Mercados emergentes entram no radar de expansão do setor cafeeiro

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Em entrevista exclusiva, presidente da Illycaffè aposta na expansão do consumo de café espresso em países como China, Coreia do Sul e Vietnã no lugar do chá; quebra de safra aumenta preços

 



Mudanças culturais, globalização e absorção de hábitos ocidentais colaboraram para que os mercados emergentes, principalmente da Ásia e Oriente Médio, entrassem no radar de expansão para o café, apesar das quebras de safra nos maiores países produtores do mundo e dos aumentos nos preços do grão.

Em entrevista exclusiva ao DCI, o CEO global da Illycaffè, Andrea Illy, conta que o consumo da bebida tem conquistado espaço entre os orientais, onde tradicionalmente se consumia chá.

"Na Europa, o consumo já está praticamente estabilizado. Cerca de 85% dos europeus tomam café espresso. Nos Estados Unidos ainda temos margem para crescer, mas o percentual também já está próximo de 80%. Entre os emergentes é onde temos mais espaço para aumentar, inclusive entre os países produtores, como o Brasil", explica o executivo.

Além do mercado

Presente em 140 países, a Illycaffè produz e comercializa um blend de café espresso de alta qualidade, 100% arábica. Nas estimativas do CEO, este mercado deve avançar 2,5% em 2015, enquanto a companhia tem o crescimento projetado entre 6% e 7%. Apesar do foco nos emergentes, os norte-americanos continuam sendo responsáveis pelo maior volume de negócios.

"Em relação ao Brasil, temos grande participação na compra direta e fazemos um acompanhamento junto aos cafeicultores. O produto brasileiro tem um aroma achocolatado e muito corpo, o que é importante para a produção de alta qualidade", diz Illy, ao destacar que 50% do café que vai ao blend é do País.

Em 2014, a companhia registrou faturamento global na média entre 30 e 40 milhões de euros, sendo 10% da receita revertida em investimentos para abertura de novas lojas e escritórios regionais. Atualmente, a empresa conta com 1.052 pontos de venda no Brasil, ante os 623 que haviam em 2013.

O executivo está no Brasil para a entrega do 24º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café Espresso, que acontece hoje. Outro evento relacionado à empresa é a Expo 2015 em Milão, entre 1º de maio e 31 de outubro deste ano, que deve movimentar em torno de um bilhão de euros e apresentar as principais inovações do setor, com a participação de 144 países. A expectativa é de 20 milhões de visitantes.

Produção e preços


Questionado sobre a cadeia produtiva do café, o CEO afirma que o setor está vivendo uma fase "dinâmica". Os principais países produtores estão sofrendo com o aquecimento global e apresentam quebras de safra seja por excesso de chuvas ou estiagem.

"Na última safra vimos isso no Brasil. Na América Central houve queda de 25% na produção. Na Colômbia, o excesso de chuvas gerou perdas de quase 50%. Estes prejuízos fizeram com que o preço fosse lá em cima", enfatiza. Além disso, os estoques já estão em níveis menores e, para Illy, pode até acontecer a falta de matéria-prima. Seguindo a mesma linha de raciocínio, esta possibilidade já havia sido levantada pelo presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, conforme publicado no DCI.

O dinamismo citado pelo executivo da Illycaffè acontece porque os valores internacionais do grão também foram afetados pelo movimento de baixa nas commodities, causado pela queda nos preços do petróleo. "Dentro do Brasil houve uma compensação porque o dólar está alto, mas a partir do momento em que houver alguma modificação na moeda norte-americana, o País deve sentir os mesmo efeitos externos", comenta.

Safra brasileira

A Fundação Procafé, contratada pelo Conselho Nacional de Café (CNC) para um levantamento de campo inédito, divulgou ontem um relatório que projeta uma colheita nacional entre 40,30 e 43,25 milhões de sacas de 60 quilos.

A estimativa implica em uma quebra de 4,61% a 11,12% na comparação com as 45,342 milhões de sacas colhidas em 2014. Do total estimado, entre 30 milhões e 32,150 milhões de sacas se referem à variedade arábica, recuo de 0,48% a 7,14% na comparação com as 32,3 milhões de sacas de 2014. A produção brasileira de conilon (robusta) é prevista entre 10,3 milhões e 11,1 milhões de sacas, intervalo que implicará queda de 14,85% a 20,99% em relação às 13,036 milhões de sacas no ano passado.

A estimativa difere da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), que no seu primeiro relatório para a safra cafeeira projetou uma colheita de 44,11 a 46,61 milhões de sacas, o que significa uma redução de apenas 2,7% a um crescimento de 2,8% no comparativo anual.

Em contrapartida, apesar de os embarques de café verde (arábica e robusta) terem recuado 8,4% em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2014, as exportações no acumulado da temporada (de julho do ano passado a fevereiro de 2015) estão 12% maiores no comparativo com igual intervalo da safra anterior. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços recebidos pelos exportadores também aumentaram. No caso do arábica, o salto foi de 75%, enquanto o conilon subiu 30% no período avaliado.



Veículo: DCI


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