Produção de eletrônicos recua 32%, após efeito Copa e crédito mais caro

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                                 De acordo com o IBGE, no geral, a atividade industrial caiu 8,8% em maio ante o mesmo mês do ano passado. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, a produção tem queda de 6,9%


São Paulo - A produção de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos caiu 32,4% em maio frente o ano anterior, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A queda é reflexo do crédito mais caro e restrito este ano, uma das principais fontes de financiamento da compra desses produtos. A maior base de comparação com igual período do ano passado também contribuiu para pressionar o indicador.

"O principal produto em queda nessa categoria são os televisores, cuja produção foi alavancada nos primeiros meses de 2014 pelo efeito Copa do Mundo", destaca o coordenador da pesquisa do IBGE, André Macedo.

Ele ressalta, entretanto, que apesar da influência dos televisores, mais de 90% dos produtos da categoria apresentaram retração em maio. "O recuo em monitores, impressoras e celulares também impactou negativamente o indicador", cita Macedo.

O economista das Faculdades Integradas Rio Branco, Rogério Buccelli, lembra que em igual período do ano passado o crédito estava mais barato e a renda disponível era maior. "Esses fatores influenciam diretamente o ritmo de venda de eletrônicos e informática", observa ele.

A venda de smartphones, que vinha impulsionando o setor de eletroeletrônicos, caiu 13% em maio, segundo dados da IDC Brasil, divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Essa desaceleração em eletrônicos tem levado as indústrias da Zona Franca de Manaus a prolongarem as férias coletivas esse ano.

"Antes as indústrias paravam no máximo por 15 dias, mas este ano a produção vai parar 20 dias", afirmou o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, em entrevista recente ao DCI.

A retração na categoria de eletrônicos foi seguida por veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,5%). O setor registra o 15º mês seguido de queda na comparação anual.

A indústria de produtos alimentícios (-8,7%) também aparece como um dos principais destaques negativos em maio. "O açúcar exerceu pressão negativa importante no setor, movimento que pode ser atribuído a um possível deslocamento do uso desse insumo para a produção de álcool pelas empresas", diz Macedo.

O destaque positivo no indicador veio do setor extrativo (+7,7%), com as categorias de minério de ferro e petróleo.

Tendência

De acordo com o IBGE, no geral, atividade caiu 8,8% em maio ante igual mês de 2014. Já na passagem de abril para maio o indicador registra alta de 0,6%. Nos cinco primeiros meses de 2015, a indústria acumula perdas de 6,9% sobre um ano antes.

"O resultado positivo no mês não muda a interpretação atual de que o setor industrial segue mostrando menor intensidade, sem sinais de reversão de trajetória ou recuperação de perdas", Macedo.

Ele observa ainda que as quatro grandes categorias econômicas continuam registrando queda na comparação anual, lideradas por bens de capital (-26,3%) e bens de consumo duráveis (-17,8%), seguidas por bens de consumo semi e não duráveis (-10,4%) e bens intermediários (-4,9%).

"Como os indicadores ainda são negativos na comparação anual, uma melhora na passagem de abril para maio não chega a empolgar, mas a velocidade de queda [da produção] dos bens duráveis pode indicar que o setor está chegando no pior momento", avalia o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Segundo ele, os indicadores de junho e julho poderão confirmar esse movimento, mas a expectativa é que os fabricantes de alguns setores já têm conseguido se desfazer do excesso de estoques e possam retomar a produção, mesmo que em menor ritmo.

Perfeito acredita que os índices do segundo semestre podem apresentar alguma melhora, mas lembra que a alta será baseada no fraco desempenho visto em 2014.

Sem melhora efetiva dos indicadores, a perspectiva dos economistas, que no início do ano apostavam na retomada do setor industrial a partir do segundo semestre desse ano, tem sido revista.

"Nada sinaliza um segundo semestre melhor e não vai ser vendendo sabonete, perfume e bicicleta que o problema do nível de atividade no País será resolvido", conta Rogério Buccelli, da Rio Branco.

Capacidade Instalada

A utilização da capacidade instalada (UCI) pela indústria em maio acompanhou a retração do setor e caiu 1,1 ponto percentual para 80,1%, de acordo com os Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O emprego (-5,6%), as horas trabalhadas (-10,2%) e o faturamento real (-10,1) também registraram queda.

"Não é novidade que a situação está ruim, mas essa alta na ociosidade é um dos efeitos do ajuste recessivo que o governo está promovendo. Então é um bom sinal, se considerarmos que o ajuste está tendo o efeito desejado", defende Perfeito.



Veículo: Jornal DCI


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