Setores têxtil e de calçados têm mudança de participação

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As barreiras comerciais adotadas pela Argentina nos últimos anos têm produzindo forte impacto nas exportações do Brasil e reduzido sua presença em vários segmentos. A participação brasileira no mercado argentino de têxteis, por exemplo, caiu de 25,4% a 22,9% em 2013, enquanto a presença dos países asiáticos aumentou de 45% a 49% no mesmo período, conforme levantamento realizado pela consultoria Investigações Econômicas Setoriais (IES).

"Esta é uma tendência que observamos, progressivamente, desde 2008", disse o analista Alejandro Ovando, diretor da IES. Segundo ele, o Brasil vem perdendo participação nos segmentos de cama, mesa, banho, especialmente, e de toda a cadeia do setor têxtil. As importações argentinas de têxteis cresceram, em valores, de US$ 600 milhões a US$ 1,533 bilhão, entre 2003 a 2013. Em termos de participação nesse mercado, em 2003, os produtos brasileiros detinham uma fatia de 35%, enquanto os asiáticos respondiam por 25%.

Com os calçados aconteceu o mesmo, segundo explicou Ovando, que estudou o setor a partir de 2008, quando Cristina Kirchner assumiu o primeiro mandato de quatro anos ao governo e reforçou substancialmente as barreiras. Até então, o governo costumava administrar o comércio por meio de licenças não automáticas e "acordo de cavalheiros" entre os fabricantes de ambos os países para limitar o volume de importação argentina nos setores denominados "sensíveis" (têxteis, calçados, linha branca de eletrodomésticos, autopeças, entre outros).

Com a chegada da atual presidente ao poder, surgiram uma série de medidas não escritas para limitar a entrada de produtos importados, até chegar às Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação (DJAI), em fevereiro de 2012, que implicou em exigência generalizada de licenças para a importação.

Em 2008, os argentinos importavam 32 milhões de pares de calçados, que baixaram a 19 milhões de pares, em 2013. No mesmo período de comparação, a participação do Brasil recuou de 58% a 46%, enquanto a China subiu de 12% a 20%. "O que o Brasil perde, a China soma", ilustrou Ovando.

Eletrodomésticos - No caso dos eletrodomésticos, de maneira geral, o Brasil foi o mais prejudicado, atesta o analista. Em 2008, o país importava US$ 896 milhões, quantia que baixou a US$ 470 milhões em 2013. A participação do Brasil, que era de 31%, baixou a 23%, enquanto a chinesa se manteve estável em 38,5%. "Neste setor, as barreiras fomentaram a importação de peças e componentes para a montagem na Zona Franca de Tierra Del Fuego, e a China saiu ganhando porque é mais competitiva e agressiva na exportação destes itens", comentou.

A importação de componentes para a zona franca atingiu a cifra de US$ 12 bilhões no ano passado, quase o mesmo volume requerido pelo setor energético. "Para o país não é negócio porque está dando incentivos fiscais para montar celulares, aparelhos de TV e outros, sob o argumento de substituição de importações, mas as peças são todas de fora".

Ovando também ressaltou as vantagens da China sobre o Brasil no comercio total de bens com a Argentina. "Em 2013, o intercâmbio total bilateral entre Argentina e Brasil teve saldo favorável brasileiro de US$ 3,621 bilhões contra um saldo positivo da China de US$ 5,567 bilhões", disse ele. No último mês, enquanto o saldo comercial do Brasil com a Argentina foi de US$ 363 milhões, o da China atingiu US$ 900 milhões.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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