Importação de trigo será taxada em 10%

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O governo não prorrogará a medida que garantia isenção no imposto de importação de trigo, afirmou Luiz Claudio Carmona, técnico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ao DCI. O objetivo, segundo Carmona, é proteger os produtores nacionais, que estão sendo prejudicados pelo frio deste inverno e deverão colher bem menos cereal neste ano na comparação com 2012, apesar dos preços estarem altos.

A isenção foi estabelecida em 1º de abril e prorrogada em agosto para até 10 de setembro, data em que se inicia a colheita do trigo no País, principalmente no Paraná, e valia para uma cota de 2,3 milhões de toneladas. Depois dessa data, todo trigo estrangeiro que entrar em solo brasileiro será taxado em 10%.

Para os moinhos do Sul e do Sudeste do País, o trigo ainda será taxado em 25% pela marinha mercante.

"Como teve quebra de safra, apesar do preço elevado, a renda dos produtores vai cair bastante porque a produção vai ser menor. Para preservar a renda do produtor, o ministério [da Agricultura] foi contra que se aumentasse a cota e que se permitisse a isenção da tarifa depois de iniciada a colheita do trigo nacional", detalhou Carmona.

A determinação, porém, não é definitiva. Segundo o técnico, uma nova isenção temporária do imposto deve voltar a ser discutida após o fim da colheita do trigo nacional, em novembro. "Vamos ver se a produção nacional vai ser comercializada, se o preço ainda estará muito alto, como o câmbio vai estar, e se vai ter restrição das exportações argentinas para cá."

A postura já era esperada por parte do setor produtivo. Lawrence Pih, presidente do Moinhos Pacífico, de São Paulo, prevê aumento nos custos da indústria moageira, já que as tarifas se unem aos preços, que têm atingido recorde com a escassez de trigo no mercado.

O preço do trigo no mercado interno tem atingido recordes históricos. O cereal comercializado no Paraná fechou a última terça-feira, 3, cotado a R$ 981,57 a tonelada. Um ano atrás, o valor era de R$ 599,36 - diferença de 39%.

Há a possibilidade de redução nos preços atuais com a entrada de maior volume da safra paranaense, que começou a ser colhida em agosto mas, até o momento, avançou apenas 3%, com volume de 40 mil toneladas no oeste do estado, segundo o técnico responsável pela cultura do trigo no Departamento de Economia Rural (Deral) local, Hugo Godinho.

Porém, mesmo o avanço da colheita não garantirá o bom abastecimento dos moinhos. Com as sucessivas geadas em julho e a última geada de final de agosto no oeste do Paraná, a qualidade do trigo que vem sendo colhida na região está muito abaixo do nível exigido pela indústria. Enquanto a exigência é de 78 quilogramas por 100 litros, o trigo colhido até agora tem no máximo 72 quilogramas por 100 litros.

Segundo Pih, os primeiros volumes colhidos e entregues aos moinhos tinham qualidade tão baixa que a farinha produzida a partir deles não é recomendada para alimentação humana.

EUA ganham espaço

No cenário de escassez de trigo no mercado interno, os Estados Unidos estão galgando posições no comércio com o Brasil. Entre o ano passado e este, o país passou de quarto para o segundo maior fornecedor do cereal para o mercado brasileiro.

No primeiro semestre deste ano, o Brasil importou 436 mil toneladas dos Estados Unidos, um volume 53 vezes maior do que o importado no ano passado, quando as compras de trigo norte-americano somaram 8 mil toneladas. Com o volume deste semestre, os Estados Unidos superaram os tradicionais parceiros brasileiros do Mercosul, Paraguai e Uruguai, no fornecimento do cereal ao País.

Os triticultores do Paraguai também foram afetados neste ano com as frentes frias e devem exportar no máximo 200 mil toneladas, ante uma previsão anterior de 600 mil toneladas. A safra uruguaia, por sua vez, não foi afetada, mas tem volume para abastecer os moinhos brasileiros por apenas um mês, de acordo com previsão de Pih.



Veículo: DCI


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