BR Pharma negocia novos financiamentos

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A Brasil Pharma busca novos empréstimos com bancos para que possa arcar com pagamento antecipado de duas emissões de debêntures, apurou o Valor, após rompimento de compromissos financeiros assumido em contrato com os investidores. A empresa ressaltou ontem, em contatos com analistas, que não pretende usar os recursos do aumento de capital aprovado para bancar parte do vencimento antecipado das debêntures. O pagamento tem que ocorrer em até cinco dias úteis, ou seja, já na próxima semana.

O saldo atualizado desses títulos era de R$ 555,3 milhões ao fim de março. A empresa informou na noite de segunda-feira que não conseguiu renegociar com seus credores - bancos gestores de fundos de renda fixa, multimercado e de previdência, entre outros - que declararam em assembleia o vencimento antecipado de duas emissões de debêntures, de 2012 e 2013. Ontem, as ações ordinárias da empresa fecharam o dia em queda de 4,29%, a R$ 3,57.

Entre os detentores do papel estão fundos do BTG Pactual (também maior acionista da empresa) Santander, Banco do Brasil, Banrisul e Caixa Econômica Federal. A BR Pharma é holding de varejo de farmácias com 1,2 mil drogarias.

Em contato com analistas, a companhia tem comentado que está buscando soluções no mercado e que tem a receber, na próxima semana, cerca de R$ 143 milhões (financiamento em moeda estrangeira), em três contratos já fechados com subsidiárias estrangeiras do Banco do Brasil, Santander e HSBC - como informado ao mercado semanas atrás.

Dois analistas ouvidos ontem pelo Valor consideram pouco provável que o grupo consiga arcar com o pagamento aos debenturistas sem recorrer aos recursos da oferta de ações. O comando da holding teria descartado aos analistas essa hipótese ontem. Procurada, a empresa não comentou o assunto.

O aumento de capital aprovado atinge R$ 400 milhões e deve ser integralizado até o fim deste mês. O BTG deve subscrever a totalidade das sobras de ações de acionistas minoritários que não acompanharem a operação. Os recursos precisam ser aplicados para reforçar posição de caixa e equilibrar a estrutura de capital da companhia.

Preocupa o mercado o custo desse possível novo financiamento com bancos. "Em que condições a empresa vai aceitar fechar esses empréstimos? E caso ocorram novas antecipações de recebíveis [na linha de contas a receber de clientes], a que taxa de desconto isso será feito hoje?", diz um analista. Melhoria da situação operacional da empresa - algo esperado para o segundo trimestre pelos analistas - pode abrir condições mais favoráveis de negociação com bancos.

A empresa tinha em março cerca de R$ 98 milhões em caixa e R$ 152,2 milhões em contas a receber de clientes - em março de 2013, eram R$ 214 milhões em contas a receber e em caixa, R$ 183,8 milhões. A companhia já vem antecipando recebíveis nos últimos trimestres, o que reduziu o valor dessa linha no balanço.

Ontem, a BR Pharma informou que não conseguiu renegociar com credores debenturistas, em conversas que já duravam algumas semanas. Essa negociação foi aberta após a empresa não ter cumprido compromissos financeiros presentes no acordo com os investidores, em emissões de 2012 e 2013. Quando isso ocorre, os investidores podem pedir antecipação de pagamento do papel, o que acabou ocorrendo.

No início do mês, a companhia propôs, por exemplo, para os papéis da primeira emissão de debêntures, a taxa do CDI mais 2,30% com vencimento em 1,24 ano - taxa anterior era atual CDI mais 1,705%. Para a segunda série (da primeira emissão), elas passariam de CDI mais 1,775% para CDI mais 2,45%, com vencimento em 1,64 ano.

 

Veículo: Valor Econômico


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