Cultura e falta de acesso dificultam o consumo

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Em Fortaleza, apenas 18% da população consome cinco ou mais porções, em cinco ou mais dias da semana




Fortaleza tem o terceiro pior índice no consumo recomendado de frutas e verduras dentre todas as Capitais, segundo pesquisa divulgada, na última terça-feira, pelo Ministério da Saúde. Dentre os motivos para números tão baixos, estão a cultura de alimentação dos cearenses, opção por outros produtos e falta de acesso devido a questões financeiras.

Na capital cearense, apenas 18% da população consome cinco ou mais porções de frutas e verduras por dia, em cinco ou mais dias da semana, quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), informou a pesquisa, que tem como base a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014).

As capitais com melhores índices de ingestão de frutas e verduras são as das regiões Sul e Sudeste, com destaque para Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG), que têm 35% e 32% respectivamente. O pior índice é o de Belém (PA), onde só 15% da população consumem os níveis adequados, pouco à frente de Rio Branco (AC), com 17%.

Em relação ao consumo regular de feijão, a história é bastante diferente. Os dados mostram que 65,7% dos fortalezenses que responderam à pesquisa ingerem o alimento em cinco ou mais dias da semana. Esse é o quinto maior consumo dentre todas as Capitais do Nordeste. Belo Horizonte é a Capital com maior consumo do produto, 81,3%, e Macapá tem o menor número, 37,8%.

O estudo mostrou que 29,4% da população consome carne com excesso de gordura, apesar de o índice ter apresentado queda ao longo dos anos - saindo de 32,3% em 2007. Os homens consomem duas vezes mais, com 38,4%, enquanto, entre as mulheres, o índice cai para 21,7%.

O professor da Faculdade de Educação e do curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Arimateia Barros Bezerra, explicou que as práticas alimentares dos cearenses se desenvolveram com o tempo. Portanto, as hortaliças e frutas sempre foram uma raridade. A exceção acontecia durante o período de inverno. "A alimentação no Ceará é mais marcada pelo consumo da carne, arroz, feijão e também dos cereais mais secos", afirmou.

Dessa forma, as pessoas acabaram não desenvolvendo o hábito de comer os hortifrútis, disse Bezerra. "Desde os anos 1970, várias pesquisas já mostraram que a população sabe o que deve comer, quais os alimentos mais saudáveis à disposição, mas não comem isso", alertou.

Renda

As famílias de baixa renda acabam tendo que priorizar quais alimentos vão consumir, destacou o professor, pois não tem condições de fazer uma feira completa. "Além da seca, a sazonalidade dos alimentos é um dos fatores que elevam os preços. Com isso, a população que tem menos condições financeiras precisa focar no básico", frisou.

Thiago Rocha
Repórter



Veículo: Diário do Nordeste


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