Crise antecipa liquidação de inverno nas lojas

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                             Influenciados pelo menor poder de consumo e queda no otimismo dos brasileiros, lojistas tentam limpar seus estoques com descontos. Até eletroeletrônicos estão em promoção no País



São Paulo - Os estoques excedentes fizeram com que os varejistas antecipassem suas liquidações de inverno em 15 dias. Comuns neste mês, as promoções começaram em junho, impulsionadas pelo menor fluxo de clientes nos pontos de venda: queda de 7% no primeiro semestre deste ano.

A tendência é que o consumidor continue a reduzir as idas às lojas como forma de conter gastos, conforme levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

O estudo mensal realizado em parceria com a Virtual Gate mostrou fluxo médio 0,7% menor em junho de 2015 ante o registrado no mês anterior, voltando à curva decrescente após dois meses de alta. No comparativo com junho de 2014, houve queda de 7,4%. A amostragem por região indicou que a menor diferença entre o primeiro semestre de 2014 e o de 2015 ocorreu no Norte, com queda de 5,3% no fluxo de clientes, seguido das regiões Sudeste e Centro-oeste, com recuo de 5,7%.

Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a estratégia do Golden Square Shopping foi antecipar a liquidação de inverno, que costuma ter início apenas em julho. "Boa parte das lojas entraram em liquidação na segunda quinzena de junho", disse o gerente de marketing do empreendimento, Fábio Quintana.

Para ele, o que pode ajudar os lojistas a tentarem recuperar um período de vendas mais fraco é justamente o frio, que até começa a afetar a região. "Este ano estamos tendo inverno e o clima vai ser fator decisivo na compra", explicou.

Por ser um shopping com apenas dois anos de operação, o mall não tem visto queda no fluxo de consumidores. Ao contrário, o índice vem crescendo e o executivo mostrou otimismo para o segundo semestre. "O período é de retomada de crédito e de menor comprometimento da renda do consumidor com despesas".

A perspectiva de melhora também foi sinalizada pela SBVC. De acordo com o presidente da entidade Eduardo Terra, se a curva do gráfico se mantiver, a chance de recuperação será a partir de outubro, com algumas quedas nos próximos meses. "Entretanto vale lembrar que no ano passado tivemos a influência da Copa do Mundo, que afetou negativamente o varejo. Em 2015, não haverá a sazonalidade, o que pode facilitar a retomada", comentou o especialista.

Fora de época

No caso do Shopping West Plaza, localizado na Barra Funda, em São Paulo, criar uma semana de promoção específica para o segmento de games, eletroeletrônicos e telefonia, que geralmente ficam fora da tradicional liquidação do empreendimento, foi a estratégia.

"Foi a primeira vez que direcionamos uma liquidação de nicho no West Plaza. A chamamos de Black Week. Com a tradicional 'Liquida Mania' essas áreas não eram privilegiadas", afirmou a superintendente do centro comercial, Bettina Quinteiro. A iniciativa ocorreu no final de junho e a projeção para data foi aumento de 8% no fluxo de consumidores no empreendimento. "Tivemos uma boa experiência durante o Black Friday no ano passado e quisemos repetir com a Black Week em junho", disse ela.

Na opinião de Bettina, os lojistas estão mais atentos aos novos hábitos de consumo dos brasileiros e replicando isso em suas lojas. "O consumidor atual pesquisa e procura mais por boas oportunidades. Os lojistas, atentos a isso, não têm feito mais promoções, e sim colocado um número menor de itens à venda. Se em anos anteriores eles ofertavam até 20 modelos diferentes, hoje eles oferecem 10", disse a executiva. E completou: "Desde 2012, quando a Aliansce assumiu o shopping, estamos melhorando o mix de lojas e ampliando a gama de serviços para retomar a atenção de antigos consumidores".

Pessimismo

A opinião de que 2015 é um ano perdido, contudo, foi sinalizada pela sócia-proprietária da Oficina do Pijama, Sidinéia Ribeiro. A marca mineira antecipou a liquidação de inverno, mas nem assim as vendas têm sido tão boas quanto o esperado. "Projetamos crescimento de 30% este ano. Estamos em julho e crescemos apenas a metade", disse a empresária.

A empresária que atua no varejo e no atacado ressaltou que os atacadistas compraram um pouco mais este ano. "O tíquete médio era de R$ 800, hoje ele está em R$ 1.200". Já os consumidores mantiveram os gastos iguais aos do ano passado. "Ficou estável. Eles compram em média R$ 150, o mesmo valor que em 2014."

Este mês, a Oficina do Pijama liquida peças da coleção de verão e de inverno e os descontos podem chegar a 70%. "Tentamos passar aos nossos clientes um otimismo frente a crise. Os atacadistas, por exemplo, têm reclamado da atual situação", concluiu.



Veículo: Jornal DCI


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