Crescem os lançamentos de brinquedos

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A concorrência acirrada, os importados e a mudança de comportamento das crianças na era digital fazem com que os produtores nacionais de brinquedos aumentem os esforços e invistam cada vez mais em inovação. Ao longo deste ano, serão lançados 1,75 mil brinquedos, 5,5% a mais do que em 2012, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).

"O investimento médio das empresas em inovação e criação é de 5% do faturamento bruto", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da associação. Nos últimos cinco anos, chegaram ao mercado, em média, 1,1 mil brinquedos novos ao ano. A evolução se reflete nas prateleiras das lojas e no e-commerce, avalia Mario Honorato, diretor de marketing da Ri Happy, rede líder do varejo de brinquedos com 127 lojas e outras 66 unidades da marca PB Kids. A Estrela inovou ao lançar uma linha retrô, sendo que um dos destaques é o Genius, jogo de memória que fez sucesso nos anos 80. A Grow, diz Honorato, lançou recentemente bonecos que dançam e cantam como os palhaços Patati Patatá com mecanismos desenvolvidos internamente.

Contudo, esse movimento não é exclusivo das grandes empresas. As pequenas e médias (PMEs) do setor têm se estruturado no quesito inovação de forma mais profissionalizada. Considerada de médio porte, a Long Jump, na cidade de São Paulo, atua no mercado há 15 anos e possui mais de 400 itens na sua linha entre eletrônicos, bonecas, skates e pelúcias. "A inovação hoje é ainda mais importante porque as crianças têm acesso à internet, telefones celulares e tablets com diversas opções de entretenimento", diz Vagner Lefort, sócio da empresa. Segundo ele, o grande impulso da companhia foi em 2006 na área de pelúcias, quando a Long Jump reduziu as importações e passou a contar com produção própria. Hoje, 60% do faturamento da empresa é proveniente pelúcias, sendo 90% nacionais.

O empresário destaca que tem sido possível produzir com preços competitivos e as importações causavam problemas de fluxo de caixa. Era preciso comprar dos fornecedores internacionais com no mínimo três meses de antecedência e manter estoques elevados, gerando risco maior para o negócio. Hoje, os investimentos continuam. "No próximo ano, vamos adquirir uma máquina de corte a laser, o que permitirá dimensionar melhor a produção e evitar a perda de tecidos", afirma.

O equipamento será importado da Itália com linha de financiamento do BNDES. A Long Jump destina ao ano cerca de 5% do faturamento em inovação seja em tecnologias, novas modelagens de produtos e tecidos. No entanto, uma parcela importante é para a aquisição de licenciamentos internacionais como personagens da Disney ou nacionais - por exemplo, Meu Amigãozão, Macakids e Bob Zoom.

Para Vagner Lefort, o Brasil está despertando para a questão dos licenciamentos. "Cada vez mais encontramos boas empresas criadoras de conteúdo que estão qualificadas para o desenvolvimento de licenças nacionais, inclusive estou apostando em algumas", afirma. Além disso, 7% do resultado das vendas é aplicado em marketing. "Por ano, realizamos 160 lançamentos, sem contar os sortimentos", afirma. A Long Jump se prepara para lançar uma marca própria, anuncia o empresário. Está em desenvolvimento a FofoLab - Laboratório de Fofuras, composta por linhas de bichinhos de pelúcia.

O segmento de brinquedos é parecido com o de moda. Ele responde ao fenômeno de comportamentos temporários, explica Guilherme Pañella, sócio da Toyster, outra média fabricante de brinquedos, com sede em Osasco, na Grande São Paulo. "É preciso se adequar às novas ondas, aos novos gostos dos consumidores", diz. A Toyster conta com sete linhas de negócios que envolvem blocos de montar, kits para atividades artísticas como pintura e escultura, jogos de tabuleiro e quebra-cabeças destinados a variadas faixas etárias. No total são 300 produtos, sendo que há renovação de um terço do portfólio a cada ano. "Os licenciamentos se renovam com muita velocidade. É um fator importantíssimo para as empresas", considera. A empresa busca estudos de mercado e visitas a feiras internacionais de brinquedos como a de Nuremberg na Alemanha e a de Hong Kong, além da feira de licenciamentos de Las Vegas (EUA). Entretanto, a compra de um licenciamento não é a garantia plena de sucesso. Conforme o executivo é necessário avaliar quais personagens vão "pegar" entre as crianças e os melhores tipos de aplicações. Pañella enfatiza ainda que os produtos considerados tradicionais podem ganhar nova roupagem. "O quebra-cabeças é um jogo clássico, mas buscamos trazer formatos diferentes, novas técnicas de impressão e materiais", diz. A Toyster tem investido entre 5% a 10% das receitas no desenvolvimento novos produtos.



Veículo: Valor Econômico


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