pesquisa Indicador de Custos Condominial de Shopping Center, elaborada pela Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (AloShopping-MG), mostrou que as taxas de condomínio praticadas nos principais centros de compras da Região Metropolitana de Belo Horizonte apresentaram reajustes inferiores ao índice acumulado de inflação nos últimos 12 meses, entre julho de 2014 a junho de 2015, medido, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 8,89%.

Contudo, na pesquisa publicada anteriormente, que analisou o período de cinco anos (setembro de 2009 a setembro de 2014), observou-se um movimento significativo e crescente de reajustes bem acima da inflação, medida pelo IPCA, dos anos em questão, chegando ao patamar de até 71,1 pontos percentuais acima da inflação acumulada no período.

De acordo com o levantamento, dos 11 shoppings pesquisados, três apresentaram reajuste superior à inflação: o Shopping Contagem, cujo condomínio foi reajustado em 20,69% ou 11,8 pontos percentuais acima do IPCA; o Shopping Del Rey, com aumento de 15,67% ou 6,78 pontos percentuais acima da inflação; e o Pátio Savassi, com reajuste de 10,11% ou 1,2 ponto percentual acima do índice inflacionário.

No período, somente o BH Shopping e Minas Shopping reduziram os valores dos condomínios. No caso do BH, foi observada queda de 16,44% ou de 25,33 pontos percentuais abaixo da inflação acumulada no período. No Minas, a redução foi de 3,91% ou 12,80 pontos percentuais abaixo da IPCA.

Os demais shoppings tiveram reajuste abaixo da inflação. No Via Shopping, o condomínio foi reajustado em 7,80%; seguido pela Boulevard Shopping, 4,68;, Itaú Power Shopping, 3,82%; Shopping Cidade, 2,99%; Shopping Estação, 2,22% e Diamond Mall em 1,47%.

Esforço - Mesmo com os reajustes ou pressões nos custos das tarifas públicas, como água, energia e ainda somados aos prestadores de serviços, os empreendedores de shoppings tiveram o esforço de não aplicar reajustes significativos neste último ano de apuração, haja vista a diferença entre os percentuais aplicados nos anos anteriores. "Mediante isso, avaliamos que os empreendedores ainda têm espaço para reduzir os custos e o valor do condomínio em benefício dos lojistas e dos consumidores", enfatiza o superintendente da AloShopping-MG, Alexandre Dolabella França.

A pesquisa também destacou as diferenças entre os preços cobrados por metro quadrado nos shoppings. Enquanto os lojistas do Pátio Savassi pagaram, em junho, R$ 161,18 por metro quadrado, as lojas instaladas no Minas Shopping desembolsaram R$ 56,26 pelo mesmo espaço.

O metro quadrado no Shopping Cidade custa R$ 136,50; no Itaú, R$ 133,18; no Contagem, R$ 126,9; no Diamond, R$ 125,01; Estação, R$ 117,62; Del Rey, R$ 94,74; Boulevard, R$ 92,20, Via Shopping, R$ 85,69; e BU Shopping, R$ 81,69.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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