Apesar de câmbio favorável, custos e burocracia dificultam as exportações

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A desvalorização do real frente ao dólar poderia impulsionar as vendas externas da indústria farmacêutica, mas a demora para obter licenças e a alta nos insumos têm impedido os negócios

 



O câmbio no atual patamar pode favorecer as exportações de medicamentos. Mas a alta nos custos de produção e a burocracia ainda fazem o produto brasileiro perder competitividade no mercado externo, dizem profissionais do setor.

"A desvalorização do real frente ao dólar sempre ajuda na exportação, entretanto, outros fatores têm afetado a competitividade do produto nacional", avalia o diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Pedro Bernardo.

De acordo com ele, a indústria farmacêutica não tem sido de fato beneficiada pelo novo patamar do dólar, em torno de R$ 2,85, devido a dependência dos insumos importados, que acompanham a valorização da moeda norte-americana. Além disso, pesa sobre o setor a burocracia na obtenção de licenças.

"Por isso a competição no mercado internacional não pode se basear apenas no câmbio, e o Brasil ainda precisa avançar em ganhos reais de competitividade", diz.

Para o presidente Blanver, Sérgio Frangioni, a desvalorização do real deixa os produtos brasileiros mais competitivos, mas a empresa depende da estabilidade cambial no longo prazo para consolidar as exportações.

A Blanver planeja aumentar as vendas este ano, impulsionada pelas exportações para países da Ásia, além de parcerias com o governo para garantir as vendas internas.

Na opinião do diretor da Interfarma o Brasil ainda precisa avançar na criação de uma plataforma de incentivo contínua para o setor e bem estruturada. "Os efeitos do investimento não aparecem no curto prazo", comenta.

O presidente do Cristália, Ogari Pacheco, conta que para atingir um nível interessante de vendas externas foram necessários anos de investimento em pesquisa para desenvolver os produtos que hoje são competitivos no mercado internacional. Ele reconhece também que o processo para obter as licenças de comercialização dos produtos, tanto no Brasil como em outros países, é demorado.

"O que nós fazemos é prospectar parceiros em outros países, que registram o produto lá fora", explica ele. No mês que vem, o Helleva - medicamento para disfunção erétil criado pela farmacêutica - começará a ser exportado para o México, por meio de parceria com uma empresa local.

"Nossos principais clientes hoje estão nos mercados da América Latina e do Oriente Médio", destaca Pacheco.

O complexo Cristália, que fabrica remédios acabados e matéria-prima, espera ampliar a participação das exportações nos resultados de 6% para 10% este ano. "Como o mercado interno está mais difícil, a exportação aparece como uma alternativa", ressalta Ogari Pacheco.

A gigante Pfizer também está atenta ao potencial da América Latina. A farmacêutica norte-americana inaugurou no mês passado a ampliação de sua fábrica em Itapevi (SP) e prevê aumentar gradativamente o volume exportado, que hoje representa 34% da produção da unidade.

Os medicamentos produzidos na unidade paulista da Pfizer são destinados aos mercados do Chile, Argentina, Uruguai, México, América Central, Caribe, Venezuela, Peru, Colômbia e Equador.

Já a paranaense Prati-Donaduzzi, que fabrica genéricos, tem no mercado norte-americano o principal cliente fora do País e um dos mais exigentes para aprovação dos medicamentos importados.

"Nós investimos na adaptação do produto para cada país, atendendo as exigências de cada regulação, não é um processo fácil", explica o presidente da Prati, Luiz Donaduzzi.



Veículo: DCI


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