Com atraso, Panasonic faz lava-roupas

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Com quase um ano de atraso, a japonesa Panasonic deu início à produção de máquinas de lavar no Brasil. O primeiro lote de produtos começa a sair da fábrica hoje. A fabricação está sendo feita na unidade da companhia na cidade mineira de Extrema, que foi construída em 2012 com um investimento de R$ 200 milhões. Lá já são produzidos cinco modelos de refrigeradores da marca.

Quando anunciou seus planos para a fábrica em Extrema, a Panasonic tinha colocado como meta iniciar a produção de máquinas de lavar em abril do ano passado. Depois, o prazo foi adiado para o fim do ano. Por fim, a produção teve início em janeiro.

De acordo com Hirotaka Murakami, diretor-presidente da Panasonic no Brasil, os adiamentos foram resultado de dois fatores. Primeiramente, a fabricante quis se concentrar mais no desenvolvimento do negócio de geladeiras, que começaram a ser fabricadas localmente assim que a unidade de Extrema foi inaugurada. Além disso, houve dificuldade para importar parte do maquinário usado na fabricação das máquinas de lavar. "O Brasil tem muitos riscos", disse Murakami ao Valor.

A princípio, a Panasonic vai fabricar no Brasil duas máquinas, capazes de lavar 16 kg de roupa. Os modelos serão os de maior capacidade do mercado - hoje os produtos lavam até 15 kg. "São 16 kg com 'corpinho' de 14kg", brincou Sergei Epof, gerente geral de produtos de linha branca da fabricante. "Afinal, as casas não estão aumentando de tamanho", completou.

A estratégia de trazer um produto com uma configuração que não existe no varejo foi adotada, segundo Murakami, para não competir diretamente com as líderes do mercado, a americana Whirlpool (dona das marcas Brastemp e Consul) e a sueca Electrolux. "Entrar nesse segmento é um desafio agressivo, não dá para trazer um produto igual ao que já existe. Queremos nos diferenciar." Outra característica que a empresa quer destacar no país é a dos motores que consomem menos energia.

O executivo vê um mercado importante a explorar no Brasil em máquinas de lavar, já que quase metade dos lares não tem esse eletrodoméstico. "No Norte e no Nordeste, o uso é ainda menor, cerca de 25%", disse Murakami. Por ano, são vendidas 6 milhões de máquinas de lavar no país, incluindo equipamentos do tipo tanquinho.

Segundo Epof, as máquinas da Panasonic foram desenvolvidas no Japão especialmente para o mercado brasileiro, um processo que levou dois anos para ser concluído. Os produtos, que têm preço sugerido de R$ 1,7 mil e R$ 1,9 mil, vão substituir dois modelos de 12 kg e 14 kg que a companhia importava desde agosto de 2011. "Fizemos um teste de mercado para estabelecer a marca e criar uma base de venda. O resultado foi muito bom", disse Murakami.

Apesar de iniciar suas atividades focada no segmento de preços mais elevados, o executivo afirmou que o objetivo da Panasonic é ampliar a linha e adicionar produtos mais baratos em um período de até três anos. Ele, afirmou, no entanto, que a companhia não tem pressa para conquistar espaço no mercado. "Sabemos que vai levar tempo para estabelecer a marca", disse. Além de geladeiras e máquinas de lavar, o portfólio de linha branca da Panasonic conta ainda com fornos de micro-ondas, produzidos na fábrica de Manaus.

Para promover sua linha, a Panasonic vai continuar a usar como garota-propaganda a apresentadora Fernanda Lima. A expectativa é que ela comece a aparecer muito mais do que o jogador Neymar, que promove a marca na área de áudio e vídeo. Isso porque a Panasonic pretende investir mais no marketing da linha branca. A prioridade dos gastos, que até o ano passado estava em produtos de áudio e vídeo, com cerca de 70% do total, vai ser direcionada para a linha branca. De acordo com Renata Assis, gerente de comunicação da companhia, 60% dos recursos serão aplicados nessa área.

O reforço faz parte do plano estratégico da Panasonic de mudar a forma como é conhecida no mercado. Hoje, a marca está muito atrelada aos produtos para os consumidores, especialmente as TVs. Nos últimos três anos, no entanto, esse segmento vem trazendo problemas para as fabricantes. Com margens cada vez mais apertadas, os fabricantes têm revisto suas estratégias. A Philips saiu do setor de TVs, passando os negócios na área para a taiwanesa TP Vision. A Sony anunciou recentemente que pretende separar a área de TVs em uma unidade independente.

Na Panasonic a estratégia é investir na venda de produtos para empresas, o B2B - que inclui itens como câmeras de vídeo profissionais, sistemas de segurança, computadores e tablets que resistem a condições extremas de frio, calor e poeira - e a linha branca. De acordo com Murakami, a operação na área de B2B terá um grande impulso no Brasil por conta da Olimpíada de 2016. Patrocinadora do evento, a fabricante também quer equipar estádios e ginásios com sua como câmeras de segurança e telões de alta definição.



Veículo: Valor Econômico


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