Vendas de varejistas têm queda inédita na China

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Por Ken Moriyasu | Nikkei, de Dalian (China)

As vendas das cem maiores varejistas chinesas recuaram 0,2% no primeiro semestre, comparadas ao mesmo período do ano passado. Trata-se da primeira queda ano a ano desde que a coleta desse tipo de informação teve início, em 1996.

Uma queda no consumo seria um revés no esforço do governo de estimular a demanda interna, como forma de mudar o modelo de crescimento, que hoje é dependente demais das exportações e dos investimentos de capital.

O Centro Nacional de Informações Comerciais da China, órgão ligado ao governo do país, consultou operadoras de lojas de departamentos e de supermercados com faturamento anual de pelo menos 100 milhões de yuans (US$ 16,1 milhões), excluindo o comércio eletrônico e empresas de capital externo. As vendas dessas empresas tiveram crescimento de dois dígitos ao ano no mesmo período de seis meses em 2013.

O total das vendas do varejo de produtos de consumo registradas pelo Departamento Nacional de Estatística chinês tinha permanecido sólido por todo o mês de junho. Mas esse número refletia os gastos totais, incluindo varejo on-line, automóveis e alimentos. A pesquisa de empresas individuais mostra as dificuldades enfrentadas pelas grandes varejistas, que trabalham com uma ampla linha de produtos.

As pressões do presidente Xi Jinping em favor da frugalidade e contra a corrupção estão causando abalos no consumo. O crescimento do comércio eletrônico tem sua influência também.

As vendas de ouro, prata e joias desabaram 16,9% nas lojas pesquisadas. Mais de 200 mil servidores públicos civis foram punidos por suborno, o que, muito provavelmente, deprimiu a demanda por presentes.

Entre as redes de lojas especializadas, que não participaram do levantamento, a tendência foi a mesma. A varejista de produtos eletrônicos de consumo Suning Commerce, controladora da varejista japonesa de eletrodomésticos Laox, caiu para o vermelho no semestre, ao registrar um prejuízo líquido de 749 milhões de yuans. Suas vendas recuaram 7,9%, para 51,1 bilhões de yuans.

O site especializado em dados do varejo Linkshop informou que 158 lojas fecharam no primeiro semestre - o que se traduz numa alta ano a ano de 350%. A Post Mart, administrada pela China Post e pelo grupo americano Horizon, desativou 98 pontos de venda. Nove lojas da Wal-Mart fecharam as portas e a sul-coreana Lotte Mart encerrou as atividades de cinco lojas.

"Além da ordem em favor da frugalidade, a desaceleração do crescimento da renda disponível também teve impacto", diz Mihoko Hosokawa, pesquisadora do Mizuho Bank da China. "Os setores de aço, carvão e petróleo, em especial, sobrecarregados pelo excesso de produção, não podem aumentar os salários."

O setor de serviços (que inclui o comércio varejista) chinês estagnou em julho, apesar de o governo ter adotado medidas de estímulo à economia. O índice PMI elaborado pelo banco HSBC ficou em 50, o que indica estagnação do setor.



Veículo: Valor Econômico




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