Argentina suspende venda de trigo para o Brasil

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Com os fatores climáticos desfavoráveis ao plantio de trigo e consequente redução na área plantada, o governo argentino suspendeu as exportações do produto, temendo o desabastecimento interno. Na ponta do lápis, o Brasil é o maior sofredor, já que importa anualmente da Argentina 4,5 milhões de toneladas do grão, o que representa 80% das exportações argentinas. Na opinião dos especialistas do setor, a melhor estratégia para combater o problema é buscar outros mercados, ainda que com preço mais caro, o que pode afetar o valor de pães e massas. De janeiro até junho, o preço do pão de sal subiu 5,56%, segundo pesquisa do site Mercado Mineiro.

Para que não falte parte dos 10,5 milhões de toneladas de trigo necessárias para o abastecimento do país por ano, segundo dados do Ministério da Agricultura, o governo precisa investir em políticas de incentivo para o plantio do grão em solo nacional, dizem os analistas. O Brasil importa o produto também do Paraguai, Uruguai e Canadá.

A suspensão das exportações do trigo argentino já era esperada pelo mercado, segundo o presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo do Estado de Minas Gerais, Lincoln Fernandes. De acordo com ele, o movimento é normal, já que o período é de entressafra. “Eles suspendem a exportação para avaliar o estoque real do país. Depois analisam a sobra e retomam o comércio externo”, explicou. Ainda de acordo com Fernandes, os preços para o consumidor variam de acordo com o estoque mundial, mas o mercado brasileiro permanece estável. “Embora este seja um ano atípico, com escassez, o país já tomou atitude de buscar o trigo americano, canadense e o do Leste europeu. Com isso o fluxo normal de trigo já está estabelecido”, garantiu.

Entressafra Cláudia de Mori, economista da Embrapa, acredita que tanto no Brasil quanto em outros países o período é crítico com preços altos devido a entressafra e estoques pequenos. Mas para ela, isso não deve se refletir no bolso do consumidor. “A grande maioria das empresas sabem desse movimento e fazem seus estoques, as compras nunca são para amanhã, o estoque é para até 6 meses, há uma programação”, garantiu. No entanto, ela afirmou que o país pode sofrer com a ausência do trigo argentino pelo fato de o governo vizinho controlar a demanda interna dando ou não permissões de exportação. “Além disso, a tributação da exportação fica retida e essa taxa tem aumentado, fazendo com que os produtores fiquem desestimulados.”

Ela destacou ainda que o impacto dos problemas causados pelo clima gerou uma queda na colheita na Argentina, de 14 milhões de toneladas para 9 milhões. “Lembrando que o consumo dos argentinos é de 6,5 milhões”, ressaltou. Cláudia diz que as expectativas de uma nova safra, embora apresentem um desenho positivo, ainda são de incertezas. “Olhando para a frente, aumentamos a área de plantio, no mundo, de 215 milhões de hectares para 223 milhões, crescimento de 2% a 3%, e as expectativas são de 695 milhões de toneladas para a safra 2013/2014”, previu.

Já na opinião do agrônomo Ataídes Jacobsen, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o desabastecimento de trigo está descartado, mas os preços do grão e de seus derivados devem subir ainda mais. “Caso o governo entenda que a insenção dos impostos, que hoje é 10%, são importante, os efeitos colaterais da inflação podem ser amenizados, mas não descartados”, afirmou.



Veículo: Estado de Minas




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