Minerva fará novos investimentos na América do Sul

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O frigorífico Minerva Foods elegeu a América do Sul como prioridade para novas aquisições. Na região, não há planos para compras no Brasil, mas a companhia olha os mercados do Uruguai, Paraguai e Colômbia e quer ampliar a presença nesses países, de acordo com os executivos da empresa, que estão em Nova York para fazer uma apresentação a analistas e investidores estrangeiros.

 

 



"Nosso objetivo é crescer na América do Sul. Pelo lado da oferta de carnes não vemos vantagem comparativa em outras regiões a não ser nesta", afirma o vice-presidente Financeiro da Minerva Foods, Edison Ticle, em uma conversa com jornalistas.

Países como Brasil, Uruguai e Colômbia, diz ele, possuem o que é preciso para serem competitivos no mercado mundial de carnes, como terras, água e rebanho considerável. Na Austrália, por exemplo, ele cita que há o problema crônico de seca e, nos Estados Unidos, de terras.

Para os executivos da empresa, a América do Sul é a única região do mundo capaz de conseguir aumentar a produção de carnes de forma consistente. " a região que vai continuar crescendo e vai ser responsável pela maior parte da oferta de carne no mundo nos próximos anos", disse Ticle.

Pelo lado da demanda, o presidente executivo (CEO) da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, destaca que a maior procura por carne virá de países emergentes, como China, mas também de regiões como Oriente Médio. Por isso, ele conta que a estratégia da empresa é ter escritório nos principais locais onde há crescimento de consumo, como Rússia, Oriente Médio (Líbano e Argélia) e na China, todos tocados por pessoas dos próprios países.


Fora do plano - Enquanto quer comprar novos frigoríficos em países como Uruguai e Paraguai, a Minerva Foods não tem no momento o mesmo plano para o mercado brasileiro. "No Brasil, a empresa está com o parque que considera ideal", afirma Ticle.

No mercado local, a Minerva comprou recentemente três frigoríficos, um em Minas Gerais e outros dois em Mato Grosso, que pertenciam à BRF. "A prioridade da empresa agora é integrar e extrair sinergias dessas aquisições, mas continuamos com nosso plano de investimento", disse Ticle.

A expectativa é de que a integração total das unidades deve ser concluída no terceiro trimestre de 2015. Por isso, o reflexo completo das aquisições nos números da empresa só devem ser percebidos no balanço no ano que vem. Um dos desafios da Minerva, dizem os executivos, é melhorar as margens das unidades compradas da BRF, que estavam ao redor de 5%, menores que as praticadas pelas plantas da Minerva, ao redor de 10%.

Com as novas plantas brasileiras, mais outra comprada no Uruguai este ano, a capacidade de abate da empresa cresceu 40% em 2014.

Frigorífico é cauteloso quanto ao mercado brasileiro

As incertezas sobre qual será a equipe econômica no segundo mandato de Dilma Rousseff e as denúncias de corrupção na Petrobras e nas empreiteiras aumentaram muito a volatilidade no mercado de bônus nos últimos dias, avalia o vice-presidente Financeiro da Minerva Foods, Edison Ticle, em uma conversa com jornalistas ontem. "O mercado está muito volátil para Brasil. Se (a Minerva) tivesse uma emissão para fazer na agenda, certamente não faria agora", afirma o executivo. Anteontem, a Marfrig teve que cancelar uma emissão para recompra de bônus, por conta das condições desfavoráveis para empresas brasileiras neste mercado.

Ticle diz que a Minerva tem ao redor de R$ 2 bilhões em caixa e não precisa captar agora, mas sempre avalia a possibilidade de recomprar papéis emitidos no passado para melhorar seu perfil de endividamento. "Sempre que o mercado dá alguma oportunidade, a gente acaba fazendo recompra", diz ele. No ano passado, o bônus da empresa chegou a operar abaixo do valor de face e a Minerva recomprou quase US$ 150 milhões em papéis.

O executivo cita que os papéis da Minerva no mercado secundário de bônus acabaram não sendo afetados pela volatilidade maior dos últimos dias e estão sendo negociados acima do valor de face. Por um lado, esse movimento acaba inibindo estratégias de recompra dos papéis neste momento, avalia.

Por causa dos problemas da Petrobras, os papéis da petroleira, que é grau de investimento, vêm sendo negociados com um rendimento (yield) maior que a Minerva, que está três níveis abaixo do classificação grau de investimento. Já os papéis de algumas construtoras envolvidas nas denúncias e que tiveram prisões de executivos foram ainda mais penalizados e chegaram a ser negociados bem abaixo do valor de face.

A Minerva não precisa, por enquanto, de recursos para financiar o plano de investimento, que somou mais de R$ 200 milhões nos 12 meses encerrados em setembro. Para 2015, os gastos (capex) são de manutenção, o que exigiria desembolsos da empresa entre R$ 25 milhões e R$ 40 milhões. A companhia, porém, não dá projeções oficiais. "Só faz sentido ir a mercado para captar recursos se for para fazer operação que consiga reduzir custo de dívida", disse Ticle.

"O cenário está muito incerto para Brasil", disse o executivo, destacando que esse fenômeno deve ser temporário, melhorando, por exemplo, com a definição dos nomes para o governo. Se há volatilidade no mercado financeiro, ela é embutida nos preços das emissões, destaca o executivo. (AE)




Veículo: Diário do Comércio - MG


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