Pão nosso de cada dia também ficará mais caro este mês

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Com a alta da moeda norte-americana, trigo ficará mais caro e o pão careca também

 




O preço do pão francês - também conhecido como pão careca -  teve reajustes médios entre 1% e 2% no início do ano, mas a tendência é de que dispare até o final de março, informa o Dieese-Pará. O motivo é a alta do dólar, que na última sexta-feira chegou a R$ 3,245, a mais expressiva alta que a moeda norte-americana teve em oito anos. Como a maior parte da farinha de trigo do País é importada da Argentina e de países europeus, matéria-prima do pão, um dos principais elementos das mesas brasileiras vai encarecer.

De acordo com a pesquisa do Dieese-PA, na última sexta-feira a sequência da alta do dólar desde o ano passado refletiu no crescente aumento do pãozinho na Grande Belém. O valor médio do pão francês nas padarias e supermercados da capital paraense já ultrapassou R$ 8,20 o quilo apenas nos 15 primeiros dias de março. O levantamento também aponta que, em fevereiro, o preço médio do quilo do pão careca custou na Grande Belém R$ 8,17; em janeiro chegou a R$ 8,13 e em dezembro de 2014 o valor era de R$ 8,08.

O economista Roberto Sena, supervisor técnico do Dieese, diz que ainda não se sabe quanto exatamente vai ser cobrado pelo pão careca, mas diz que o reajuste será inevitável. “Como o valor do dólar ultrapassou os R$ 3,00, a tendência para este mês de março é de novas altas  no pão mais consumido pela população e nos demais derivados do trigo, que sofreram reajuste também. Só quem ganha com a disparada do dólar são os exportadores, todo o restante da sociedade perde, principalmente os consumidores, já que vários produtos que chegam até nós são importados.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Pará (Sindipan-PA), Elias Pedrosa, o preço do pão francês no Pará estava estável há cerca de sete anos. No entanto, além da mudança no cenário econômico, em março é a data-base dos funcionários das padarias. “Além disso, também enfrentamos a alta do preço da energia elétrica, que aliás as padarias têm absorvido esse reajuste. Somando tudo isso com a alta do dólar, realmente fica difícil segurar o preço do produto”, ressaltou.

Pedrosa diz que os impactos do reajuste para o empresário exige dos empresários ações para reduzir custos. “Ninguém gosta de aumentar o preço. Com o aumento de preço acontece uma diminuição de consumo. As padarias não têm interesse, mas às vezes chegam em uma situação em que precisam aumentar, se não não sobrevivem. Este é o momento para que as padarias revejam suas planilhas de custos com atenção. Se ela não conseguir calcular corretamente e passar o valor para o consumidor, pode chegar a sofrer com a crise financeira e quebrar”, avalia o presidente do Sindipan.

CREMAÇÃO

Patrícia Cardoso, 43, é proprietária de uma panificadora na Cremação, periferia de Belém. Há 22 anos ela atua no ramo da panificação e diz que é comum ter alta no valor do pão devido à valorização do dólar, principalmente em início de ano. “Nossos fornecedores de trigo já avisaram que o valor do trigo vai aumentar. Enquanto eles não repassarem para nós o valor do reajuste, a gente consegue segurar o valor do pão francês e também dos outros produtos, já que 90% dos nossos produtos são a base de trigo. Na verdade já era para ter aumentado. Creio que eles (os fornecedores) devem ter um estoque de trigo, mas assim que acabar não vai ter como segurar os preços”, ressaltou.

Segundo ela, a situação é prejudicial aos negócios, pois afasta os clientes. “O pão francês é um dos nossos carros-chefes. Sempre que têm alta de preço como esse que está previsto as vendas caem um pouco porque os clientes costumam diminuir a quantidade de pães que compram”, comentou a empresária.

Já para Aécio Alves, 29 anos, sócio-proprietário de uma padaria no Marco, todo mês a padaria enfrenta reajustes no preço do trigo e nem sempre repassa ao consumidor. “Nossa família administra esta padaria há 20 anos e a gente sempre vê o aumento do trigo. Sempre varia entre R$2 ou R$3. Em um mês a gente compra a saca de trigo a R$98, no outro mês o preço já caiu. Então vamos tentando administrar essas oscilações sem afetar tanto o consumidor”, afirmou Alves.

A notícia do possível aumento do pão desagradou a administradora Raquel Almeida, 28 anos. Na casa onde mora com a mãe, de 54 anos, e a irmã, de 25 anos, o pão francês é gênero de primeira necessidade. “Já tentei parar de comer várias vezes para não controlar meu peso, mas não resisto. Em casa sempre tem um pãozinho quentinho no café da manhã e no lanche da tarde. Com esse aumento, vou precisar diminuir ou até cortar o consumo de pão. Tudo está mais caro, o combustível, a luz, nem o pão livraram”, afirmou.

A dona de casa Maria Raimunda Nascimento, 48 anos, ajuda a administrar o orçamento familiar e prevê impactos negativos na mesa da família. “Com tantos aumentos, juros e inflação, tem mais essa. Em casa sempre tem pão careca de manhã, de tarde e às vezes de noite também, e acredito que na casa de qualquer brasileiro é assim. No mês, costumamos gastar cerca de R$ 60 com o pãozinho, agora com esse aumento que estão falando com certeza vamos ter que reduzir a quantidade de pães ou deixar para comer só em alguns dias na semana”, lamenta.



Veículo: O Liberal - PA


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