Alimentos orgânicos conquistam o paladar de consumidores da Capital

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Incentivada pela crescente demanda, a produção tem atraído cada vez mais investimentos

 



A sustentabilidade é um conceito que permeia a história de Porto Alegre. Do pioneirismo de ambientalistas como José Lutzenberger e Augusto Carneiro à coleta seletiva, realizada há 24 anos, são muitas as práticas adotadas pelo poder público, pelo terceiro setor ou por iniciativas privadas no esforço de construir uma cidade mais sustentável. Um exemplo recente é o investimento cada vez maior nos alimentos orgânicos. Este modelo de produção não utiliza nenhum tipo de agrotóxico ou adubo químico no cultivo, o que contribui para o manejo responsável do solo, da água e dos demais recursos naturais.

O crescimento no interesse pelos orgânicos é visível em todo o município, seja com o surgimento de lojas especializadas, seja pelo aumento no número de feiras ecológicas. Segundo a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), já são seis contabilizadas na cidade, como a tradicional feira do Bom Fim, que ocorre em todos os sábados desde 1989. A mais recente foi criada no ano passado no bairro Três Figueiras, e a secretaria já estuda a implantação da próxima, nas imediações do Palácio Piratini. "O interessante é que essas feiras são requisitadas pelas associações de moradores dos bairros, e nós estamos recebendo pedidos", revela o titular da Smic, Humberto Goulart. O tempo estimado para a implantação de cada feira é de seis meses.

O bairro Menino Deus abriga as feiras da Biodiversidade e da Cultura Ecológica, que completaram 15 e 21 anos, respectivamente. A cada semana, cerca de 60 bancas vendem legumes, frutas e comidas coloniais. "Antigamente, o público era um grupo de pessoas fiéis, e todos se conheciam. Hoje, é difícil, vem muita gente. É um crescimento exponencial", avalia Anselmo Kanaan, coordenador das feiras.

As filas que se formam nas bancas refletem o cenário da produção orgânica do Estado. A procura dos consumidores ainda é muito maior que a oferta. "A grande dificuldade do setor é encontrar pessoas interessadas no cultivo", esclarece Goulart. Proprietários de bistrôs e restaurantes também têm procurado os insumos, a exemplo do vegetariano Prato Verde, que tem cerca de 55% de alimentos orgânicos no cardápio. O percentual é considerado baixo pelo sócio Thiago Costa Flores, que aponta a pouca oferta como uma dificuldade. "O ideal seria que só tivéssemos agricultura orgânica. Os clientes estão conscientes disso, já buscam esse tipo de alimento", diz.

Kanaan concorda que há falta de mão de obra, mas garante que o rendimento para as cerca de 300 famílias envolvidas nas feiras é alto. O coordenador vê nos jovens uma oportunidade de renovação. "Fico impressionado com a quantidade de jovens, isso mostra que eles estão preocupados com o que estão consumindo."

Apesar da produção incipiente, o cenário é otimista. Segundo o Ministério da Agricultura, o cultivo de orgânicos no País teve aumento de 51,7% no último ano. O Rio Grande do Sul possui mais de 1200 agricultores cadastrados.
Número de lojas especializadas cresce na cidade

O cultivo de orgânicos movimenta também o varejo de Porto Alegre. Lojas especializadas em produtos naturais podem ser encontradas em várias regiões da cidade, além de diversas empresas que oferecem o serviço de entrega de cestas na casa do consumidor. O coordenador das feiras ecológicas do Menino Deus, Anselmo Kanaan, calcula que metade dos alimentos vendidos semanalmente no bairro é destinada a empresas que trabalham com delivery.

Para Humberto Goulart, o mercado de orgânicos "é o negócio do futuro". O secretário da Smic aponta o crescimento de estabelecimentos que fazem entregas em casa como um indício do crescimento acelerado do setor.

Outra alternativa para os agricultores é o investimento em um ponto de comércio próprio. É o caso das sócias Apa Paulo e Clara Hartmann, que criaram a loja Mesa Natural. A empresa comercializa mais de 50 tipos de frutas e legumes, produzidas por elas em uma fazenda em Montenegro. Toda a produção é vendida diretamente aos consumidores. Além das frutas e hortaliças, farinhas, cereais, geleias e pães também são procurados. "As pessoas acham que esses produtos são caros, mas não é verdade se eles forem comprados diretamente do agricultor. Queremos que os orgânicos cheguem na casa de todo mundo", defende Apa. A procura tem crescido nos últimos anos, principalmente para a entrega de cestas.

Além de todo o cuidado com a certificação dos alimentos, outra preocupação da empresa é a adoção de práticas sustentáveis no reaproveitamento das embalagens. Os produtos são vendidos a granel, e os consumidores podem devolver caixas de ovos e potes de vidro para serem reutilizados.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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