Exportações agrícolas gaúchas crescem 6,37%

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Aumento de janeiro em relação ao mesmo mês de 2014 foi impulsionado pelo trigo, mas esconde quedas importantes

 



O agronegócio gaúcho exportou US$ 602 milhões em janeiro de 2015, 6,37% mais do que no mesmo mês de 2014, de acordo com relatório da assessoria econômica da Farsul. No entanto, o crescimento foi puxado por produtos como o trigo e mascara quedas importantes, como soja, carnes e arroz. "Crescer sempre é positivo. O que nos preocupa é a qualidade dessas exportações", pondera Antonio da Luz, economista da Farsul.

O trigo gaúcho foi um dos produtos que alavancaram as exportações em relação a janeiro de 2014, com crescimento de 1.958,7%. No entanto, esse produto é de baixa qualidade, devido aos problemas climáticos da última safra. Os triticultores, sem encontrar mercado no Brasil, o vendem a preços baixos para mercados internacionais dispostos a absorver a produção.

O mesmo cenário pode ser observado no leite. De acordo com o relatório, as exportações de leite UHT e leite em pó cresceram 88,66%, contribuindo para o aumento geral do grupo lácteos em 652,49% em relação a janeiro de 2014. Os preços, no entanto, estão menores e não animam os produtores. "Qualitativamente, janeiro foi um ano ruim para o agronegócio gaúcho", diz Luz.

Enquanto isso, grupos importantes sofreram quedas em comparação a janeiro de 2014, como o complexo soja (-10,65%) e as carnes (-8,38%), além do arroz (-35,50%). As carnes bovina e suína foram destaques positivos do mês, com aumentos nas exportações de 7,24% e 6,44%, respectivamente. A má notícia foi o frango, que despencou 14,98% e puxou as carnes para o negativo.

Outros produtos com crescimento foram os animais vivos (170,59%), os produtos e subprodutos da indústria de moagem (659,50%) e o fumo e seus produtos (15,13%). A aveia, com aumento de 61,91% nas exportações em relação a janeiro de 2014, contribuiu para o saldo positivo do grupo cereais (209,5%), ao lado do trigo.

Principal destino das exportações do agronegócio gaúcho, correspondendo a 34,97% em 2014, a China teve queda expressiva. O Estado exportou, em janeiro, 42,96% menos para o país asiático em comparação com o mesmo mês do ano passado. A explicação é a deficiência logística diante da forte concorrência dos americanos no mercado internacional. "Enquanto os Estados Unidos tiverem produto para colocar no mercado, nós vamos passar por esse tipo de dificuldade", afirma Luz. Com isso, o maior destino das exportações em janeiro de 2015 foi a União Europeia, com participação de 26,88%. Em segundo lugar está a Coreia do Sul (8%), seguida pela Tailândia (6,4%).

O Rio Grande do Sul importou cerca de US$ 79 milhões em mercadorias do agronegócio em janeiro, segundo dados da Farsul. O número representa aumento de 13,43% em relação ao primeiro mês de 2014. Mais da metade das importações tem como origem o Mercosul (66,51%).
Câmara do Arroz e Conab devem aproximar suas tabelas de custos

O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz e Comissão do Arroz da Farsul, Francisco Schardong, considerou extremamente positiva reunião realizada ontem, na sede da CNA, em Brasília, que tratou sobre a tabela de custos de produção da Conab. Segundo Schardong, há indicação de que antigos pleitos dos arrozeiros, como divisão de levantamentos, serão atendidos.

Schardong acredita que no próximo encontro, que acontecerá em março, no Rio Grande do Sul, o arroz sequeiro e o irrigado já contarão, cada um, com uma tabela específica de custos. Dessa forma, os preços mínimos determinados pela Conab se aproximarão mais da realidade dos valores praticados no mercado. Isso garantiria mais tranquilidade ao produtor. "Hoje, se acontece qualquer intempérie, o produtor receberá do seguro entre R$ 25,00 e R$ 27,00 o saco, enquanto está vendendo no mercado por R$ 40,00. Para se fazer um empréstimo no banco, se trabalha com o custo da Conab, e não tem mais condições de seguir dessa forma", comenta.

Outro ponto levantado pelo dirigente é a necessidade de criação de uma padronização do cálculo. "É preciso tentar equalizar para que, quando se for trabalhar um custo de produção, se terá sempre a realidade ao seu lado", destaca.

Ele ressalta que a Conab usa alguns mecanismos de cálculo diferentes dos aplicados pelas entidades, como o uso da água na irrigação. "A Conab não tem um bom conhecimento de como funciona uma lavoura. Quando se fala em irrigação, existem vários tipos aplicados na produção do arroz, cada um tem um preço", explica. Para isso, no encontro de março, será realizado um painel para levantamento dos custos de produção com a participação de arrozeiros.

Conforme Schardong, a intenção é de que, na próxima safra, o produtor já inicie o plantio com um preço mínimo mais condizente com o mercado, que cubra realmente os custos de produção.
Liquidez recua, mas cotação do trigo segue firme

As negociações no mercado de trigo em grão se enfraqueceram nos últimos dias, porém os preços se mantêm firmes. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), muitos moinhos estão apenas recebendo o grão negociado anteriormente, e produtores permanecem voltados para a safra de verão, além de que acreditam que a alta do dólar possa valorizar o cereal nos próximos meses. Para completar, a paralisação dos caminhoneiros tem comprometido a entrega do grão nos últimos dias.

No Rio Grande do Sul, a oferta de trigo está um pouco maior que no Paraná, devido à necessidade de liberação de espaço nos silos para a soja. Porém, como o Estado gaúcho teve sérios problemas climáticos durante o desenvolvimento da cultura, boa parte da sua produção ficou sem valor comercial para os moinhos do mercado brasileiro, sendo destinada à exportação para países africanos e asiáticos ou para ração animal.

Esse cenário também eleva a necessidade de importação do cereal para atender a demanda nacional pelo grão, que é estimada pela Conab em 12,2 milhões de toneladas, volume 5,9% maior que o da safra anterior.
Baixa demanda e colheita seguram preços do arroz

O preço do arroz em casca no Rio Grande do Sul segue em queda desde o final de janeiro. A pressão vem das beneficiadoras já abastecidas via lotes que começam a ser colhidos e das aquisições efetuadas em janeiro deste ano, sejam no mercado spot ou nos leilões do governo federal. As indústrias beneficiadoras estão à espera do avanço da colheita no próximo mês, ao mesmo tempo em que relatam redução da demanda de seus clientes.

Segundo representantes das indústrias consultados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), após a reposição dos estoques nas primeiras semanas de 2015, atacadistas e varejistas reduziram o ritmo de compra.

Neste cenário, o Indicador Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa - Rio Grande do Sul, 58% grãos inteiros - fechou a R$ 36,53 a saca de 50 quilos na terça-feira, dia 24, recuo de 2,73% na comparação com o dia 18 e de 5% no acumulado do mês.



Veículo: Jornal do comércio - RS


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