Mudança de hábito e ciclovias ajudam mercado de bicicletas

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                             De acordo com a Abraciclo, entre janeiro e maio foram produzidas 316 mil unidades no Polo Industrial de Manaus, um aumento de 4,3% sobre o mesmo período do ano passado



São Paulo - A mudança de hábito dos brasileiros e o aumento das ciclovias pelo País devem aquecer o mercado de bicicletas, segundo fontes do setor. Diante dessa perspectiva, fabricantes investem na ampliação da capacidade e na oferta de produtos de maior valor agregado.

Nos primeiros cinco meses deste ano a produção de bicicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM) teve alta de 4,3% sobre igual período de 2014, de acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomo- tores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

"Esse desempenho reflete também a migração de fábricas que passaram a produzir no Polo este ano, o que facilita o acompanhamento feito pela Associação", explica o diretor executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalvez. De acordo com ele, a Abraciclo não possui o número total de bicicletas fabricadas no País, porque o setor é composto também por muitas empresas instaladas fora do Polo, o que dificulta o cálculo.

Na opinião de Gonçalves esse mercado está em franca transformação uma vez que as fabricantes já notaram demanda potencial para bicicletas de maior valor agregado nos próximos anos. "O consumidor busca cada vez mais a bicicleta com design arrojado, estrutura mais leve e as empresas têm mudado para atender a essa demanda".

Gonçalvez observa que os brasileiros já estão começando a trocar o carro, "mesmo que apenas uma ou duas vezes por semana", pelo transporte alternativo em duas rodas."Com essa mudança, até mesmo quem tem menor poder aquisitivo procura bicicletas de maior valor agregado para ter mais conforto", ressalta.

A maior parte do mercado de bicicletas hoje, conta ele, é composta por modelos de R$ 250 a R$ 3 mil. Mas nichos específicos, como o de bicicletas de R$ 20 mil, também avançam.

Estratégia

De olho nas oportunidades do segmento, o Grupo Claudino, dono das marcas Houston e Audax, tem ampliado os investimentos em bicicletas de maior valor e, em março deste ano, inaugurou uma unidade fabril no Polo de Manaus. "Nossa estratégia é mirar na demanda dos consumidores de maior poder aquisitivo com a marca Audax, que terá produção em Manaus", conta o diretor comercial da empresa, Adilson Custódio.

A nova fábrica pode produzir até 500 mil unidades por ano e deve operar com toda a capacidade instalada em até cinco anos. A outra unidade fabril do grupo, localizada em Teresina, no Piauí, tem capacidade para produzir até 1 milhão de unidades por ano.

Na avaliação de Custódio, a diversificação do portfólio ajuda a manter o crescimento que a empresa vem registrando nos últimos anos. Desde 2012, o volume de bicicletas produzidas avançou, em média, 8% ao ano."O aumento da presença da marca nos pontos de venda é outro fator que tem contribuído para aumentar as vendas nos últimos anos", conta ele.

A expectativa do Grupo Claudino é encerrar 2015 com cerca de 20 mil bicicletas produzidas na unidade de Manaus, ainda em processo de implantação e 700 mil unidades em Teresina, totalizando volume 7% superior contra o ano passado.

Apesar da ampliação da capacidade, o diretor comercial da fabricante descarta planos de exportar a produção no médio prazo. "Por enquanto estamos concentrados em crescer no mercado interno, onde vemos muita oportunidade."

O diretor da Abraciclo, José Eduardo Gonçalvez, cita que a indústria brasileira de bicicletas, tradicionalmente, exportadora pouco, mas com a desvalorização do real ele acredita que algumas empresas podem voltar os investimentos para os negócios no exterior."Existe potencial, mas as fabricantes nacionais ainda são pouco competitivas no mercado externo, onde enfrentam a concorrência dos asiáticos, o que desestimula a exportação", pondera o dirigente.

Incentivo

O avanço das políticas públicas de incentivo ao uso da bicicleta no Brasil, destaca Gonçalvez, também deve contribuir para manter o mercado interno mais atrativo para as empresas."Encomendamos um estudo que mostra a necessidade de uma infraestrutura que ofereça segurança e conforto para o ciclista. Os fatores são determinantes para a adesão ao uso de bicicletas", revela ele.

Para o sócio-proprietário da Gallo Bike, David Carlos Antônio, as políticas públicas podem ajudar bastante na ampliação do mercado de bicicletas nos próximos anos."Acredito que em dois ou três anos nós possamos ver um crescimento na venda de bicicletas. Este ano, entretanto, as vendas estão mais fracas e esperamos uma retração frente a 2014", afirma o empresário.

Já a Verden Bikes, com fábrica em Mogi Guaçu, interior de São Paulo, espera crescimento das vendas este ano e destaca dois segmentos como tendência.

"Dois segmentos de bicicletas devem crescer nós próximos anos, o primeiro é o produto de passeio, que servem para a locomoção ao trabalho, clube, academia. O segundo é o de bicicletas competição que são destinadas aos adeptos ao esporte do ciclismo, onde tem valor agregado e tecnologia", comenta o gerente comercial da empresa, Everton Francatto.

Negócios

A Dream Bike, fabricante de triciclos para lazer, transporte de deficientes e de cargas, vem notando o aumento da demanda este ano, puxada principalmente pela linha de food trike (serviços de alimentação).

"As vendas de food trike, nesse movimento de food trucks, e os triciclos de lazer para parques e hotéis têm sido as principais contribuições positivas no nosso desempenho este ano", afirma o gerente de negócios da empresa, Rodrigo Frade.

De acordo com ele, o aumento das vendas dessas linhas ajuda a compensar a desaceleração na linha de transporte de cargas, impactada pelo cenário econômico menos favorável.

"Temos maior atuação fora de São Paulo, mas este ano a alta das vendas na cidade também ajudou a manter o nível de produção. Já temos clientes de food trike atuando inclusive nas ciclovias", destaca o executivo.

Para ele, a ampliação da estrutura para transporte com bicicletas pode estimular o uso dos triciclos de carga, hoje destinados principalmente a atividades dentro das empresas, para o transporte nas ruas.



Veículo: Jornal DCI


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