Galerias e hipermercados acirram a competição

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A redução dos gastos iniciais incentiva quem deseja começar um pequeno negócio dentro de um hipermercado. A Yoi! Rolls & Temaki abriu a primeira franquia no Walmart e planeja partir para a segunda em breve. Rogério Frut, criador e sócio da empresa, comenta que o shopping center beneficia o franqueado por ser uma boa vitrine. "Mas é um espaço caro para os pequenos", diz.

Nos hipermercados, o faturamento menor é compensado pelos gastos reduzidos, o que garante a rentabilidade. Pelo quiosque do Walmart, o franqueado da tamakeria paga R$ 3.500,00, valor acrescido de uma conta de água, em 13 parcelas anuais. "Não é o mesmo volume de um shopping, mas é um negócio que gira o dia todo e com custos bem inferiores", reforça.

Alugar espaços em hipermercados tem sido uma alternativa valorizada pelas franquias. Marcelo Cherto, presidente do grupo Cherto, conta que nos últimos anos, os franqueados têm diversificado. Partiram para hipermercados, universidades e hospitais.

Nos caso dos grandes mercados, o interessado em abrir uma lojinhas está livre de pagar a luva, preço cobrado pelo ponto independentemente do pagamento mensal do aluguel. "O aluguel desses espaços existia como um negócio, mas não era visto como um business para valer", diz Cherto.

Os espaços para locação fora dos shoppings estão em alta. Apesar do temor em relação à segurança, as ruas continuam uma opção interessante e as galerias seguem atraindo comerciantes. Na Galeria Flórida, localizada na rua Augusta, existem 34 lojas alugadas. Casas de câmbio, de velas, cabeleireiros e alfaiates dividem o espaço com escritórios e atelier de restauração.

Os pequenos empresários beneficiam-se do movimento neste ponto da cidade de São Paulo. O alfaiate Valmir Silva, de 55 anos, está há dez anos na galeria. "Só pretendo abandonar o ponto dentro de 20 anos, quando eu me aposentar", diz. Apesar de contar com uma cartela de clientes, o alfaiate potencializa o negócio por estar na rua Augusta e próximo da avenida Paulista. Pelo aluguel paga-se 12 parcelas anuais, os gastos com água estão incluídos no condomínio e cada loja arca com a sua própria conta de luz.

O fluxo de pessoas também atrai varejistas para os aeroportos. Em expansão pelo Brasil, as unidades " Lanche Popular " oferecem aos passageiros que frequentam os aeroportos 15 itens básicos com preços controlados, definidos a partir de pesquisas de mercado. Desde 2012, quando inaugurou a primeira loja, o negócio avança. Existem dez unidades espalhadas pelos terminais brasileiros.

Segundo a Infraero, nas concessões para as atividades de varejo, alimentação e serviços dentro dos terminais de passageiros os contratos vigoram por 60 meses. Compensa-se o aluguel elevado com o ritmo frenético de consumo. Marcas internacionais conhecidas disputam o espaço comercial em aeroportos.

A Dufry seguiu esse caminho e trouxe a Hudson News para o Brasil. Segundo o presidente, Humberto Mota, o plano de expansão contempla os principais aeroportos com um mix de produtos que tem garantido êxito de vendas e público. Há cinco lojas em Brasília, Guarulhos e Natal, que ocupam uma área total de 636 m2. Outras cinco deverão ser inauguradas até o final do ano. Presente nos Estados Unidos e do Canadá, a rede de conveniência vende principalmente livros, jornais, revistas, comestíveis e eletrônicos.

Atenta a esse mercado de artigos úteis para quem vai viajar, a Saraiva inaugurou em junho deste ano uma loja no aeroporto Internacional Afonso Pena, região metropolitana de Curitiba (PR). A empresa, que iniciou aterrissagem nos aeroportos no ano passado, dispõe de três lojas em terminais. Também está presente em Guarulhos (SP) e em Manaus (AM).

No começo de junho, a GPA Malls, do Grupo Pão de Açúcar, e o Carrefour Property participaram da ABF Franchising Expo 2014. As empresas apresentaram ao público a área de gestão das propriedades dos grupos varejistas, que conta com uma divisão especializada em Malls.

A comercialização e o gerenciamento das lojas nas galerias comerciais dos supermercados converteu-se em uma área de elevada rentabilidade para as grandes redes. Isadora Sbrissa de Campos, diretora de operações e marketing do GPA Malls, conta que com a chegada do Casino ao país, as galerias adquiriram importância maior para o grupo. "A direção estratégica global foi trazida para o Brasil sem descuidar da realidade brasileira", diz.

Existe o cuidado de estudar o consumidor local e alugar espaços tanto para marcas regionais como nacionais e de trazer o varejo que não compete com o supermercado. Pesquisas com lojistas e consumidores finais apontaram que em alguns casos era recomendável reduzir o tamanho do hipermercado para disponibilizar mais áreas para as galerias. "Sem dúvida, a tendência é reduzir o tamanho das grandes lojas no longo prazo e ampliar o espaço das galerias", diz.

Montou-se uma equipe comercial para prospectar lojistas. A divisão administra 3,5 mil contratos com lojistas e parceiro e 200 galerias comerciais no Brasil em 290 mil m2 de área para locação. Para dezembro de 2014, está prevista a inauguração do Conviva Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro, resultado da expansão e revitalização da galeria comercial do Extra Hiper. Com mais de 13 mil m2 de Área Bruta Locável (ABL), terá 50 lojas destinadas para compras, serviços e alimentação.

Com 260 mil m2 de área para locação, o Carrefour atrai marcas conhecidas e também pretende potencializar essa unidade de negócio. Um dos projetos da divisão, contempla a remodelação de um edifício no Jardim Paulista, em São Paulo, onde existe um hipermercado Carrefour. Ali serão 15 mil m2 de ABL, com 60 lojas de diversos segmentos. Outro projeto prevê a renovação de um espaço antigo na Marginal Pinheiros. Aquela que foi a primeira loja do Carrefour, em 1975, será convertida em um novo hipermercado e haverá a renovação das galerias.



Veículo: Valor Econômico


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