Intenção de consumo em SP é a mais baixa desde 2009

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Por Francine De Lorenzo | De São Paulo

Há mais de quatro anos que o apetite dos paulistanos por compras não é tão baixo como o visto atualmente. Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostra que, no mês passado, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu a 113,6 pontos, o menor patamar desde que a pesquisa começou a ser feita, em agosto de 2009.

O desejo de comprar recuou 11,4% em relação a maio do ano passado e foi 5,1% menor do que em abril, considerando dados sem ajuste sazonal. Os sete quesitos que compõem o ICF registraram retração tanto na passagem de abril para maio quanto na comparação com o mesmo mês de 2013.

"Há uma insatisfação generalizada, causada por um conjunto de fatores, que inclui a inflação acelerada, o encarecimento do crédito e greves no transporte público. Com o orçamento apertado e sem uma previsão de melhora, os consumidores preferem adiar suas compras", disse ao Valor o assessor econômico da FecomercioSP, Guilherme Dietze. Para ele, enquanto a economia não der sinais de fortalecimento, a tendência continuará a ser de queda na intenção de consumo das famílias.

Dentre os quesitos analisados pela FecomercioSP para a composição do ICF, o que chama mais a atenção é o comportamento da perspectiva profissional, que caiu 9,6% de abril para maio - a maior queda entre os itens pesquisados - e recuou 16,3% frente a maio do ano passado. Desde outubro de 2009, quando o Brasil sentia os reflexos da crise internacional, os paulistanos não se mostravam tão preocupados com a carreira.

O desconforto com o futuro profissional é mais evidente entre os que ganham até dez salários mínimos. Destes, 37,6% se dizem pessimistas. Entre os que recebem mais de dez salários mínimos, esse percentual é ligeiramente menor, de 37,2%.

Os profissionais com renda de até dez salários mínimos também estão mais inseguros em relação ao emprego atual. Para 17,2% deles, a situação hoje é pior que um ano atrás. Na faixa de renda acima desse valor, tal percepção se aplica a 16,6%. Dos 2,2 mil entrevistados pela FecomercioSP, 6,7% se declaravam desempregados em maio.

"Com a atividade econômica enfraquecida, é de se esperar um aumento nas demissões. Os trabalhadores já perceberam isso", comenta Dietze. Os paulistanos também estão menos confiantes no que se refere à renda. Na passagem de abril para maio, a retração foi de 3,4% e, na comparação com maio do ano passado, o recuo chegou a 8,2%. Para 50,2% dos entrevistados, o rendimento atual é igual ou inferior ao contabilizado um ano atrás.

"Como os consumidores estão gastando mais com produtos básicos, como alimentos, há menos espaço no orçamento para compra de outros bens, sobretudo duráveis, como geladeiras e fogões, por exemplo, que têm um valor maior e dependem mais de crédito", destaca Dietze, justificando a queda de 24,9% na intenção de compras de bens duráveis no mês passado frente a um ano atrás. O acesso ao crédito, de acordo com a pesquisa da FecomercioSP, diminuiu 5,8% entre maio de 2013 e o mesmo mês deste ano.



Veículo: Valor Econômico


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