Diminuição de importados melhora a percepção para demanda externa

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Apesar da previsão otimista do industrial sobre as exportações, o Índice de Expectativas (IE) caiu 7,8% em março, de acordo com a FGV. Já o Índice de Situação Atual (ISA) registrou queda de 21,9%

 



Os industriais brasileiros estão mais otimistas com o cenário externo para os próximos meses. Isso porque a desaceleração da economia brasileira contribui para o recuo dos importados, dando espaço para a produção nacional.

De acordo com a Sondagem da Indústria de Transformação, divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a previsão de demanda externa foi o único indicador que melhorou em março, embora não tenha sido suficiente para elevar o Índice de Expectativas (IE) que caiu 7,8%, para 75,5 pontos.

Segundo o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a melhora na avaliação dos empresários sobre o cenário externo pode ter sido influenciada, principalmente, pela retração nas importações. "Os empresários sabem que o cenário é de ajuste e que, por isso, o salário real vai diminuir, o que afeta diretamente a demanda este ano", observa ele.

Para ele, a desvalorização do câmbio tem dado alguma vantagem competitiva para os empresários brasileiros e a negociação com antigos parceiros comerciais volta a ser discutida pelos empresários.

A alta nas vendas para o mercado externo, entretanto, não é suficiente para reverter o quadro industrial atual, ressalta o superintendente adjunto para ciclos econômicos da FGV, Aloisio Campelo. "A alta na exportação por si só não leva a uma recuperação do setor, porque a indústria de transformação ainda é muito dependente da demanda interna."

"É importante destacar que a melhora da avaliação futura não veio acompanhada de uma alta nas exportações", pondera Campelo. Entre os fatores que exercem efeito negativo nas vendas, ele destaca a queda nos preços em dólar. Com isso, o avanço das exportações não representa faturamento maior para o setor.

Para o economista da Fundação Instituto de Administração (FIA), Celso Grisi, embora o patamar de câmbio esteja mais favorável às exportações, os outros fatores têm comprometido a competitividade da indústria. Ele cita a baixa produtividade e o aumento da ociosidade como os principais problemas do setor industrial.

"O empresário tem custos fixos que ele precisa repassar para o produto, independentemente da quantidade produzida, o que afeta a competitividade", diz ele. Segundo o economista, o cenário é ainda pior para o mercado interno, cuja demanda tem sofrido o impacto da redução no poder de compra dos consumidores.

A sondagem da FGV mostra que a satisfação com o nível da demanda exerceu a maior influência negativa sobre o Índice de Situação Atual (ISA), que atingiu 75,3 pontos em março, uma queda de 21,9% ante igual período do ano anterior.

Para Campelo da FGV a percepção de situação atual do empresariado sinaliza um recuo na produção industrial no primeiro trimestre deste ano. Essa retração da atividade deve será acompanhada, na visão dele, pelo adiamento de investimentos e contratações. "Devemos entrar no segundo trimestre sob os efeitos dessa perspectiva negativa, baseada em sucessivas quedas no volume produzido", afirma ele.

André Perfeito também avalia que a demanda mais fraca é responsável pela queda nos investimentos. "Os aportes no setor estão mais ligados ao nível de demanda e menos ao patamar da taxa de juros", conclui o economista.



Veículo: DCI


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