Família Dilly volta ao setor de calçados com Diadora

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Oito anos após a fusão com a fabricante de calçados Clássico, de Santa Catarina, que resultou no grupo Dass, a Dilly, de Novo Hamburgo (RS), está voltando ao mercado, desta vez como licenciada da marca italiana Diadora no Brasil. Agora com o nome Dilly Sports, a empresa começa a produzir em janeiro em Brejo Santo, no semiárido do Ceará, mas neste mês apresenta em uma feira setorial no Rio Grande do Sul os primeiros modelos de tênis, meias e mochilas que chegarão ao varejo em março.

A nova operação representa também o retorno ao setor calçadista da família que fundou a indústria gaúcha em 1965, já que os Dilly cumpriram uma quarentena de 30 meses negociada na venda da participação que detinham na Dass, em outubro de 2010. Para voltar às origens os fundadores ainda tiveram que recomprar os direitos de uso comercial da marca Dilly, incorporada pela ex-parceira na fusão realizada em 2005.

Segundo o diretor comercial e administrativo Alessandro Dilly, a família decidiu abrir a nova empresa motivada pela tradição de quatro décadas no setor e pelos contatos iniciados no fim de 2012 com a Diadora, que buscava um parceiro após três anos afastada do país. O contrato de licenciamento da marca, que pertence à italiana Geox, é válido por dez anos.

Aos 42 anos, Alessandro é filho do fundador da "primeira" Dilly, José Dacilo Dilly, de 67 anos, e dirige a nova empresa junto com irmão Fabiano, de 39 anos, encarregado da área industrial. O patriarca está afastado do dia a dia, mas participa ativamente das decisões estratégicas em relação aos negócios familiares, incluindo uma incorporadora desvinculada da operação calçadista.

Segundo Alessandro, o investimento em Brejo Santo será de R$ 80 milhões até o fim de 2016, quando a capacidade instalada atingirá 3 milhões de pares por ano. O valor inclui as instalações físicas cedidas pelo governo cearense como parte de um pacote de incentivos composto por dez anos de isenção de ICMS, além de equipamentos adquiridos com recursos próprios da família e financiamentos.

A sede da empresa, com as áreas administrativa, comercial e de pesquisa e desenvolvimento, permanecerá em Novo Hamburgo, núcleo do polo calçadista gaúcho. "A cabeça está no Rio Grande do Sul e o corpo, no Nordeste", comentou Alessandro. O número de funcionários ficará entre 350 e 400 no ano que vem e alcançará 2,5 mil em 2016, sendo 90% no Ceará.

Em janeiro a produção vai começar em um pavilhão provisório e o primeiro módulo do futuro prédio ficará pronto entre julho e agosto de 2014, com capacidade de 1 milhão de pares por ano. A produção dos tênis Diadora, porém, só deve alcançar esse volume no terceiro ano de operação.

Conforme o gestor de vendas e marketing da marca, Milton de Souza, os acessórios como as mochilas serão importados da China por intermédio da controlada DY China, enquanto as confecções serão fabricadas por fornecedores no Brasil. O objetivo é colocar os produtos da Diadora em 3 mil lojistas multimarcas num prazo de três a cinco anos e reforçar as vendas com uma estratégia de marketing que inclui patrocínios a atletas e eventos esportivos.

No primeiro ano de operação a estimativa da Dilly Sports é vender entre 350 mil e 400 mil pares de tênis e atingir um faturamento de R$ 30 milhões. Para 2016, a previsão é chegar a 1 milhão de pares anuais e a uma receita entre R$ 75 milhões e R$ 80 milhões, sendo 85% a 90% com a venda de calçados e o restante proveniente das linhas de acessórios e confecções.

As cifras são relativamente modestas se comparadas aos R$ 300 milhões que a Dilly faturava e aos 3 milhões de pares anuais que produzia 2005, quando houve a fusão com a Clássico. Mas os planos não param por aí. Alessandro conta que o contrato com a Diadora não impede novas parcerias com marcas não concorrentes. para "encher" a fábrica de Brejo Santo.

"Já temos algumas tratativas em andamento", disse o empresário. No futuro, ele espera assumir o licenciamento da marca italiana para outros mercados da América do Sul. No Brasil, a produção de tênis iniciará com 50% de componentes nacionais e 50% importados, mas a meta é chegar a cerca de 90% de nacionalização em cinco anos.

Quando foi fundada, a Dilly produzia apenas calçados femininos em couro com marca própria para o mercado interno. Na época da fusão, a empresa tinha 4 mil funcionários e sete plantas no Rio Grande do Sul e no Nordeste, incluindo o Ceará, que fabricavam tênis da linha própria TryOn e também para a Nike e a Fila, além de pequenos volumes de calçados femininos, aí somente para exportação e com marca de terceiros.

A união com a Clássico e a formação da Dass ocorreu porque os dois sócios de José Dacilo Dilly decidiram vender suas participações para a empresa catarinense. Cinco anos depois, em 2010, os Dilly também saíram do negócio, quando o grupo tinha 10 mil funcionários e 14 fábricas no Brasil e na Argentina, produzia mais de 8 milhões de pares de tênis por ano e faturava R$ 700 milhões anuais.

A saída foi motivada pelas diferenças entre as visões estratégicas dos sócios para o negócio, mas isso não impediu um acordo amigável para a venda da participação da família. "A empresa vinha obtendo bons resultados e aproveitamos o valor atraente", lembrou Alessandro. "Acredito que saímos no momento certo", completou.



Veículo: Valor Econômico


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