Crise faz brasileiros mudarem modo de consumir

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Idas aos pontos de vendas diminuíram



As mudanças do comportamento do consumidor brasileiro são constantes e acompanham as oscilações da economia. Nos últimos anos, os hábitos foram alterados com o aumento do emprego e da renda. Hoje, o cenário é outro: a desaceleração do mercado nacional, acompanhada da diminuição dos ganhos, tem feito com que os brasileiros alterem seus costumes mais uma vez. Para driblar a situação e manter o ritmo de vendas, as redes supemercadistas estão tendo que reduzir as margens de lucro.

O analista de mercado da Nielsen Marco Antonio Giorgi destaca que as mudanças no comportamento do consumidor já vêm ocorrendo há mais tempo, mas no ano passado se intensificaram e neste exercício tornaram-se imprescindíveis, diante do cenário econômico. Segundo ele, com o advento da renda da classe C, as pessoas adquiriram o hábito negativo de gastar mais do que recebiam em função da oferta de crédito em abundância. No entanto, com a chegada da crise, isto está tendo que mudar.

"A classe média está em busca do equilíbrio de seu orçamento. Em 2014, a renda média da maior parte dos brasileiros (R$ 3.414) foi cerca de 2,4% menor do que seus gastos (R$ 3.495) naquele exercício. Mas já observou-se um maior equilíbrio do que em 2013, quando a diferença ultrapassou os 15%", explica.

De acordo com o estudo Mudanças do Mercado Brasileiro, da Nielsen, para tentar equilibrar o orçamento, 64% dos brasileiros afirmam que diminuem o lazer fora do lar, 32% dizem que saúde e qualidade de vida são suas maiores preocupações e 13% afirmam que estão economizando para pagar dívidas atrasadas.


Supermercados - A partir deste conjunto de fatores é que o consumidor brasileiro tem mudado seus hábitos na hora de ir às compras nos supermercados. Neste sentido, Giorgi destaca que as idas aos pontos de vendas diminuíram em 4,7%, mas o gasto aumentou cerca de 3,3% e o tíquete médio cresceu 5,6%. Já a diversidade de canais de compra já chega a 4,5.

"Nos últimos anos, os consumidores conquistaram um novo padrão de consumo, acessando produtos diferenciados, e agora, diante uma desaceleração econômica, querem manter o que conquistaram. Com isso, alguns canais que têm proposta de economia e valor para o consumidor acabam se destacando. Este é o caso do Cash & Carry (popularmente conhecido como Atacarejo)", explica.

Diante disso, os supermercadistas precisam estar atentos às oportunidades advindas dos novos hábitos do consumidor.  o que têm feito os empresários do setor em Minas. De acordo com o superintendente da Associação Mineira dos Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, mais do que nunca os supermercadistas precisam entender o que o consumidor está buscando. "Neste momento o que as pessoas buscam é o preço. A rede que conseguir entregar isso vai ter cliente dentro da loja", resume.

Para isso, porém, as margens de lucro do setor têm sido cada vez menor e, conforme o superintendente, deverão encerrar este exercício abaixo dos 1,5% alcançado no ano passado - este seria o menor percentual dos últimos dez anos.

"Essas mudanças são necessárias ao desenvolvimento da sociedade e do setor de supermercados. Que bom que temos condições de acompanhar os novos comportamentos. O supermercado de 2030, por exemplo, não vai ter nada a ver com os estabelecimentos de hoje. Assim como os atuais não têm nada a ver com os do passado. Se na década de 1950 se falasse que 60 anos depois os supermercados seriam diferentes, as pessoas não acreditariam. Não era possível imaginar essa variedade de produtos, marcas e preparos. Quem diria naqueles anos que haveria essa gama de itens congelados e que existiria um equipamento (micro-ondas) para descongelar?", pondera.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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