Analistas projetam vendas do varejo em alta no semestre

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A perda de fôlego da inflação observada nos últimos meses deve ajudar o setor de supermercados e garantir um resultado positivo para o varejo restrito no fechamento do primeiro semestre, segundo economistas. Após estabilidade do volume de vendas nesse conceito na medição anterior, a média de 14 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data aponta para alta de 0,7% na passagem de maio para junho, feito o ajuste sazonal.

As estimativas para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de queda de 0,2% a expansão de 1,6% no dado mensal. Para o varejo ampliado - que inclui, além dos oito segmentos analisados no restrito, os ramos de automóveis e material de construção - nove analistas projetam avanço de 0,9% no período, em linha com o aumento nos licenciamentos em junho indicado pela Fenabrave, entidade que reúne as revendas de veículos do país.

O cenário para o consumo, no entanto, ainda é considerado menos promissor em 2013 do que nos anos anteriores. Com desaquecimento do mercado de trabalho, confiança do consumidor em queda e crescimento mais fraco do crédito, a expectativa é que o varejo continue a apresentar números mais modestos nos próximos meses.

A partir de dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Mariana Hauer, do banco ABC Brasil, calcula que as vendas reais do setor subiram 1,6% entre maio e junho, já descontadas as influências sazonais. Esse, diz Mariana, será o principal impacto na alta de 0,9% projetada para o varejo restrito na mesma comparação, já que o segmento de supermercados representa cerca de metade da PMC, sem considerar automóveis e material de construção.

Nas demais atividades pesquisadas pelo IBGE, como os subgrupos de tecidos, vestuário e calçados e móveis e eletrodomésticos, a economista do ABC acredita que pode haver contração das vendas. Como sinal desse movimento, ela menciona o Indicador de Atividade do Comércio medido pela Serasa Experian, que mostrou movimento menor dos consumidores nas lojas desses dois segmentos em junho ante maio. Mariana ainda acrescenta que as manifestações populares também podem ter prejudicado o comércio de rua naquele mês.

"Houve uma mudança de mix do consumo, o que não significa que as pessoas estejam comprando mais", diz Paulo Neves, da LCA Consultores, que estima aumento de 0,9% das vendas restritas na passagem mensal. Diante da inflação mais alta no começo do ano, Neves observa que os consumidores passaram a optar por produtos mais baratos, escolha que deve perder espaço à medida que os
preços cedam. A perspectiva para a demanda por outros bens fora do setor de supermercados, porém, segue pouco animadora, afirma o economista.

Em sua opinião, a piora do humor dos consumidores, detectada em diversos índices de confiança, é reflexo da desaceleração dos fundamentos do emprego e também de condições mais restritas para a tomada de crédito. Nesse ambiente, avalia Neves, é pouco provável que as famílias façam novas dívidas e aumentem o consumo de bens supérfluos. "O que está acontecendo no mercado de trabalho deixa os consumidores mais receosos", diz.

Para Guilherme Maia, da Votorantim Corretora, o maior comprometimento da renda mensal das famílias - de 21,4% em maio, último dado disponível do Banco Central - é outro fator que impede uma expansão mais robusta do consumo este ano, mesmo com as altas de 1,2% e 1,6% previstas para o comércio restrito e ampliado, respectivamente, entre maio e junho. Segundo o economista, não existe um cenário de recessão da demanda, nem de colapso da confiança dos consumidores, mas todos os determinantes do comércio apontam para crescimento menor em 2013.

No segundo semestre, a expectativa de Maia é que o varejo restrito e o ampliado tenham evolução parecida, já que, de acordo com ele, não há motivos para prever que as vendas de veículos continuarão fortes daqui em diante. "Há muitos estoques de bens duráveis se formando e acredito que eles não vão se desfazer", disse.



Veículo: Valor Econômico


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