Lactalis eleva valor de oferta por ativos da LBR

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Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo

A francesa Lactalis elevou em R$ 100 milhões sua oferta pelas unidades produtivas isoladas (UPIs) da LBR-Lácteos Brasil, à venda dentro do plano de recuperação judicial da empresa brasileira. A venezuelana Unaquita, por sua vez, fez uma segunda proposta, mas com valor menor que a primeira que havia apresentado em meados de julho.

Pela nova oferta da Lactalis, apresentada ontem em assembleia geral de credores da LBR, a empresa francesa se dispõe a pagar R$ 250 milhoes à vista por cinco UPIs da LBR: Líder, Fazenda Vila Nova, Barra Mansa, Boa Nata (unidades em Curral Novo e Pouso Alto e a marca Boa Nata) e Poços de Caldas. Além das UPIs, a proposta também envolve a aquisição de sede, escritórios administrativos e "outras atividades de suporte" do grupo LBR. A proposta anterior previa o pagamento de R$ 150 milhões à vista pelos mesmos ativos.

Assim como na proposta original, a Lactalis condiciona a nova oferta à rescisão dos contratos de uso da marca Parmalat pela LBR. A francesa Lactalis é controladora da italiana Parmalat S.p.A e é dona da marca Parmalat, que está em uso, sob licença, pela LBR no Brasil até 2017.

A Lactalis argumenta que "a Parmalat S.P.A possui créditos em face do grupo LBR" (concursais e pós-concursais) por conta da licença da marca, e por isso condiciona a compra das unidades à rescisão de todos os contratos de uso de marca Parmalat existentes hoje. A Lactalis quer reaver a marca Parmalat no Brasil para comercializar principalmente leite UHT e considera que pode rescindir o contrato, já que a LBR tem dívidas relativas à licença da marca.

O aumento do valor da oferta pelos ativos da LBR mostra a disposição da Lactalis de investir para ampliar seus negócios no país.

Já a Unaquita, que é controlada pelos grupos venezuelanos Cisneros e Fernandez, decidiu apresentar uma segunda proposta por ativos da LBR, após perceber resistências a alguns pontos da primeira oferta, que ainda é válida.

A primeira proposta prevê o pagamento de R$ 535 milhões, por sete unidades da LBR (São Gabriel, Líder, Fazenda Vila Nova, Barra Mansa, Ibituruna, Poços de Caldas e Bom Gosto), além de direito a uso da marca Parmalat até 2017 (quando vence a licença da LBR) e de assumir o consórcio que a LBR toca nas unidades de Ibituruna e Guaratinguetá.

A segundo proposta prevê a aquisição das mesmas sete UPIs, mais a unidade Boa Nata, por R$ 395 milhões. O valor é menor porque a oferta não contempla o uso da marca Parmalat e a participação no consórcio.

Pela primeira proposta, a Unaquita pagaria R$ 35 milhões à vista. Outros R$ 300 milhões seriam pagos em 120 parcelas mensais de R$ 2,5 milhões. Após 123 meses, a empresa venezuelana pagaria mais uma parcela única de R$ 200 milhões à LBR. A Unaquita também propõe investir R$ 110 milhões em capital de giro.

Na segunda opção, apresentada ontem, a venezuelana pagaria R$ 75 milhões à vista, mais 120 parcelas de R$ 2 milhões, e uma parcela única de R$ 80 milhões após 123 meses. Também nesse caso, haveria investimento de R$ 90 milhões para capital de giro.

As duas propostas preveem transferência da maior parte dos trabalhadores da LBR para a Unaquita, disse Fábio Rosas, advogado da empresa venezuelana.

Uma fonte próxima à LBR considera que as ofertas "evoluem na direção certa", e observou que a que propõe transferência de funcionários significaria uma redução de R$ 25 milhões nos custos da LBR.

A assembleia de credores da LBR, que foi suspensa e continua hoje, está analisando as propostas de 15 empresas. Ontem, a Value Bridge retirou a oferta que havia feito. A Italac, que não tinha feito proposta formal, também desistiu. Mas surgiram outras duas novas ofertas por UPIs, do Laticínios Jussara e da Tirol. A Jussara fez proposta por São Gabriel e a Tirol, pelas unidades de Tapejara e por parte de UPI Líder. Duas proponentes, Deale e Marcelinense não compareceram à assembleia.


Veículo: Valor Econômico


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