'Pink tax' encarece produto para mulheres

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                                   Lâminas de depilação, sabonetes e roupas femininas custam mais do que versão masculina



Se a embalagem com uma única camisinha feminina custa cerca de R$ 8, por que a versão masculina sai pelos mesmos R$ 8, mas seu pacote tem seis unidades? Ok. Nesse caso, é compreensível que o preservativo feminino, cuja tecnologia é mais avançada, chegue à farmácia com preço superior. Mas o que dizer da lâmina de depilar que custa R$ 1,75 mais pelo simples fato de ser rosa?

A reflexão, que recentemente causou polêmica nas redes sociais entre consumidoras norte-americanas, estende-se ao varejo brasileiro. Esse custo mulher, ou "pink tax", aparece no sabonete em barra, cujas versões femininas que têm formulação muito semelhante costumam custar quase 6% mais, segundo estudo da Mind Shopper, consultoria de estratégias para o varejo. O desodorante de mulher que varia só o perfume também supera o do homem em 2%.

"Isso muda muito conforme a categoria. No sabonete líquido, a diferença chega a 40%, mas nesse caso os femininos têm mais ingredientes, o que incrementa o custo médio, embora tenhamos comparado as mesmas marcas", diz Alessandra Lima, diretora da Mind Shopper. Nas lâminas, Lima explica que ganhos de escala obtidos na versão masculina possibilitam cobrar preço inferior. "As vendas da masculina giram mais. Por isso a indústria tem que colocar margem maior na feminina", afirma.

Para posicionar marcas em patamar acima da concorrência, a indústria cria atributos. "A oferta de variantes, como novas cores e aromas, cria ocasiões e necessidades de uso que não existiam. No fim, a função é a mesma, mas o que é commodity ganha novos usos. É assim que se desenvolve a marca", diz Lima.

A Gillette diz que, "embora existam alguns elementos de tecnologia em comum, lâminas femininas e aparelhos masculinos são projetados para necessidades específicas. Tipo de pele, comprimento do fio, alcance e ergonomia mostram que a lâmina feminina precisa ser projetada de forma distinta".

Ao atribuir preços, a indústria pondera custo, posicionamento e a disposição a pagar, diz Maximiliano Bavaresco, da consultoria Sonne. "Em alguns casos, o feminino é mais caro por dar mais trabalho para produzir. Mas a empresa sabe por pesquisa se a mulher se dispõe a pagar. E tenta capturar esse valor." Lima diz que em certas categorias a compra é racional, mesmo se feita por mulheres, como fralda. "Mas, ao comprar a fralda, a mulher é mais suscetível a levar um acessório, como uma chupeta."



Veículo: Jornal Folha de S.Paulo


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