As tarifas de energia elétrica e os alimentos pressionaram o bolso das famílias de baixa renda em maio e levaram a inflação percebida por esses consumidores a um patamar acima da média brasileira. O reajuste nos preços das apostas de jogos lotéricos também impulsionou o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que avançou 0,95% no mês passado, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O chamado Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-Br), que capta a inflação percebida por todos os brasileiros, avançou 0,72% no mês passado. Em 12 meses, a inflação da baixa renda (8,97%) também bate o índice geral (8,63%).
Apesar disso, o economista André Braz, pesquisador da instituição, acredita que a inflação da baixa renda deva perder força em junho, já que a pressão sobre os alimentos não será duradoura e deve haver trégua em tarifas e preços administrados. "Mas ainda será uma taxa maior do que em junho do ano passado (0,35%), pois não tem como acomodar tamanha desaceleração. Por isso, a taxa em 12 meses deve ultrapassar 9% neste mês", disse.
Protagonista dos índices de inflação no primeiro trimestre, a tarifa de eletricidade residencial voltou a ganhar força após uma breve trégua em abril. O item avançou 2,81% em maio, o que levou o grupo Habitação a acelerar a 1,16% no mês. A energia elétrica responde por uma fatia maior nas despesas da baixa renda do que na média dos brasileiros. As tarifas de água e esgoto também ficaram mais caras, o que ajudou a alavancar o resultado.
Alimentos - Outro grupo que pesa mais no orçamento da baixa renda são os alimentos, que aceleraram na passagem do mês. A alta foi de 1,16% em maio, em função do aumento nos preços de hortaliças e legumes. Só a cebola ficou 32,51% mais cara, enquanto o tomate subiu 16,94%.
"Esse movimento não é normal, é atípico, mas tem a ver com a redução de área plantada e falta de mão de obra", explicou Braz. Além disso, o reajuste nos preços de apostas de jogos lotéricos resultou em alta média de 20,62% no item. O IPC-C1 capta movimentações de preços percebidas por famílias com ganhos mensais entre 1 e 2,5 salários mínimos.
Veículo: Diário do Comércio - MG