Área de trigo pode diminuir 20% em 2015 no Rio Grande do Sul

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Quebras sofridas na safra passada e os baixos preços intimidam a semeadura do grão no Rio Grande do Sul

 



Embora atentem para o fato que ainda é cedo para projeções consolidadas, as instituições ligadas à cultura do trigo já tem como certa a redução da área plantada com o grão para a safra deste ano. A diminuição, imaginada, por enquanto, em cerca de 20%, é decorrência ainda da preocupação dos produtores após a safra passada, que registrou quebras de mais de 42%, além da insegurança quanto ao preço das sacas. Ao mesmo tempo, a alta do dólar e, por consequência, de boa parte do insumos, também levariam a uma redução de tecnologia nos campos.

"Em virtude dos altos custos de produção, os agricultores diminuirão a adubação, por exemplo, o que é preocupante na medida em que o uso da tecnologia leva à produtividade com qualidade", argumenta o presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, referindo-se à alta nos preços do fertilizantes, geralmente importados e, portanto, atrelados à variação do dólar. O dirigente estima, ainda, entre 50 a 60 sacas por hectare a produtividade necessária apenas para compensar os custos do cultivo.

Além disso, mesmo que registrando um leve aumento nas últimas semanas, o preço de venda do trigo também estaria desestimulando os produtores. Depois de permanecer em torno de R$ 26,00 por um longo período, o preço de mercado já passou da faixa dos R$ 30,00, mesmo assim abaixo do preço mínimo vigente, estipulado em R$ 33,45. "Mesmo com o aumento, que seria positivo, o preço está se estabilizando nesse patamar, e não há nenhuma sinalização segura de que o preço mínimo poderia sofrer alteração", acrescenta o assistente técnico da Emater, Luiz Ataídes Jacobsen.

O maior responsável para as expectativas pessimistas, porém, é mesmo o resultado da safra passada, classificado como uma "catástrofe" por Jardim. Além do receio normal decorrente de um resultado negativo, muitos produtores também enfrentam, ainda, o prejuízo financeiro deixado pela quebra causada por problemas climáticos. "Por tudo isso, o agricultor está receoso de plantar o trigo, e poderemos ter essa redução de 20% da área plantada", reafirma Jacobsen, que afirma perceber o desânimo também quanto a outras culturas de inverno, como cevada e canola.

Entretanto, há também aspectos que permitem um pouco de otimismo para o plantio. "É natural que se olhe pelo retrovisor após um resultado negativo, mas é preciso também olhar para frente e ver o que o mercado está desenhando", comenta a pesquisadora da Embrapa Trigo, Cláudia De Mori. Questões externas, como a incerteza sobre as exportações argentinas e até mesmo o risco eventual de problemas diplomáticos da Ucrânia, outro grande exportador, podem ser favoráveis ao grão brasileiro no mercado internacional.

A própria valorização do dólar, embora prejudique a compra de insumos, pode ser positiva na hora da exportação, que deve alcançar 1,6 milhão de toneladas, compensando, no câmbio, a tendência de diminuição do preço internacional do produto, além de empurrar para cima o preço interno. "Outro fator que gera instabilidade na formação do preço é o estoque, de apenas 3,8% atualmente no Brasil, já que qualquer imprevisto pode alterar a relação do valor", continua Cláudia, para quem a decisão sobre o plantio deve ser avaliada caso a caso, já que os custos variam entre os produtores.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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