Bicicleta ecológica 'pedala' a favor do meio ambiente

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                                 Feita com material reciclado, a MuzziCycles ainda tem produção pequena, em virtude de baixa demanda no País, mas ganha espaço pelo mundo



São Paulo - A criatividade artística aliada à preocupação com o meio ambiente. Deste modo é definida a MuzziCycles, uma "bicicleta ecológica", idealizada pelo uruguaio Juan Muzzi que apostou suas economias para desenvolver um produto de mobilidade urbana à base de biomassa.

Com investimento que ultrapassa os U$$ 2 milhões, o projeto lançado em 2012 é resultado de uma proposta idealizada em meados dos anos 1990. "Estava em um desses jantares gourmet [refeição de intelectuais] e no meio da salada apareceu no prato um osso que servia de sustentação à montagem do prato. Aquilo me despertou a atenção e comecei a refletir. Pedi um osso para o garçom que me deixou levá-lo. Logo me veio a ideia de uma estrutura para a bicicleta. Desenhei um projeto e decidi apresentar para um fábrica, mas a iniciativa não foi aceita pelo empresário", relembra Muzzi.

Após anos, a iniciativa que já havia consumido todos os recursos conquistados pelo empresário - também inventor da mola mania, brinquedo que ganhou o mundo na segunda metade da década de 1990 - decidiu pedir ajuda para um amigo uruguaio, o presidente José Mujica. "Ele gostou muito da ideia, mas me questionou sobre a funcionalidade do produto. Me apresentou ao presidente de um dos principais bancos do país", conta.

O financiamento de U$$ 1,3 milhão do Banco de La Republica Oriental del Uruguay permitiu que a iniciativa ganhasse o mercado, tendo a primeira produção um total de 230 unidades doadas para um projeto social do Uruguai. "No Brasil ninguém apostou na proposta. Fiz a visita a diversas instituições, mas não tive respostas positivas", frisa.

Produção

Com estrutura composta de náilon, polipropileno e PET (Politereftalado de Etilileno), a bicicleta ecológica possui em "quadro sustentável", sendo que futuramente, sua corrente dentada passará a ser de borracha. Ele afirma: "Sempre fui contra a utilização do alumínio, pois é um material de alto custo social. Trata-se de um material muito caro e um dos principais cancerígenos do planeta"

De acordo Muzzi, o resultado surge de um blend de resinas termoplásticas recicladas. "Fazemos a coleta dos PETs que são lavados e triturados. Em seguida são levados para o laboratório, onde após testes de resistência são misturados a uma fórmula de minha autoria", explica. "É quase uma receita de bolo", brinca.

Após o processo, a mistura é levada para máquina injetora, que dá forma ao quadro da bicicleta. "Dentre as vantagens àqueles que possuem uma bicicleta ecológica está a durabilidade, ou melhor, um produto para toda a vida. Os ganhos ambientais são muitos para o planeta", comenta.

Demagogia sustentável

"O Brasil conta com uma sociedade consumista. Tudo aqui tem o preço levado em consideração", expõe Muzzi. De acordo com o empresário, o produto não ganhou muito destaque, pois ainda está em uma fase de maturação. "É complicado vender um conceito para os brasileiros. Aqui a discussão sustentável é existente, porém pouco praticada. Existe uma demagogia sobre o assunto", confessa.

Com produção estimada de 200 unidades por mês, 98% das bicicletas são exportas para países das Américas e Europa. "Neste momento finalizamos um lote que será enviado para atender um projeto social de uma empresa de bebidas. Eles farão a doação para crianças carentes do Peru", conta.

Segundo Muzzi a falta de demanda faz com que o custo de produção seja elevado, sendo que uma MuzziClycles custa em média R$ 1.200; o dobro de uma bicicleta tradicional do mercado, que custa cerca de R$ 600 a unidade. "Como não faço produção em escala, tenho que comprar algumas peças de distribuidores. Nosso trabalho também conta com um processo artesanal. A margem de lucro acaba sendo baixa", diz.

Com orgulho ele conclui: "Um sonho realizado. Deixei aqui a minha obra. Estou realizado e agora só falta pagar o financiamento do banco".



Veículo: Jornal DCI


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