Na China, Alibaba vende US$ 5,7 bi em um dia

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Na China, 11 de novembro ou 11.11, é conhecido como "dia dos solteiros", um tipo de "dia dos namorados" usado para celebrar a vida sem parceiro fixo. Mas em vez de ir à internet em busca de amor, jovens consumidores chineses agora pesquisam a web em busca do que o dinheiro pode comprar - tranformando o dia dos solteiros num dia nacional de terapia de varejo on-line.

Os varejistas aderiram, oferecendo grandes descontos em tudo - de leite em pó para bebês a BMWs -, e por isso o evento deste ano é forte candidato a ocupar o posto de maior faturamento de compras on-line no mundo.

Aproveitar o "dia dos solteiros" como uma oportunidade para clicar pechinchas foi um hábito popularizado em grande parte pelo Alibaba Group, companhia que controla 80% do mercado chinês de comércio eletrônico e que no ano passado vendeu mais mercadorias do que as americanas eBay e Amazon juntas.

No "dia dos solteiros" do ano passado, somente os sites do Alibaba movimentaram mais de US$ 3 bilhões em valor de transações - mais do que o dobro do faturamento registrado pela Cyber Monday, a segunda-feira depois do Dia de Ação de Graças, nos Estados Unidos [onde varejistas também oferecem produtos com grandes descontos na internet].Neste ano, a gerência geral de logística do Alibaba disse que preparava-se para despachar mais de 100 milhões de pacotes - foram 78 milhões no ano passado.

Alibaba esperava vender o equivalente a US$ 4,9 bilhões ontem, em seus sites - as vendas às 13h haviam chegado a US$ 3 bilhões e à meia noite, informou a empresa, somaram a US$ 5,7 bilhões. O "dia dos solteiros" mostra a escala do Alibaba Group, comandado pelo executivo Jonathan Lu.

Mas à medida que a companhia avança no processo para fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO), que deverá lhe assegurar uma capitalização de mercado de cerca de US$ 65 bilhões (ver nesta página), percebe-se o aumento da concorrência e os desafios que Alibaba está enfrentando.

As compras dos chineses na internet ainda são, principalmente, feitas no modelo "consumidor para consumidor", semelhante a fazer compras no eBay em seus primeiros dias. Esse é um mercado que a Alibaba domina por meio de seu site Taobao, cuja participação de mercado é de 90%.

Mas da mesma forma que o comércio eletrônico no Ocidente mudou de perfil - de vendas entre pessoas físicas para vendas feitas por empresas (B2C, na sigla em inglês) -, as varejistas chinesas de internet também estão em ascensão, e competindo com a Alibaba em descontos.

Uma pesquisa da corretora CLSA revelou que quatro em cada cinco consumidores chineses têm aumentado a proporção de compras feitas em plataformas B2C ao longo dos últimos dois anos, o que sugere uma mudança na Taobao.

No mercado B2C, o site, também da Alibaba, Tmall [vende marcas internacionais como Gap, Nike e Esteé Lauder, entre outras], tem uma participação de mercado de 50%, mas outros varejistas estão crescendo à sua sombra.A 360 Buy, conhecida como Jingdong, é a concorrente mais próxima da Tmall, com uma participação de mercado de 20% na China e planeja sua própria abertura de capital (IPO) para breve.

Há previsões de concorrência ainda mais acirrada, à medida que companhias investem para conquistar uma presença maior. Paul McKenzie, analista da CLSA, diz que somente a Tmall e dois de seus concorrentes são lucrativos, o que sugere que as empresas B2C, e os investidores que lhes dão apoio, consideram mais importante conquistar usuários e fatias de mercado, nesta fase, do que gerar lucros.

A escala da Alibaba e de seu serviço Alipay, semelhante ao PayPal, lhe dá uma vantagem natural sobre alguns concorrentes. "É difícil dizer não à Tmall, há milhões de clientes lá todos os dias", diz Tony Chen, da GroupM Interaction.

Longa Wong, ex-diretor da Amazon na China, estima que à medida que concorrência e prejuízos cobram seu preço, "algumas empresas de menor porte sairão do cenário". Para investidores em potencial na Alibaba, porém, a questão é quanta fatia de mercado a companhia poderá perder.

Outro desafio é a transição dos compradores via internet, que antes compravam usando computadores de mesa e laptops e agora usam smartphones e tablets. Um quinto dos consumidores chineses agora faz compras com seus smartphones e cerca de metade de todos os consumidores diz acreditar que esse número vai crescer, segundo pesquisa da CLSA.

Nessa área, o grupo Tencent - maior grupo chinês na internet, avaliada em US$ 100 bilhões no mercado, e terceira maior empresa de comércio eletrônico na China, é o maior rival da Alibaba. Como esta, a Tencent tem sua própria rede de pagamentos. Mas quase todos os usuários chineses de internet já se cadastraram tanto em seu serviço de mensagens instantâneas QQ ou em seu aplicativo WeChat, de bate-papo, que tem mais de 200 milhões de usuários ativos mensais. Nos últimos meses, a Tencent começou a incluir recursos de comércio eletrônico e de pagamentos ao WeChat, permitindo ao usuário comprar produtos a partir do aplicativo de bate-papo.

A Alibaba reagiu. Proibiu que vendedores na Taobao usem o WeChat para conversar com os compradores e comprou 18% do microblog Sina Weibo, com o objetivo de usar a rede social para direcionar tráfego a seus próprios sites. Para o "dia dos solteiros", a Alibaba ampliou a banda de tráfego para aumentar a capacidade de atendimento de sua plataforma móvel.

Mas os consumidores têm muitas alternativas. Quase todos os rivais ofereceram entrega gratuita ou descontos de até 80% durante vários dias antes do 11.11.



Veículo: Valor Econômico


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