Norte do Paraná avança em cultivo de produtos hortifrúti

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A região do Paraná conhecida como Norte Pioneiro, que abrange 27 municípios na divisa com o estado de São Paulo e é tradicional no cultivo de café, caminha para aumentar sua produção de alimentos hortifrutigranjeiros e se tornar um novo polo nacional da atividade. No ano passado, a região foi responsável por quase um quinto (19%) de toda a produção hortifrúti paranaense e por mais de um quarto (27%) do valor bruto de produção de hortifrutis no estado.

A pequena cidade de Bandeirantes, de 44,6 mil hectares, tem liderado o avanço da região e conta com mais de mil estufas para o cultivo protegido de hortaliças, número cinco vezes maior do que o existente há quatro anos no município. O número representa quase um terço das estufas que o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) registrou na região do Norte Pioneiro há um ano.

Um dos últimos agricultores a engrossar a estatística de Bandeirantes é o aposentado Antonio Langrafe, que decidiu abandonar 10 anos de produção de leite e, há três meses, investiu R$ 20 mil apenas na instalação de duas estufas em sua propriedade de 24 hectares para produzir pepino japonês e tomate. Segundo o produtor, ele já conseguiu uma renda de R$ 5 mil nas últimas duas semanas colhendo apenas 120 caixas de pepino. A receita é maior do que a obtida com a produção láctea, de aproximadamente R$ 3,6 mil por mês - e com custos maiores.

Langrafe, que também preside a Associação Hortifruti Bandeirantes, diz que outros ex-produtores de leite da região também estão seguindo seu exemplo.

Por conta do desponte na produção e de sua localização, Bandeirantes pode se tornar o próximo centro de distribuição de hortifrutis no Paraná.

O governo estadual encomendou um estudo de R$ 80 mil para levantar em dois meses a viabilidade para instalar um centro de operações na cidade, que garantiria o abastecimento não só dos principais centros comerciais parananenses, como Londrina e Curitiba, como também São Paulo, principal mercado consumidor das hortaliças e frutas do estado.

"O governo quer ordenar essa produção tendo em vista a localização estratégica", explica Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Agrícola (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab).

O centro também pretende atender às exigências de qualidade por parte dos supermercados e dos próprios consumidores finais. Andrade diz que o local deverá obedecer a regras de refrigeração e conservação para se adequar também a exigências de redes como o McDonald's, ao qual alguns produtores de Londrina já trabalham associados.

Perspectiva


Diferente do caso de Langrafe, a migração de uma cultura para a a produção de hortifrutis não costuma ser regra. Segundo o gerente regional da Emater do Norte Pioneiro, Mauricio Castro Alves, o aumento da produção de hortifruti é decorrente de uma busca do produtor paranaense por diversificação, e não fruto do abandono de outras culturas.

O engenheiro agrônomo do Deral para o café, Paulo Franzini, diz que a estimativa de que os cafeicultores erradiquem 20% da área com o grão na próxima semana por causa do prejuízo com as geadas deste inverno abrem a possibilidade para um avanço da olericultura (cultivo de hortaliças). Ele ressalta, porém, que o primeiro cultivo que substituirá o café é a soja, que começa a ser plantada na próxima semana, e que só em 2014 os produtores podem optar pela olericultura.

As culturas que mais têm se destacado no Norte Pioneiro são morango, maracujá, uva, goiaba, beterraba, mandioca, alface e outras folhosas. Segundo Maurício Alves, da Emater, o governo também pretende introduzir o cultivo de abacaxi na região.

A demanda por hortaliças também é fortemente puxada pelo "mercado institucional" - sinônimo para as compras dos governos para a merenda escolar.

Para algumas culturas, como no das hortaliças fora de estufas, o investimento é acessível a pequenos proprietários. "Existe a tendência do pequeno agricultor achar nesse mercado de hortifruti um grande espaço para crescer porque é uma atividade que remunera melhor o produtor", explica o gerente da Emater.



Veículo: DCI


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