Nova Serrana segue na contramão

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Polo calçadista desconhece queda da demanda e contrata para manter ritmo de produção

 



Ao contrário de outros segmentos da indústria nacional, que em meio à desaceleração já começaram a apresentar queda nas vendas e a demitir funcionários, o polo calçadista de Nova Serrana, na região Centro-Oeste do Estado, está mantendo o ritmo de produção, conseguindo, inclusive, aumentar o nível de contratações. Para se ter uma ideia, somente em fevereiro, o número de admissões superou em 820 as demissões nas fábricas do Arranjo Produtivo Local (APL), que emprega no total mais de 20 mil pessoas.

As informações são do presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria do Calçado de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva. Segundo ele, os bons resultados têm sido possíveis graças às estratégias adotadas pelas empresas diante do atual cenário econômico. "Nossa situação não é diferente da registrada nas demais indústrias do país. Também estamos sofrendo com a redução da demanda. A diferença está na nossa capacidade de sobrevivência, que já foi observada em crises anteriores", revela.

Conforme Silva, as fábricas retomaram a produção em janeiro e já buscaram alternativas para contornar a situação. Entre as medidas adotadas estão a busca por novos mercados e a comercialização de produtos de menor valor agregado. "As empresas estão extremamente preocupadas e a primeira saída foi a fabricação de produtos que Àcaibam" no novo orçamento do brasileiro, que está menor", completa.

O presidente do Sindinova conta que o nível de encomendas no primeiro bimestre deste ano foi fraco, ficando nos mesmos patamares de igual intervalo do exercício passado. Já em março, segundo ele, foi possível observar alguma reação. "Se nos primeiros dois meses em que a demanda foi fraca conseguimos ampliar o quadro de funcionários, acredito que no mês passado, quando tivemos algum aumento nos pedidos, o saldo de empregos possa ter sido ainda maior", acredita o dirigente do sindicato.

De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a cidade de Nova Serrana encerrou o primeiro bimestre de 2015 com 2.557 novas vagas, fruto da contratação de 4.008 pessoas e da demissão de outras 1.451. Somente na indústria de transformação o saldo foi positivo em 2.492, com 3.254 contratações e 762 desligamentos.

Em relação ao desempenho do polo calçadista em 2014, Silva diz que ele foi surpreendente, uma vez que o volume comercializado ficou mais ou menos no mesmo patamar do exercício anterior. Foram vendidos, ao todo, cerca de 105 milhões de pares. E se neste ano, segundo ele, os negócios forem mantidos já estará de "bom tamanho".

"Ainda é cedo para quaisquer projeções. Sabemos que não está fácil, mas estamos fazendo de tudo para reverter o quadro. E, até certo ponto, estamos conseguindo nos manter alheios à crise. Vamos ver como fica daqui para frente. Ao final do exercício, se tivermos conseguido repetir mais uma vez este volume, já estará bom", admite.

Receita - As vendas das empresas do polo se mantêm nos mesmos patamares desde 2013. Porém, nesse intervalo a receita aumentou. Somente o setor calçadista, principal atividade industrial de Nova Serrana, que abriga 830 das 1,2 mil empresas do polo, recolheu cerca de R$ 73,7 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), superando o resultado de 2013, que foi de aproximadamente R$ 68 milhões.

O APL reúne ao todo cerca de 1,2 mil empresas calçadistas em 12 municípios do Centro-Oeste mineiro: Nova Serrana, Bom Despacho, Pitangui, Divinópolis, Leandro Ferreira, São Gonçalo do Pará, Perdigão, Araújo, Pará de Minas, Conceição do Pará, Igaratinga e Onça do Pitangui, que produzem cerca de 100 milhões de pares ao ano, gerando mais de 20 mil empregos diretos e 22 mil indiretos.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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